Você tem dívidas? Aprenda primeiro o que é débito e crédito
Autor: Vera Cristina Rocha*Precisamos entender a diferença entre consumo, consumismo e oneomania, já que são todos conceitos diferentes. Claro, devemos lembrar que o consumo é algo necessário, afinal vivemos em uma sociedade de consumo, em um sistema capitalista.
Todos precisamos consumir para sobreviver, mas existem meios que fomentam o consumidor a consumir. O marketing é a prova disso. Ele estuda formas de conquistar o consumidor. A internet é um caso à parte. Pesquise algo de curiosidade ou para um amigo e pronto, irão chover ofertas sobre o produto; os algoritmos são implacáveis.
O consumismo deve ser combatido, pois ele induz o consumidor a comprar algo que não precisa ou é exagerado, além de prejudicar o meio ambiente porque o produto não será utilizado pela sua vida útil.
A aneomania deve ser tratada. É uma doença em que as pessoas apresentam compulsão pela compra, ou seja, têm o vício em comprar. Uma enfermidade que prejudica a vida financeira e pessoal de qualquer um, podendo atingir pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais.
Culturalmente não somos ensinados a guardar o dinheiro e depois adquirir um produto. Na verdade, a maioria dos brasileiros olha o valor da parcela — e se ela cabe no bolso —, mas não reparam no valor final do produto.
De acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a capital paulista apresentou em outubro de 2021 um total de 71,3% de lares endividados, batendo um novo recorde com 2,84 milhões de endividados na capital, sendo essa a 11ª elevação consecutiva no número de endividados na capital.
A educação financeira, mesmo não sendo uma unanimidade em todos os setores, é sim, na minha opinião, algo imprescindível na educação de jovens e adultos. Precisamos entender minimamente como organizar as finanças no futuro. Lembro que essa não é apenas uma questão de ter uma renda baixa, já que os números não fecham no Brasil: temos endividados em todas as classes sociais, o que apenas reforça minha opinião de que o que falta é EDUCAÇÃO.
Temos que aprender débito e crédito – muitos contadores irão afirmar que é algo tão simples -, mas que muitos não compreendem. Poderíamos restringir o oferecimento de cartões de crédito é uma chuva de e-mails que apresentam normalmente grandes oportunidades, mas na verdade não passam de pequenas armadilhas para iludir a pessoa menos informada.
Com conhecimento, podemos distribuir os gastos. Poupar para ter um futuro mais seguro faz parte da educação financeira que infelizmente não temos no Brasil. E com a chegada do Natal, do décimo terceiro salário e das festas de ano novo, os mais empolgados irão se esquecer das contas do início do ano e iniciar mais um ciclo de 365 dias no vermelho.
* Vera Cristina Scheller Dos Santos Rocha é licenciada em geografia e especialista em gerenciamento de recursos ambientais e em educação ambiental, professora da Área de Geociências da Uninter.
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