Tratamentos terapêuticos ganham relevância durante a pandemia
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoAs Práticas Integrativas e Complementares (PICS) são recursos importantes nos tratamentos de saúde, e durante a pandemia vêm sendo mais valorizadas e procuradas pela população brasileira. Seus benefícios são estudados há muitas décadas, mas desde 2006 estas terapias são oferecidas através do Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser encontradas nas unidades básicas.
“É uma vitória, porque a gente sabe que ter consultórios e poder pagar para fazer uma prática integrativa não é todos que podem. Mas no SUS é um direito de todos e um dever do Estado”, afirma o professor Vinícius Bednarczuk de Oliveira, coordenador dos cursos de Farmácia e Práticas Integrativas e Complementares da Uninter.
O Plano Nacional das Práticas Integrativas Complementares (PNPIC) foi iniciado com apenas cinco práticas, mas hoje já estão disponíveis 29 delas, como meditação, yoga, reiki, aromaterapia, terapia de florais, constelação familiar e muitas outras. Nem todas as unidades básicas de saúde (UBS) contam com esses recursos – a inclusão desse serviço se dá através de articulações com a população, gestores do setor de saúde e autoridades dos municípios.
A situação de isolamento social produziu um aumento nos índices de transtornos mentais e emocionais, ocasionando ansiedade, pânico ou até mesmo sintomas físicos somados por todos esses sentimentos. Portanto, as pessoas estão em busca de recursos que as ajudem a passar por esse processo de uma maneira mais tranquila e saudável.
“A maioria das práticas integrativas tiveram bastante relevância nesse período da pandemia, e isso é ótimo. Quanto mais informação, quanto mais pessoas sentem esse interesse de estudar, divulgar e pesquisar as práticas, melhor para toda a comunidade”, conta a terapeuta holística Talita Camargo.
Apesar da proibição de aglomerações e da necessidade de se manter em isolamento, Talita explica que a realização de muitos desses tratamentos pode ser feita a distância. Esse é o caso do Reiki. “Você pode fazer na presença da pessoa ou você pode enviar esse reiki em um determinado horário combinado com a pessoa. A partir do nível dois, o terapeuta já consegue fazer esse envio e esse tratamento a distância”.
Os métodos que fazem parte das práticas integrativas são eficazes não apenas na prevenção de doenças, atuam no emocional da pessoa e ajudam a fortalecer o sistema imunológico.
“Em muitas doenças a gente sabe que há a real necessidade da utilização de substância no tratamento farmacológico, principalmente doenças crônicas. A prática integrativa vem como uma forma de colaborar com o tratamento, às vezes até minimizando os efeitos colaterais que esses medicamentos podem trazer”, pontua Vinícius.
Como funciona a aromaterapia
A aromaterapia é uma técnica de mais de cinco mil anos que utiliza a inalação do aroma de óleos essenciais para estimular diferentes partes do cérebro. Cada um dos óleos é indicado de acordo com as necessidades do indivíduo.
“Leva dois segundos após a inalação para o óleo essencial chegar nas nossas células, então é muito rápida a atuação. E a aromaterapia vai desenvolvendo novos caminhos emocionais, promovendo ao longo do tempo da utilização uma maior sensação de calma, tranquilidade, relaxamento, discernimento da situação”, explica Talita.
Uma das plantas que ficou mais famosa nesta prática e que é utilizada até hoje é a lavanda, que possui diferentes variedades. Segundo a terapeuta, esta pode ser chamada de “a planta da pandemia”, devido ao conforto emocional e o relaxamento muscular que ela gera no indivíduo. Assim como o óleo de melaleuca, que “vem trazer entendimento para a situação atual”.
O professor Vinícius atenta para o fato de que existem diferentes qualidades de óleos essenciais e nem todos vão garantir eficácia com o uso. Um óleo essencial com melhor qualidade, que seja realmente puro, tem um custo mais alto, mas apenas ele vai atuar no organismo de forma efetiva e colaborar com as questões observadas pela pessoa e pelo profissional.
“O aroma do ambiente vai mudar? Com certeza. Mas a gente espera que a aromaterapia alcance o nosso sistema límbico e atue nas nossas emoções”, ressalta.
Apesar de ser uma técnica natural, é importante que o indivíduo se consulte com um profissional especializado da área, que poderá fazer uma indicação correta. Talita afirma que é preciso realmente estudar o indivíduo e ver se não há nenhuma contraindicação.
A importância da ciência
Muitos grupos questionam as práticas integrativas. Segundo Vinícius, muitos bons artigos sobre sua eficácia são de origem oriental e estão em línguas de pouco acesso no ocidente, como línguas faladas na China e na Índia, que são os locais de origem de determinadas práticas. Outro fator que leva a essa descrença é que ainda não há tecnologia capaz de avaliar aspectos da física quântica, área que está começando a ser explorada. Ainda assim, as pesquisas e estudos divulgados sobre os benefícios destes tratamentos crescem cada vez mais.
“Isso é muito importante, porque traz embasamento técnico. Não que eu precise se embasamento técnico para praticar, mas as nossas autoridades e agências regulatórias precisam, porque eles trabalham com dados. E hoje a gente sabe que os dados são tão importantes como dados quantitativos, números, mas dados qualitativos também, avaliar aquela pessoa no relato dela sobre o que melhorou”, aponta o profissional.
Talita destaca que a relevância e valorização científica da área de saúde cresceu como um todo nesse período de pandemia, um contexto que insere toda a comunidade e não mais apenas grupos restritos. “As pessoas começaram a entender o quanto demora para se produzir uma vacina, o quanto demora para se estudar um remédio específico para uma doença, o quanto demora entender a origem. Foi bem relevante para a comunidade, para a sociedade em geral, que se abriu para isso”.
A terapeuta ainda acrescenta que tratamentos alternativos não substituem a medicina convencional, e ambas as práticas devem caminhar juntas, em um diálogo conjunto entre os profissionais, visando sempre o bem-estar do paciente, interagente ou cliente.
Vinícius e Talita falaram acerca do assunto em uma live da 1ª Maratona de Saúde da Uninter sobre o Uso das práticas integrativas e complementares na saúde física, mental e emocional, que aconteceu no dia 21.ago.2020. O bate-papo foi mediado pela professora Patrícia Rondon Gallina, da Escola Superior de Saúde da Uninter. A transmissão continua disponível para os interessados, na página do Facebook Maratonas para desenvolvimento sustentável Uninter.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro