Uninter realiza seminário sobre importância e experiência dos povos indígenas

Autor: Natália Schultz Jucoski – Assistente de Comunicação Acadêmica

A Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas (ESEHL) da Uninter promoveu o seminário “O índio de 1500 e o indígena do Século XXI: Desconstruções e Preposições para avançar”. Realizado nos dias 28, 29 e 30 de novembro, a abertura do evento no auditório do campus Garcez, em Curitiba (PR). Nas outras noites, as palestras foram transmitidas via canal da ESEHL, no YouTube.

Dia 1

Na abertura, o momento cultural que ficou por conta do grupo musical indígena formado por três acadêmicos indígenas do povo Ticuna, da Universidade Federal da Fronteira Sul. A primeira mesa de discussões da noite foi mediada pelo professor André Luiz Cavazzani, da área de línguas e sociedade da Uninter, e contou com a presença da professora Karine da Costa Santos, de origem indígena do Amazonas. Com a palestra intitulada “População indígena: um povo que existe e resiste há 523 anos”, a professora Karina destacou a imagem errônea que foi feita desta população ao longo da história.

“Nas crônicas, vamos perceber que o indígena era citado quando ele era voltado ao discurso, a narrativa para a sua imagem de ser nu, a pessoa sem roupa. Era aí que ele ganhava destaque, nu, sem fé, selvagem, subumano, animalesco. Todo esse imaginário é o que constrói a semântica da palavra índio”, aponta a professora. Ela se atentou ao fato de o termo “índio” ser atribuído pelos colonizadores, não de origem dos povos indígenas.

A segunda palestra ficou por conta de Mauro Leno Silvestrin, cientista social, mestre em antropologia, indigenista especializado na FUNAI desde 2012. Com o tema “Estado e política indigenista FUNAI”, ele fez um compilado da história dos indígenas destacando o território de ocupação indígena no Brasil ao longo dos anos, comparando terra e população. Outro ponto importante colocado na palestra foi sobre como o governo vem lidando ao longo dos anos com a questão da ocupação e vivência dos povos originários, que seguem sendo a população que mais sofre.

“O Estado, seja ele imperial, colonial ou não, seja na república, é o maior violador das populações indígenas do Brasil”, reforça Mauro.

A noite de abertura teve a presença do vice-reitor da Uninter, Jorge Bernardi, da diretora da ESEHL, Dinamara Machado, e da coordenadora da área de línguas e sociedade, Valéria Pilão.

Para conferir o primeiro dia completo do seminário, clique aqui.

Dia 2

A professora Gisley Monteiro mediou o segundo dia do seminário. O professor Edilson Baniwa, do Instituto Federal do Amazonas, foi um dos convidados. A palestra “A co-oficialização das línguas indígenas como valorização da diversidade cultural” teve o objetivo de compartilhar mais das línguas indígenas e como isso ajuda na valorização da diversidade linguística e cultural do Brasil. “Um povo faz a sua cultura ficar viva e poder ocupar espaços na sociedade que se diz ‘civilizada’ quando suas linguagens estão se reproduzindo sendo respeitado e valorizado”, diz o professor Edilson.

Intitulada de “A crise climática e a urgente necessidade da proteção dos biomas e de todas as vidas”, o professor Tiago Tristão Arteiro, do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, falou sobre a exploração da natureza que afeta também os povos indígenas. O ser humano precisa aprender a conviver com a diversidade e com a biodiversidade para que o indígena de hoje seja reconhecido e sobretudo respeitado. “Nós precisamos parar e escutar quem tem outras visões de mundo, quem tem outra cultura, quem já estava aqui antes de nós”, ressalta Tiago.

Para conferir a palestra completa do segundo dia do seminário, clique aqui.

Dia 3

O último dia do seminário foi mediado pela professora Valéria Pilão, com participação das professoras Fernanda Vieira (Universidade do Estado de Minas Gerais) e da doutoranda Márcia Wayna Kambeba (Universidade Federal do Pará).

Fernanda trouxe em sua palestra uma reflexão sobre como a literatura e a educação podem ser aliadas ao reflorestamento e ao elo entre as aldeias e as cidades. Ela destaca que as literaturas indígenas são os indígenas falando por si mesmo e que a literatura carrega uma potência e capacidade de auxiliar na construção de um mundo que seja mais real. Fernanda aponta que a história não contempla a memória histórica dos indígenas, muita coisa foi apagada e escondida, por isso a importância dos registros literários.

“A literatura serve como construção de memória social, como construção de história, serve como ferramenta para preencher a ruptura histórica causada pela colonização”, explica.

Para fechar a última noite do seminário, a palestra “Um pé na cidade e outro no território: estratégias indígenas para a visibilidade e a efetivação dos direitos conquistados”, de Márcia, que também é ativista indígena, foi apresentada. Ela falou como é para uma pessoa indígena morar em uma cidade grande, de suas lutas para ocupar espaços na sociedade. “Viver na cidade não tira de nós o direito de ser quem somos, porque a identidade é intrínseca ao ser humano. Não existe uma cara de ‘índia’ nem de ‘índio’, existe uma identidade que nos torna pertencente ao povo”, finaliza.

Para conferir a palestra completa do último dia do seminário, clique aqui.

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Autor: Natália Schultz Jucoski – Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Arthur Salles – Assistente de Comunicação Acadêmica


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