Um alerta importante sobre cianobactérias
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismoNo início deste ano, um fenômeno chamou a atenção de biólogos na cidade do Rio de Janeiro. A coloração esverdeada das águas do sistema lagunar da Barra da Tijuca revelou um quadro de proliferação de cianobactérias na região.
A imagem surpreendeu moradores que residem às margens das lagoas da Tijuca e do Camorim, que foram alertados para uma maior probabilidade de problemas de saúde após o contato com aquelas águas, que podem desaguar no mar.
Mas, quais seriam as causas desse fenômeno? O mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e professor da Uninter Augusto Lima da Silveira participou do programa Saúde em Foco para falar um pouco mais sobre as cianobactérias.
Comandado pela jornalista Barbara Carvalho, o programa exibido no dia 23 de agosto também contou com a presença do técnico administrativo da Uninter Andrew Silva Alfaro, que coordenou as interações entre Augusto e os espectadores.
As cianobactérias são micro-organismos capazes de habitar diversos ambientes hídricos. Elas se desenvolvem através do acúmulo de nutrientes nos corpos hídricos (esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos), induzindo ao processo de eutrofização da água, ou seja, processo de poluição que leva aos baixos níveis de oxigênio na água.
Segundo Augusto Lima da Silveira, a presença de cianobactérias em ambientes hídricos é causada pelo desequilíbrio ambiental causado pelo ser humano. “O principal problema é que hoje não estamos conseguindo controlar as nossas emissões de esgoto, fertilizantes”, afirma.
A presença das cianobactérias pode ocasionar odor e sabor desagradáveis na água potável e liberar metabólicos altamente tóxicos chamados cianotoxinas. Mesmo após todos os cuidados, os seres humanos ficam expostos a cianotoxinas mesmo com o tratamento da água tratada.
“Apesar dos tratamentos de água convencionais que são realizados, uma pequena concentração ainda vai permanecer”, diz Augusto.
As neurotoxinas liberadas por essas bactérias têm ação rápida, que vão de minutos a poucas horas e agem na transmissão dos impulsos, podendo até mesmo causar a morte por paralisia respiratória.
Augusto Lima relembra a “Tragédia da Hemodiálise”, em que 60 pacientes morreram por causa de uma intoxicação após realizarem hemodiálises no município de Caruaru (PE).
A causa apontada pela Secretária Estadual de Saúde foi hepatite tóxica causada pela contaminação da água usada no processo de hemodiálise, provavelmente por cianotoxinas. Após o ocorrido, ninguém assumiu a responsabilidade pela água que foi apontada como a causa das mortes.
“Ainda não sabemos quais são os efeitos a longo prazo das toxinas no organismo. O nosso organismo tem a capacidade de se defender delas, mas só até um certo limite”, alerta Augusto.
Confira o programa Saúde em foco na integra exibido em 23 de agosto pela Rádio Uninter.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski