Uninter promove Simpósio Étnico-Racial para seus docentes

Autor: Sandy Lylia da Silva – Estagiária de Jornalismo

Ações denominadas como políticas afirmativas ganham cada vez mais projeção em nosso país, visto a necessidade do olhar para a pluralidade cultural brasileira. Essa preocupação tomou ainda maior dimensão devido à globalização avançada. A luta pelo reconhecimento das nações indígenas, a questão do racismo e o agravamento das desigualdades fomentam reivindicações étnicas e de identidades em espaços diversos.

 

Reforçando a importância desta temática, a Escola Superior de Educação da Uninter (ESE) promoveu aos docentes da casa, o Simpósio Intercultural para o Estudo das Relações Étnico-Raciais, Africana, Afro-Brasileira e Indígena. O evento promoveu mesas-redondas com debates entre pesquisadores e profissionais acadêmicos convidados.

 

A ação, idealizada pela diretora da ESE, Dinamara Machado, faz parte do Projeto de Formação Continuada Uninter, e ocorreu entre os dias 19 e 21 de outubro no auditório do prédio Garcez. Além disso, o evento faz parte do material de estudo da própria disciplina de Estudo das Relações Étnico-Raciais para o Ensino de Cultura e História Africana, Afro-brasileira e Indígena, que é ofertada aos acadêmicos de todos os cursos da instituição, atendendo à legislação educacional.

 

“Poder participar de um Simpósio como esse, que teve como foco fomentar discussões e reflexões sobre as temáticas culturais, étnicas e raciais, que estão estruturadas em nossa sociedade, e que nos tornam cidadãos do e no mundo, aceitos pelas nossas diferenças, e inclusos como parte significativa no processo de desenvolvimento global, indubitavelmente foi um privilégio, e um enorme aprendizado”, diz a professora da disciplina de Estudo das Relações Étnico Racial para o Ensino de Cultura e História Africana, Afro-brasileira e Indígena  da Uninter, Thiana Maria Becker, uma das organizadoras do evento.

 

Segundo ela, é primordial o debate de temas relacionados ao racismo e às contribuições dos povos originários, formadores do povo brasileiro, compreendendo através de outras percepções, que não as usuais eurocêntricas, todo o processo de lutas, colonização, e busca pela igualdade. “Tudo muda na velocidade da luz e nossos saberes devem acompanhar essa velocidade para que possamos formar para muito além de apenas acadêmicos, cidadãos que possam mudar a realidade social através do conhecimento. Desta forma buscamos uma ‘cura’ para esse epistemicídio que está enraigado na sociedade brasileira”, afirma Thiana.

 

Contribuindo com a fala de abertura da última manhã do evento, a coordenadora do curso de Bacharelado em Psicanálise da Uninter, Giseli Cipriano Rodacoski,  falou em nome da Escola Superior de Saúde Única da Uninter (ESSU), sobre o conceito ampliado de saúde, que vai além da ausência de doenças físicas, e o do entendimento do bem estar biopsicossocial, contemplando hoje em dia a concepção de saúde única como a indissociabilidade da saúde do ser humano, dos animais e do meio ambiente.

 

“Por ainda vivermos em um país com relações sociais violentas de racismo, machismo e opressão, considero o simpósio como um produtor de saúde mental” reflete a professora.

 

Em uma sociedade na qual o racismo está presente de forma estrutural, não basta não ser racista. É preciso ter postura anti-racista para romper padrões. Como explica Giseli, hoje determinados grupos vivem uma sensação constante de insegurança: “Pessoas negras têm que viver em constante estado de alerta para não serem ofendidas e violentadas. Da mesma forma  que indígenas e imigrantes, que pela sua cor são classificados como hierarquicamente superiores ou inferiores para a oferta de oportunidades de inserção social. Há uma atitude generalizada de imposição implícita de regras para a convivência social que são passadas de geração a geração, perpetuando a violência social. Precisamos muito falar sobre estas regras de conduta que assimilamos dos nossos antepassados, para ressignificá-las antes de passarmos adiante aos nossos filhos e alunos”, destaca.

 

O evento discutiu de forma ampla a disparidade dos direitos coletivos relacionados à cidadania multicultural brasileira, reunindo colaboradores para diálogo e reflexão sobre toda essa temática étnico-racial na formação acadêmica e seus desdobramentos na atuação profissional.

 

As mesas redondas trouxeram debates sobre teorias e práticas etnocidas sobre os povos indígenas no Brasil; branqueamento no Brasil e as teorias higienistas: a instituição do racismo na sociedade brasileira; o mito da democracia; políticas de ações afirmativas; legislação educacional brasileira; diversidade étnica no Brasil: diferentes expressões de desigualdades étnico-racial no Brasil e, finalizando o evento, a discussão sobre questões étnico-raciais e indígenas na escola.

 

O simpósio está disponível na íntegra pelo Ava Univirtus, acessando a aba anteriores.

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Autor: Sandy Lylia da Silva – Estagiária de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Sandy Lylia da Silva


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