Ser fluente em inglês morando no Brasil: mito ou realidade?
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoAprender algo novo nunca é fácil, ainda mais quando se trata de idiomas. Seja para o trabalho, para a vida acadêmica ou por curiosidade, falar uma língua estrangeira abre portas para um novo mundo, e por isso é difícil encontrar alguém que nunca tenha ao menos tentado aprender uma.
Quando se trata da língua inglesa, é provável que o primeiro contato da maioria das pessoas tenha sido na escola, durante as aulas do ensino fundamental. Mas no Brasil ainda são raros os estudantes que conseguem desenvolver alguma fluência na língua inglesa apenas com o ensino escolar.
O crescimento na oferta de escolas bilíngues no país demonstra que existe um desejo de tornar a língua estrangeira mais presente na vida dos estudantes, fazendo do seu aprendizado durante o período escolar uma experiência verdadeiramente proveitosa. Mas fica a dúvida: é possível adquirir fluência em inglês morando no Brasil?
Para responder a essa pergunta, Paula Tavares Pinto, professora da Unesp, foi convidada a proferir a aula magna da Escola Superior de Línguas (ESLI) da Uninter, falando diretamente aos estudantes do curso de Licenciatura em Letras – Inglês, futuros professores da disciplina. Pós-doutora pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, Paula é uma renomada pesquisadora da área de formação docente. Com mediação de Thereza Cristina Souza Lima, diretora da ESLI, a aula teve transmissão ao vivo pelo YouTube e Facebook, em 21.set.2021.
Por onde começar?
O termo ‘fluência’ diz respeito à “habilidade de falar ou escrever uma língua facilmente, bem e rapidamente”. A habilidade não está somente na oralidade, embora essa seja a principal forma de comunicação entre as pessoas, mas também na capacidade de leitura e escrita.
Segundo Paula, a atual disponibilidade de recursos online gratuitos, como sites diversos e portais para estudantes de língua inglesa, é uma forte aliada no desenvolvimento da fluência, tanto para alunos quanto para professores. A pesquisadora observa que a maioria dos falantes de inglês no mundo não é “nativa”, ou seja, trata-se de pessoas que aprenderam o inglês como língua estrangeira, portanto há uma enorme oferta de recursos para favorecer este tipo de aprendizado.
A internet derrubou as barreiras geográficas e hoje não faltam oportunidades online para quem quer entrar em contato com a língua inglesa, requisito fundamental para o desenvolvimento da fluência.
Onde posso praticar?
Por não conviverem diretamente com nativos do idioma, os brasileiros buscam alternativas para praticar e aprimorar suas habilidades de comunicação oral. Os famosos “grupos de conversação”, frequentemente promovidos por instituições de ensino, atraem pessoas que se interessam pela língua – as conversas podem ser sobre cinema, literatura, atualidades, entre diversos temas de interesse dos aprendizes.
Uma alternativa que se popularizou nos últimos anos são as plataformas e aplicativos de conversação. Com diversos formatos, elas oferecem desde atividades simples e gratuitas, até pacotes premium com tutores capacitados.
A internet, em geral, oferece uma ampla gama de conteúdos gratuitos. Alguns sites de destaque são o serviço da BBC (rede britânica de comunicação) para o aprendizado da língua, o BBC Learn English , o site da Universidade de Cambridge e o ERIC, um repositório de recursos de aprendizagem disponibilizados gratuitamente. Assistir vídeos, filmes e séries, além de escutar podcasts são ótimas ferramentas para aprender vocabulário e desenvolver a capacidade de entendimento da língua.
É possível se tornar fluente em inglês vivendo no Brasil?
Durante o evento, Paula apresentou vídeos de estudantes brasileiros que aprenderam a falar inglês fluentemente vivendo no Brasil. Eles falaram sobre suas experiências e estratégias de aprendizado, e deram dicas de recursos que foram importantes para seu processo de desenvolvimento na língua. “A fluência traz autoconfiança, mas é um processo contínuo”, lembra José Victor, formado em Letras e hoje estudante de mestrado.
Perguntada sobre a questão do sotaque, Paula afirma que isso só se torna um problema se impedir a comunicação. “Em muitos casos, as pessoas preferem manter seu sotaque para mostrar que são estrangeiras”, explica a professora.
Com relação à pergunta inicial, não resta dúvida: sim, é possível adquirir fluência mesmo morando no Brasil. “Mas dá trabalho”, reforça Paula. É necessário promover sua imersão no idioma utilizando os recursos e as técnicas disponíveis, e sobretudo ter muita persistência para aprimorar suas habilidades. A jornada é longa e trabalhosa, mas certamente recompensadora.
Para assistir à aula completa, clique aqui.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: James Oladujoye/Pixabay