Sobre o que elas podem falar?
Autor: Ana Oliveira - Estudante de JornalismoPensar os estudos de gênero na atualidade dentro de uma perspectiva histórica é essencial para o debate sobre a promoção da igualdade entre homens e mulheres. Precisamos valorizar a luta histórica das mulheres por liberdade, igualdade e participação em temas de relevância pública.
No artigo Do que elas podem falar? As Páginas Amarelas através de uma perspectiva de gênero, publicado na última edição da Revista Uninter de Comunicação (RUC), André Luís Andrade Silva e Ariane Carla Pereira estabelecem um debate sobre a representatividade de gênero nas páginas amarelas da Revista Veja.
A pesquisa analisa a proporção dos entrevistados e dos personagens da informação, e constata a falta de representatividade feminina nas escolhas das fontes. Além disso, a análise observa o assunto e a postura dos entrevistados e das entrevistadas, e seu papel frente aos temas de relevância pública.
A sociedade passou recentemente a aceitar que a mulher, além de deveres, é digna de direitos. É certo que desde a segunda metade do século 20 as mulheres vêm ganhando, a depender de fatores financeiros e culturais, uma maior presença e atuação nos espaços decisórios de poder. No entanto, sua representatividade ainda é muito pequena na nossa sociedade.
Os desafios em busca da igualdade de gênero ainda são muito grandes, já que são muitos os espaços em que as mulheres enfrentam barreiras impostas por uma sociedade edificada tendo como base de sustentação o patriarcalismo. Um exemplo do silenciamento das mulheres pode ser visto nas “Páginas Amarelas”, o espaço de entrevistas da revista Veja. O estudo constatou que “entre janeiro de 2011 e dezembro de 2016, a revista Veja publicou 306 entrevistas, nas quais 264 dos entrevistados foram homens, enquanto as entrevistadas mulheres somaram 42”.
A pesquisa evidencia “as Páginas Amarelas como um lugar responsável por manter/construir práticas discursivas segregadoras, pois destaca-se pela brutal maioria de entrevistados homens frente a uma minoria de entrevistadas mulheres”. Assim, conclui-se que “o discurso da mídia não é uma imposição que sufoca e prende os leitores, é apenas um dos fios de um emaranhado discursivo que fabrica os indivíduos e os possibilita outras maneiras de ser”.
Autor: Ana Oliveira - Estudante de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Retha Ferguson/Pexels