Semana Pedagógica debate os desafios e equilíbrio entre as tecnologias e interação humana na educação

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

Conhecimento, Habilidades, Atitudes, Valores e Emoções. Os conceitos do acróstico “chave” nortearam A Semana Pedagógica Uninter 2024. O evento organizado pela Escola de Polos entre os dias 22 e 26 de janeiro, deu início ao ano letivo dos colaboradores com conhecimentos e reflexões acerca dos profissionais em sua integralidade.

Com o tema “A Chave Mestra”, os profissionais passaram por cinco dias imersivos, que provocaram a análise não só de suas próprias potencialidades e desafios frente às atividades a serem exercidas, mas a pensar em como uni-las às ferramentas e tecnologias disponíveis e cada vez mais avançadas no processo de ensino-aprendizagem. As palestras e oficinas aconteceram presencialmente no auditório e na sala telepresencial do campus Garcez, com transmissão ao vivo pelo ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

O reitor, Benhur Gaio, e o CEO da Uninter, Marco Eleutério, deram as boas-vindas e realizaram a abertura do evento, na noite de 22 de janeiro. Eleutério garante que “não há nada mais característico na Uninter que os processos que são criados pela academia para fazer com que nossos alunos aprendam melhor. O grande propósito da Uninter é transformar vidas pela educação”.

A Inteligência Artificial (IA) foi o destaque da semana, com a palestra magna da pesquisadora dos impactos éticos e sociais da IA, Dora Kaufman. A profissional abordou a temática complexa a partir dos riscos e desafios, assim como as potencialidades enquanto uma ferramenta no ambiente educacional.

“A natureza da IA generativa transforma não apenas nossa interação com a tecnologia, mas também como pensamos a linguagem, a cognição humana, a aprendizagem, a comunicação e a sociabilidade”, salienta.

Saúde socioemocional

As emoções perpassam comportamentos e sentimentos gerados no dia a dia em relação aos outros e a si mesmo. As reflexões e questionamentos acerca do que afeta cada indivíduo perante as circunstâncias é um exercício de autoconhecimento, como pontuou a diretora da Escola Superior de Educação, Humanidade e Línguas (ESEHL), Dinamara Machado, na abertura do segundo dia de evento. “Trabalhar o socioemocional significa olhar para você, significa se reconhecer”, ressalta.

A função executiva, centro controlador e gerenciador do cérebro, e seus três pilares (controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho) foram abordados na palestra Saúde socioemocional no contexto da educação superior, realizada pela psicóloga cognitiva Regina Suguihara.

A especialista em Neuropsicologia, que trabalha com psicoeducação, explicou o funcionamento do cérebro diante das situações e emoções do dia a dia, nos ambientes e relações interpessoais, tendo em vista a sobrecarga de informação, imprevisibilidade e velocidade de mudanças, IA e redes sociais na atualidade.

Ao estar mais atento para as ações e reações da mente e do corpo ao que acontece, Regina acredita que é uma oportunidade de sair do piloto automático e exercer intencionalidade. Por isso, fez dinâmicas para entendimento na prática e ensinou exercícios de respiração para momentos de maior ansiedade e dificuldade de lidar com o excesso e acúmulo de informação.

Ao finalizar a fala, os professores estavam prontos para aprender mais na Oficina Pit Stop Videoaula: Dicas e práticas para gravação de aula em EaD, ministrada pelos professores Raphael Moroz Teixeira e Aline Cristina Pires.

Tecnologia e interação humana

A tecnologia voltou para a discussão no terceiro dia, com a palestra Equilíbrio entre tecnologia e interação humana, com a professora e pesquisadora em Tecnologias na educação a distância, formação do professor e inclusão digital, Glaucia Brito. O pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Nelson Castanheira, acredita que a chave mestra está em buscar o ponto de equilíbrio.

“É imperativo desenvolver e usar recursos metodológicos mais eficazes e personalizados para o ensino, isso não pode desviar a atenção do papel do professor na formação integral dos alunos”, afirmou Castanheira ao apresentar a palestrante.

Glaucia faz um paralelo entre os conceitos de equilíbrio, tecnologia e interação. De acordo com a pesquisadora, o significado do segundo, que diz respeito a “um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os ‘produtos’ oriundos do processo de interação do ser humano com a natureza e com os demais seres humanos” já apresenta teoricamente o equilíbrio que se faz necessário. No caso da educação, o usa da tecnologia para o aprimoramento do ensino e da aprendizagem.

A professora apresentou três perfis de pessoas em relação as tecnologias. O modernoso, que apenas imita a modernidade e a banaliza. O modernista, que é submisso, acrítico e fanático. E o moderno, que seria o ideal, capaz de dialogar com a realidade, inserindo-se como sujeito criativo.

