Um sonho de jornalismo que nunca envelheceu

Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - assistente de comunicação acadêmica

Eva sempre teve uma ligação muito forte com o jornalismo, pelo próprio hábito de se informar e utilizá-lo como ferramenta de ensino em sala de aula. Com 20 anos de serviços prestados à educação pública como professora de química, Eva de Fátima Costa Bravo, de 66 anos, nutriu durante toda sua carreira na docência uma particular afeição pela área da comunicação. Ao se aposentar, decidiu que era hora de acordar aquele sonho adormecido. Foi então que, em 2017, resolveu se inscrever no curso de Jornalismo da Uninter, no qual foi muito bem recebida.

Filha de mãe solo, em virtude de seu pai ter falecido quando ainda era criança, Eva carrega o exemplo e a coragem da mãe, que, sozinha com cinco filhos, migrou de São Paulo para Curitiba. Revisitando as memórias, Eva resgata uma que lhe foi fundamental no seu compromisso com a educação. “Minha mãe queria que os filhos tivessem oportunidades, que pudessem estudar e ter um futuro. Por isso, viemos para esta cidade. Naquela época, viajamos sem nada, com minha mãe quase analfabeta”, conta.

As dificuldades da família instigaram Eva desde cedo a buscar pelo conhecimento, como uma forma de mudar sua realidade social. E assim, ingressou na PUC-PR, se formando no curso de Bacharelado em Química. Especializou-se em química e educação, e logo seguiu para a área da docência, profissão à qual dedicou a maior parte da vida. Não por acaso, ser professora foi a primeira escolha e uma missão que ela abraçou com amor e comprometimento. “Sempre gostei muito de ensinar e isso foi sendo natural na minha vida. Eu me dediquei com muito amor à profissão”, relata.

Durante seus anos como professora, Eva sempre se empenhou na defesa de uma educação pública de qualidade, e em uma prática docente diferenciada. “Enfrentava quem fosse para defender meus alunos e buscar melhorias para as escolas em que atuei.  Fazia esse papel de ir atrás, falar das necessidades com quem pudesse ajudar”, recorda.

Foi essa inquietação com os problemas sociais que ela via diariamente nas instituições de ensino em que trabalhou, e a vontade de mudar as coisas a sua volta, que acendia ainda mais em Eva a vontade de cursar jornalismo. “Eu dava aula com paixão, era meu compromisso com a sociedade, até porque tudo começa pela educação”, destaca.

E, ao longo de sua trajetória, ela foi reconhecendo o papel fundamental do jornalismo na educação, na atuação desse profissional como porta voz da sociedade, algo que Eva sempre fez nos anos de dedicação ao ensino público. Por causa disso, foi se apegando ainda mais à ideia de se aprofundar na área, cursando jornalismo.

Um sonho que virou realidade   

Após duas décadas de compromisso com a educação, Eva se aposentou. E em suas caminhadas por Curitiba, resolveu ir até um polo da Uninter. Não pensou duas vezes e se inscreveu no curso que tanto desejava. E assim iniciou seus estudos com muitas expectativas. A trajetória de Eva no centro universitário foi marcada por dedicação e envolvimento nas atividades desenvolvidas em sala de aula.

Comunicativa e movida por desafios, sua passagem não passou despercebida pelos colegas e professores do curso de Jornalismo. Sempre elogiada, ela foi notícia em sites de comunicação da Uninter por suas produções acadêmicas, além de também ter atuado como colaboradora de um dos veículos de comunicação mais acessados da instituição, o site Uninter Notícias, gerenciado pela Central de Notícias Uninter, um serviço prestado que ela muito se orgulha de ter colaborado.

