Uma investigação sobre a fotografia jornalística na estética do preto e branco

Autor: Milene Souza - Estagiária de Jornalismo

A fotografia é muito mais do que um mero registro dos fatos, pois está carregada de histórias e sentimentos. Através dela, é possível viajar nas lembranças e até mesmo registrar os grandes acontecimentos da vida, e por isso ela é de suma importância para o jornalismo e para a sociedade. Dentro da linguagem jornalística, se destacam as fotografias em preto e branco, marcadas pela expressividade e profundidade de sentimentos.

O artigo O potencial da experiência aurática em fotografias preto e branco, publicado na Revista Uninter de Comunicação por Marcia Boroski, professora dos cursos de comunicação da Uninter, aborda como a fotografia em preto e branco pode proporcionar a “experiência aurática”. O estudo foi feito por meio de uma discussão teórica sobre o assunto. A autora escolheu analisar as fotografias em preto e branco que foram finalistas do prêmio Word Press Photo.

O conjunto foi composto por fotos dos anos de 2010 a 2020. Segundo Boroski, a seleção das fotos teve como critério destacar aquelas que fossem representativas da “experiência aurática”, um conceito do filósofo alemão Walter Bejnamin (1892-1940), que entendia a aura do objeto artístico “como a capacidade de uma aparição única de uma coisa em um tempo-espaço distantes”, explica a autora.

Boroski destaca no conjunto de fotos analisadas o efeito de presença, que é afetado por meio dos sentidos, por meio da presença de um objeto ou sujeito, ou por virtualidades atualizadas em memórias. Esse efeito é manifestado através do jogo de luz e sombra característico nas imagens em preto e branco. “A fotografia em preto e branco (p&b) é, ao mesmo tempo, expressão do passado e do presente do jornalismo: revela-se ainda hoje nas capas e páginas de jornais e revistas, figura em sites e aplicativos e em livros frutos de projetos jornalísticos e/ou documentais”, afirma a autora.

Boroski explica que “a experiência aurática proporcionada pela fotografia p&b atua a partir da dialética da distância, por meio da qual, ao mesmo tempo em que algo está distante, também está próximo. Assim, é possível perceber que vivemos, através de várias obras e fotografias, uma experiência aurática de dupla distância.” Essa experiência pode ser compreendida a partir da estética, que ressalta as sensações produzidas no contato com o objeto.

A autora conclui que existem algumas características técnicas que devem ser consideradas na leitura e percepção de um fotografia em preto e branco, como ‘’a  maior evidência de formas, texturas, padrões, bem como das nuances da luz (do claro e do escuro)”. Ela ainda ressalta que por se tratar de uma linguagem visual, a leitura dos constituintes é feita por completo, ou seja, não se pode ler apenas a cor, ou as pessoas, ou as formas, ou os contrastes, ainda que determinados constituintes possam ser empregados de forma destacada, estrategicamente ou ao acaso.

Estudiosa da fotografia, Boroski publicou recentemente o livro Fotojornalismo – técnicas e linguagens, pela Editora Intersaberes.

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Autor: Milene Souza - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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