Com perguntas espalhadas pelas poltronas do auditório, a professora estabeleceu um diálogo com os presentes, para entender de que forma é estabelecida a conexão com dispositivos, tratando de que forma podem ampliar ou restringir a vivência profissional e pessoal.

Após a palestra, os profissionais puderam participar da Oficina Indicadores da Avaliação Docente, realizada pelo coordenador da Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Uninter, Hélio Godoy.

Alta Performance

“Você vai conseguir pagar as contas?”, foi o que a especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e Gestão Empresarial Fernanda Alves Chaves escutou da mãe ao dizer que queria ser professora. O questionamento vai ao encontro da falta de valorização da educação e dos profissionais no país, ainda que sejam eles os formadores de todas as outras profissões.

O que você precisa para ser um professor de alta performance foi o tema debatido no dia 25 de janeiro. Na apresentação da palestrante, o diretor da Escola Superior Politécnica (ESP), Antonio Conte, conta que enquanto professor, sempre foi em busca da aula “perfeita”.

“Eu queria uma aula com todo o processo de ensino e aprendizagem completo, eu queria aquela aula em que eu saísse realizado, feliz, encantado. Essa adrenalina de ser professor é algo incrível e eu também imaginava o aluno assistindo à aula, que não pode ficar vendo o tempo passar. A aula tem que fluir e ele tem que sair com aquela sensação de estar conhecendo e entendendo tudo o que está sendo apresentado”, salientou.

Durante cerca de uma hora, Fernanda explorou os fundamentos essenciais para alcançar a alta performance na educação, com destaque para o impacto transformador da qualidade por meio do profissional. Para ela, o resultado desse processo é a melhoria dos resultados acadêmicos, aumento da motivação entre os alunos, redução das taxas de evasão, formação de cidadãos mais capacitados e cultura educacional mais positiva.

Com as mudanças de alunos com maior autonomia, conexão, pensamentos mais críticos e engajados, aula melhor aproveitada e educação democratizada, a profissional reconhece ser fundamental os professores identificarem, reconhecerem e avaliarem as competências, talentos e pontos fortes. Dessa forma, focar no que é bom e se manter com conhecimento sólido, atualizado, planejamento e organização.

Fernanda ainda destaca a importância de métodos de avaliação justos e significativos, com feedback para melhorar o desempenho dos alunos, assim como autoavaliação e autodesenvolvimento. Ela finaliza com a frase de Andrew Amaurick, que diz que “a lagarta não precisa de um milagre para se transformar em borboleta, precisa de um processo”.

A diretora da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança (ESGPPJS), Débora Veneral, finalizou o quarto dia de evento com a Oficina Ética e privacidade na tecnologia educacional.

Enade e performance acadêmica

O CEO e presidente da Hoper Educação, Adriano Coelho, iniciou o último dia de evento com a palestra Melhores práticas Enade nos cursos. A empresa acompanhou todo o processo da Uninter perante o Enade no último ano, fazendo análises, orientações e direcionamentos no processo.

“Enade é um sentido de urgência para nós”, garante o profissional, em referência ao livro “Sentido de urgência”, de John P. Kotter. Na obra, o autor debate o que falta para que as empresas alcancem o sucesso e Adriano apresenta a estratégia de “encontrar oportunidades na crise”.

O profissional aponta a importância de uma escuta ativa para tornar a aprendizagem real. Para isso, aposta em um processo que chama de “ressonância”, que precisa ser visto de dentro. Entender como está o andamento do curso e da disciplina é fundamental para a condução do “ecossistema”.

Coelho afirma que o Enade pode não ter refletido o ecossistema dos últimos anos devido à pandemia e às variáveis causadas por ela. No entanto, aponta a Uninter como referência do que é possível fazer. Com um modelo de trabalho bem-feito, a instituição é usada como parâmetro de qualidade.

Para encerrar a Semana Pedagógica Uninter 2024, o reitor Benhur Gaio ministrou a palestra sobre Performance acadêmica e indicadores no âmbito da IES. Na oportunidade, Gaio apresentou os cenários institucionais atuais e o que se espera para 2024.

A partir da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES) e Ministério da Educação (MEC), abordou a política fiscalizatória, regularidade regulatória e alterações regulatórias, tópicos que considera “preocupantes”.

Gaio revelou a oferta de cursos presenciais nos superpolos espalhados por todo o Brasil, e visa mostrar para os órgãos a qualidade da educação e infraestrutura que a instituição oferece para os estudantes em laboratórios físicos.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Natalia Schultz Jucoski e Arthur Salles


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