The Rocky Horror Picture Show – Um ícone trash atemporal
Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismoLondres, 1973. Uma revolução musical acontecia. E foi do som do tabu sendo quebrado que nasceu um dos grandes destaques dessa época, Rocky Horror Picture Show.
Inicialmente lançado como um musical, o espetáculo surgiu como uma homenagem aos filmes de terror e ficção científica das décadas de 40 até 70. O sucesso foi estrondoso, resultando em adaptações no mundo todo, inclusive no Brasil com Wolf Maya no elenco. Posteriormente, em 1975, ganhou sua versão cinematográfica.
No entanto, o filme não foi um sucesso logo de cara. Nas linguagens de hoje foi um “floop”, ou seja, não caiu no gosto do público. Pelo contrário, sua bilheteria foi baixa e os críticos não tiveram pena. Foi apenas com o passar dos anos e suas exibições como Midnight Movie nos Estados Unidos que ele passou a ter popularidade.
Os Midnight Movies, ou filme da meia-noite, são filmes cults ou filmes B apresentados à meia-noite, como algo alternativo e fora do padrão. Essa cultura teve início nos Estados Unidos com estações de televisão locais e obras de baixo orçamento.
O filme conquistou seu espaço como cult e já está há 47 anos sendo transmitido. E algo que chama a atenção, é que o longa reuniu os atores originais do teatro e atores consagrados do cinema na época.
Science fiction, double feature
Para os ouvidos mais atentos é fácil perceber que a primeira música do filme já entrega parte do enredo. Repleta de dicas e referências. O próprio nome da canção já faz referências às sessões duplas (double feature) muito populares nos Estados Unidos.
Ainda na primeira estrofe, o público se depara com nomes conhecidos na ficção científica, como: Flash Gordon (herói de uma tira de jornal de aventura e ficção científica) e o filme Homem Invisível interpretado pelo ator Claude Rains.
E quando se fala em clássicos, não poderiam faltar as referências a outros filmes como King Kong, Tarântula, entre outros. Mas além dessas citações, a música apresenta um resumo do que o público pode e deve esperar do que será apresentado durante o longa.
A importância de Rocky Horror
Do puro e conservador ao extravagantemente belo. Os personagens do filme por si só carregam mensagens diretas e também subliminares sobre aspectos da época. Como por exemplo, o triângulo vermelho na roupa do louco cientista Dr. Frank-N-Furter que se revela transsexual e bissexual ao público.
O que poucos talvez tenham notado, é que esse desenho não é apenas um enfeite. Muito pelo contrário. Durante o Holocausto, os soldados nazistas usavam triângulos para identificar os judeus nos campos de concentração e poder separá-los em grupos e designar para suas determinadas funções. E o triângulo vermelho utilizado pelo personagem, é o mesmo com o qual eram marcados os judeus homossexuais.
Apesar de essa ser uma referência mais pesada, não foge dos outros pontos apontados durante o espetáculo. Os próprios personagens remetem a aspectos socioculturais da época. Por exemplo, o casal principal Brad e Janet que tendem a repetir várias vezes que as danças e até características dos demais personagens são folclóricas, representando a parcela defensora dos “bons costumes”, conservadores e que encaram estrangeiros ou culturas diferentes com menor importância.
Apesar de não ser um filme recente, Rocky Horror ainda tem uma representação extremamente significativa para a comunidade LGBTQIA+. Um grande exemplo disso é que o próprio ator, cantor e drag queen, RuPaul – também conhecido como Mãe das Drags –está constantemente falando sobre o filme ou referenciando.
Todos esses aspectos hoje podem parecer comuns, mas para a época era algo grande. Basta olhar por como eclodiu e se moldou o movimento LGBT até os dias de hoje.
A edição de outubro do MGM trouxe o clássico filme musical The Rocky Horror Picture Show, de 1975, para o estúdio da Rádio Uninter em comemoração ao Halloween. Apresentado por Fabielle Cruz e Arthur Salles, com muitas homenagens ao cinema de horror, música e, claro, informação!
Você pode assistir à transmissão completa clicando aqui.
Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Reprodução