Um encontro para discutir como tornar as cidades um lugar melhor

Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo

O espaço urbano é mutante e pede uma observação constante de suas necessidades. Quem pode auxiliar a sociedade na organização das demandas dos seus habitantes? Os profissionais da administração pública se colocam como agentes dessa reformulação.

As políticas urbanas foram o tema central da primeira noite da 2ª Semana do Administrador Público. A professora Manon Garcia, coordenadora dos cursos de Gestão Pública e Administração Pública começou a noite explicando a importância da administração pública para a sociedade e trouxe vários convidados para a mesa-redonda, que foi transmitida ao vivo pelo Univirtus.

A abertura do evento contou com a participação do vice-reitor da Uninter, Jorge Bernardi, e da diretora da Escola Jurídica, professora Débora Veneral. Para Débora, é preciso aproveitar a tecnologia para que, mesmo distantes, possamos continuar aprendendo.

“Vivemos um momento desafiador. Não há no mundo quem não possa tirar alguma lição do que estamos passando. Esse evento vem para pensar o que será o mundo da administração pública no pós-pandemia. Refletir sobre práticas e atos que poderão não fazer mais sentido, rever conceitos. Aprendizado. É o que a Uninter traz para você que está assistindo”.

Jorge Bernardi mostrou que tem uma relação de longa data com o curso de Gestão Pública. Em 2004, ele participou diretamente da sua implementação. “Sempre olho para a Escola Jurídica com carinho. Os alunos são nosso maior patrimônio. Por volta de 2003, procurei o professor Wilson Picler [fundador e chanceler da Uninter], ele estava começando a inserção da Uninter nos cursos de graduação no ensino superior. Propus: Vamos fazer um curso para capacitar os vereadores. Eu era presidente da União dos Vereadores do Paraná na época, e ele se entusiasmou com a ideia”.

Não é preciso ser nenhum especialista para saber o final dessa história, que mostra o sucesso da instituição e do curso de Gestão Pública. “Mais de 25 mil estudantes de Gestão Pública passaram pelo Enade e no ano passado a melhor nota de Gestão Pública do Brasil foi de um aluno Uninter”, pontua Bernardi.

O vice-reitor aproveitou o momento para destacar o tamanho da Uninter e seu alcance internacional. “Atendemos mais de 280 mil alunos, estamos presentes em 700 cidades no Brasil e EUA, formamos 500 mil alunos no ensino superior. Temos 97 cursos superiores à distância comercializados, 220 cursos de pós-graduação lato sensu, 2 mestrados e 1 doutorado. Nota 4 no IGC (nota máxima é 5), que é o Índice Geral de Cursos, ou seja, a soma de todos os desempenhos dos cursos”. Bernardi finalizou sua fala reforçando a importância do Estado na administração pública, citando como exemplo as atuações do SUS e da polícia.

A cidade é um organismo vivo

A mesa-redonda teve como mediador o professor Hélio Rubens Godoy Lechinewski, presidente da Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Uninter, que contextualizou historicamente o movimento de urbanização do Brasil com o êxodo rural ocorrido na segunda metade do século 20 no país. Explicou que graças a essa explosão demográfica nos grandes centros, as transformações do espaço nem sempre foram benéficas.

“Existem gargalos em relação à moradia e transporte, criminalidade. A cidade, que deveria ser um ambiente de harmonia, favorecimento do bem comum, passa a viver em precariedade. Muitas vezes a gente tem a cidade como um fenômeno distante, estático. É preciso pensar nela com contexto histórico, como fruto da ação das pessoas”. O professor finaliza sua fala deixando uma questão no ar: “Se a cidade é dinâmica, a quem cabe pensar a cidade senão ao administrador público? É necessária comunhão com quem tem vontade de colaborar”.

A professora convidada Maria Carolina Maziviero, coordenadora do Laboratório de Habitação e Urbanismo da UFPR, continuou o debate situando a atual utilização do espaço urbano como um campo de disputa de projetos para a sociedade. “A cidade não é só pano de fundo. Ela é o objeto de disputa. O espaço público, que é por definição um espaço de conflito, de forças antagônicas, está esvaziado por causa da pandemia. A pandemia é o reflexo de uma crise econômica, política, ambiental, mas de novo, é uma crise urbana também. As questões fundamentais dessa crise se rebatem no território, na distribuição desigual de riquezas, que causa insegurança na cidade”.

Segundo Maria Carolina, para solucionar essa problemática é preciso assumir outras formas de mediação, arranjos institucionais flexíveis e adaptáveis e fortalecer o poder local. Construir um desenho institucional que venha de baixo para cima, pois as camadas mais humildes da população já lidam com a reformulação do seu espaço urbano todos os dias e, normalmente, sem a participação do poder público.

Outro professor convidado foi Gerson Luiz Buczenko, que convidou os presentes a repensar a gestão pública. “A pandemia nos colocará em uma outra perspectiva de gestão. O trânsito sai como fator de estresse, mas novos estresses chegam, como por exemplo a diluição do espaço de trabalho e de casa. Ficou tudo junto. Ficar em casa impactou a vida de todos. Nos deixa estressados. Por aqui é falado: ‘Fique em casa se puder’. Mas por que se puder? Porque existem pessoas que trabalham no serviço essencial. Essas pessoas não podem ficar em casa para que a maioria possa fazer o isolamento social”, pondera o professor, contextualizando a pandemia e o estresse dos cidadãos.

Buczenko explica que novas formas de uso das ruas estão sendo implementadas pelo mundo todo. Bogotá (Colômbia), Milão (Itália) e Berlin (Alemanha) foram algumas cidades citadas como exemplo de aumento de ciclovias e diminuição do espaço dos veículos nas ruas. “O espaço do veículo será repensado. E terá que ser feito de forma rápida, pois a pandemia vai nos cobrar inovação e mudança. Valorizar a condição do pedestre, do ciclista e do transporte público”, finaliza.

A professora Giselle Luzia Dziura, coordenadora da pós-graduação em arquitetura da Uninter, finalizou a mesa-redonda elencando os principais itens que uma cidade deve ter para poder promover uma integração sinérgica, que ela definiu como um modelo de governança no qual todos os setores da sociedade fazem sua parte em prol da melhoria da cidade.

“Com certeza sem as pessoas não temos a cidade. A pandemia veio nos mostrar que sim, as pessoas fazem parte da cidade. Capital humano, coesão social, economia, gestão pública, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano, divulgação internacional, tecnologia. As cidades inteligentes devem integrar todos esses elementos”, explica.

A professora demonstrou a importância que a tecnologia terá no manejo das cidades. Usar a conectividade a favor das estratégias de políticas públicas para implantação desse modelo de integração sinérgica das cidades será necessário. “Independentemente do tamanho e localidade, há uma dificuldade para todos. O aspecto social nos mostra isso, todos temos que pensar na questão do meio ambiente e saúde. Devemos pensar no outro, inclusive no aspecto econômico porque precisamos sobreviver. As pessoas precisam se conectar de alguma maneira”, comenta.

No final da noite, a professora Manon Garcia fechou o encontro pedindo para os participantes mandarem seus vídeos mostrando ações desenvolvidas na sua cidade envolvendo administração pública. “Mandem seus vídeos para a coordenação, na sexta-feira à noite fecharemos a semana mostrando cases de sucesso em políticas públicas”.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: WikimediaCommons


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *