Você já pensou em ouvir semiótica?
Talita Santos – Estagiária de Jornalismo
Unir reality show com semiótica, dois assuntos tão diferentes, foi um dos desafios de Fernando Torres Andacht no livro “El reality show: una perspectiva analítica de la televisión”. Professor titular do departamento de Comunicação, Teoria e Metodologia, da Universidad de la República, do Uruguai, e professor de pós-graduação em Comunicação e Linguagens, ele dividiu todo o seu conhecimento e dificuldades de realizar a obra durante uma entrevista para a rádio da Uninter.
O assunto foi tão enriquecedor que se transformou em um artigo publicado na Revista Uninter de Comunicação (RUC), uma das sete publicações científicas da Uninter. Doutorando em Comunicação e professor da instituição, Jefferson Ferro foi o responsável por organizar e realizar o artigo, baseado na entrevista. Leia aqui o artigo completo.
De acordo com o texto de Jefferson Ferro, uma das principais dificuldades de falar sobre semiótica em veículos de comunicação como o rádio, por exemplo, é explicar de forma interessante e didática sobre o assunto. Ou seja, ‘’adaptar a linguagem técnica do pesquisador para algo acessível ao público de rádio’’, segundo Andacht.
O trabalho fala sobre o desenvolvimento do conceito index appeal, que explica como os reality show se destacaram na mídia. O autor faz uma análise sobre alguns programas deste segmento, como o Big Brother Brasil. Uma das justificativas para o sucesso destas atrações são as mudanças que eles se proporcionam, isso faz com que seja possível criar vários programas semelhantes, como o MasterChef, por exemplo. Além disso, as pessoas são atraídas pela ideia de que aquilo que assistem é o que acontece cotidianamente. ‘’Trata-se de um tipo de performance especial, a de encenar o real’’, explica Andacht.
Outro conceito que também é desenvolvido pelo autor é o melocrônica (melodrama+crônica), que seria explicado como os ‘’momentos de forte emoção’’. A entrevista também fala do telespectador e de como adquiriu novos hábitos que não deixam de ser semióticos. Através das análises que fazem ao assistir os reality, verificam expressões e gestos dos participantes do programa e assim o espectador se utiliza de signos e índices básicos que o auxiliam a saber quem está mentindo ou não no jogo televisivo.
Edição: Mauri König