Soft skills ganham relevância na cultura organizacional
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoTempos atrás, em um mundo analógico, o conhecimento técnico dominava as contratações no âmbito corporativo. Possuir uma graduação, uma especialização, inglês avançado e conhecimento em softwares de escritório, como o pacote Office, era o suficiente para conquistar boas posições no mercado de trabalho. Porém, com o avanço da globalização, a competitividade e a era digital, as competências comportamentais se tornaram essenciais e até decisivas na hora de se contratar.
Neste contexto, surgem termos para designar cada tipo de competência. As competências técnicas são chamadas de hard skills, e as competências humanas são as soft skills, que englobam elementos do relacionamento interpessoal, como saber trabalhar em equipe, ter boa comunicação verbal e escrita, capacidade de adaptação e flexibilidade. Mas como desenvolver as soft skills, visto que elas estão ligadas ao comportamento e à personalidade do indivíduo?
Para sanar essas dúvidas, a Semana Acadêmica de Gestão 2021 recebeu a doutora em administração Edileuza Godói, a mentora e coach executiva Alessandra Costenaro Maciel e a professora Erika Gisele Lotz, docente em programas de graduação e MBAs nas áreas de gestão de pessoas e coaching. O evento online aconteceu ente os dias 4 e 7 de outubro. A live “Liderando por meio de soft skills” foi transmitida nos canais oficiais da Uninter no YouTube e Facebook.
Alessandra diz que adquirir soft skills é uma tarefa complexa. Exige muito esforço, autoconhecimento e pensamento crítico. “Não gosto desse termo. De ‘soft’ não tem nada. Mudar comportamento não é fácil”, diz ela. Edileuza afirma que, por causa da tecnologia, as hards skills se tornam menos significativas quando o comportamento socioemocional faz toda a diferença no convívio em equipe, seja de forma remota ou presencial.
“As soft skills são mais importantes nesse mundo onde as informações estão na palma da mão. Essa coisa de pensar no outro, ajudar o outro, isso é altruísmo, é habilidade emocional. As hards skills, podemos deixar por conta das inteligências artificiais”, salienta.
As hards skills se diferenciam por serem mais fáceis de observar e avaliar o candidato objetivamente, visto que, ao analisar o currículo, é possível identificar quais são suas habilidades técnicas. Já as soft skills só são perceptíveis a partir de uma análise psicológica ou até mesmo depois de um tempo de convivência. Um profissional que se destaca é aquele que consegue alinhar seus conhecimentos técnicos com suas habilidades socioemocionais.
Neste sentido, Erika chama a atenção para a competitividade que pode afetar as relações de trabalho. A professora diz que a cultura organizacional faz toda a diferença no desempenho. Por exemplo, existem perfis que se dão muito bem em trabalhos altamente competitivos e beligerantes, porque são pessoas que têm facilidade de se adaptar em ambientes antagônicos. Por outro lado, existem perfis que precisam de ambientes mais harmônicos e estruturados para florescer o potencial.
“É importante que nestes casos o gestor, como maestro dessa orquestra organizacional, comece a identificar se essa competitividade é saudável para a produtividade, para as relações, e se é saudável até mesmo na questão física, porque nós não podemos desvincular que o ser humano tem uma dimensão biológica, psicológica e social”, afirma Erika.
“Precisamos ficar de olho para que essa competição desmedida não se torne assédio, sabotagem, conflito velado. Ou seja, uma série de elementos absolutamente pesados que vão elevar a ansiedade e que não vão contribuir em nada para a produtividade, para a retenção de talentos e o desempenho individual”, ressalta.
O impacto da cultura organizacional
Alessandra diz que quando um colaborador passa de um cargo mais técnico para um cargo mais gerencial, é necessário que ele desenvolva suas soft skills e isso é possível por meio de treinamento. A empresa tem a função de ajudar o trabalhador a se desenvolver.
“Se partirmos do pressuposto de que dentro das empresas temos os mentores, que são as pessoas mais experientes, esses mentores têm a capacidade de preparar novos sucessores por meio da transmissão de competências. O modo de fazerem a gestão, e a forma como se comunicam e como dão feedbacks, é possível preparar novos sucessores. A comunicação tem que ser assertiva”, diz.
Diante disso, quando a cultura organizacional não é focada no desenvolvimento de talentos, os colaboradores podem ficar desmotivados e acabar desistindo de trabalhar na empresa. “Temos visto que muitas empresas têm perdido colaboradores, principalmente na pandemia. Nos Estados Unidos, por exemplo, muitas pessoas pediram desligamento nesse período, e no Brasil isso já está acontecendo. Vocês podem olhar para dentro da empresa onde estão e ver a quantidade de gente que saiu, porque ou já estava em crise antes da pandemia ou repensou a sua vida durante esse momento”, aponta.
“As pessoas estão procurando ambientes que se preocupem genuinamente, de maneira altruísta com elas. Lugares onde os líderes tenham a preocupação não só com os resultados da empresa, mas também com o desenvolvimento das pessoas. Os profissionais não trabalham mais só por dinheiro, isso as pesquisas mostram. Eles trabalham por desafios, trabalham por estar em um clima organizacional interessante e porque seus chefes se preocupam e cuidam da saúde emocional de seus colaboradores”, enfatiza.
“Hoje não faço mais gestão de pessoas, antes eu fazia, pois era focado nas hards skills”, diz Edileuza. “Hoje, eu faço a gestão de relacionamento entre pessoas. Vamos mudar esse conceito de gestão de pessoas para gestão de relacionamento entre pessoas”, complementa.
Essa discussão foi realizada na Semana Acadêmica de Gestão 2021, que você pode conferir na íntegra clicando aqui. O evento contou com participação de alunos, trazendo depoimentos dos estudantes em vídeo, que relataram as vantagens de ser um aluno Uninter. A live foi mediada pelos professores Vanessa Rolon e Claudio Aurelio Hernandes, e houve sorteio de brindes aos participantes.
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Rodnae Productions/Pexels