“Começaram a descobrir talentos em mim aqui na Uninter que ninguém tinha descoberto. Eles começaram a me incentivar e divulgar meus trabalhos produzidos em sala de aula”, relata. Entre os trabalhos de maior destaque, está o videodocumentário  O estilo e a cor na arte perpetuando gerações, uma produção dela e dos colegas Ana Paula de Oliveira e Victor Corradini. A produção conta a história do pintor Eurico Ikoma, filho do artista Tadashi Ikoma, que seguiu o mesmo dom do pai, se expressando através da arte.

Quando perguntada sobre suas maiores referências no curso de Jornalismo, Eva não exclui ninguém. “Todos os meus professores foram fundamentais na minha formação”, afirma. Sobre o que define melhor a Uninter, ela destaca a cultura humanizada no trato com os estudantes e o próprio sistema de ensino, que identifica talentos e trabalha neles durante a formação acadêmica.

A esse diferencial dos profissionais, a egressa define como “garimpeiros de tesouros”, paráfrase de um dos livros do psiquiatra e professor brasileiro Augusto Cury, a quem Eva recorre para elaborar uma definição mais curta do quadro docente da Uninter. O acolhimento e olhar atento desses profissionais que Eva tanto ressalta, foi fundamental para ela em um dos momentos mais dolorosos de sua vida, a perda precoce do filho.

“Passei por uma imensa adversidade, das maiores lágrimas que derramei e das mais intensas. Eu estava na Uninter quando aconteceu, e era muito acolhida. Era naquele momento, a força que eu precisava em meio a todas as coisas que estava enfrentando”, relembra. Mesmo com a perda, ela continuou firme nos estudos e chegou à etapa final de uma de suas maiores realizações pessoais. Com determinação e perseverança, finalizou a disciplina de conclusão de curso, em que desenvolveu a pesquisa que rendeu a ela o título de bacharel em jornalismo.

Em seu trabalho, ela recorre ao papel do jornalismo como principal aliado da educação e defende a necessidade de aproximação entre ambos. Para isso, faz uso do Jornalismo de Educação, descrito pelo autor Basílio Alberto Sartor em sua tese de doutorado, “A noção de interesse público no jornalismo”, como “prática que aborda a educação em todas as modalidades e níveis de ensino, conduzindo pautas educacionais, seguindo às demandas da sociedade”, conceitua o autor.

Eva fez um recorte de 19 reportagens nacionais do site G1, portal de notícias do Grupo Globo, entre os dias 1º de janeiro de 2024 e 14 de abril de 2024. Os resultados da análise nessas reportagens revelam que o G1 apresentou temas da atualidade e critérios de interesse público. Também houve uma variedade no quesito fontes, mas com prevalência das fontes oficiais (políticos, representantes do governo e empresas). Para Eva, isso torna frágil o processo de produção noticiosa, pela ausência dos atores essenciais do interior das escolas, ou seja, a equipe pedagógica, essencial na manutenção do sistema educacional brasileiro.

“A ausência dessas fontes torna visível a fragilidade entre imprensa, escola e sociedade, tendo em vista que um dos papéis fundamentais da escola é desenvolver o senso crítico necessário para o exercício da cidadania”, destacou a profissional em seu trabalho de conclusão. Em defesa de sua pesquisa, Eva argumenta sobre a continuidade em pesquisas sobre Jornalismo de Educação e o interesse dos jornalistas pela cobertura educacional. Também destaca a importância do papel do jornalista na disseminação de informações à população e ao governo, que precisa saber da realidade do interior das escolas.

O jornalista é um “catalisador de transformação social e, por meio dele, é possível transformarmos a sociedade, começando pela educação”. Por conta dessa definição, Eva entende que carrega um compromisso consigo e com a sociedade. Por meio de sua pesquisa e de trabalhos futuros, pretende contribuir socialmente. “Minha essência fala muito de amor, de gratidão e compromisso social. Eu acredito que o que recebemos do universo, temos que devolver. Eu recebi amor e acolhimento da Uninter, agora tenho que honrar isso”, afirma.

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Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - assistente de comunicação acadêmica
Edição: Mauri König


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