Semana da Engenharia Civil discute atuação profissional na área
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoO mercado de trabalho da construção civil e os desafios da sustentabilidade no setor foram temas tratados na 1ª Semana da Engenharia Civil Uninter, realizada pela Escola Politécnica da Uninter entre os dias 16 e 19 de maio de 2022. Com três palestras, os professores e profissionais convidados apresentaram esses e outros assuntos relacionados à profissão para alunos do curso, da escola superior e ao público externo.
Dentre os temas debatidos, a incorporação imobiliária foi destaque no primeiro dia. Quem atua na Engenharia Civil percebe que nos últimos dez anos o mercado de trabalho começou a ficar restrito, muito por causa da economia. São vários os exemplos de grandes empresas que passaram e passam por dificuldades, com algumas hipóteses afirmando que o ciclo imobiliário dura cerca de uma década, sendo a última o fechamento deste ciclo.
“Nos anos que antecederam 2012, houve um boom muito grande. Havia um crédito que o pessoal tinha facilidade de adquirir, então houve um cenário de venda muito bom e daí vem uma sequência de complicadores de cenários político-econômicos. Teve o Mensalão, o impeachment, e isso trouxe o ciclo”, explica o engenheiro civil Alvaro Coelho.
Além de questões políticas, a forte influência sobre a economia do país acabou desmantelando diversos fatores envolvidos na construção civil. O excesso de ofertas e o conseguinte estoque, a falta de material e de mão de obra e o aumento do preço de produção são alguns exemplos citados pelo engenheiro. “Por outro lado, alguns marcos também foram positivos, independentemente de quem leva o mérito, [como] a Lei do Distrato e a Lei Trabalhista”, complementa.
O maior desafio da engenharia civil aliada à sustentabilidade é o impacto local que a atividade vai gerar, seja na extração de matéria-prima, seja na responsabilidade de construir em lugares incorretos. Todas essas preocupações ambientais precisam ser levadas em consideração. Até mesmo os custos das obras e a possibilidade de economia por meio delas precisa ser avaliada nos processos atuais da construção civil.
“O reaproveitamento de água, fazer o trabalho uma vez só, a logística de canteiro para menos desperdício de material, o reaproveitamento do material, reaproveitamento de sucata, o uso da energia, placa solar causando e trazendo energia para os empreendimentos. Eu acho que tudo isso dá pra fazer e é super válido”, afirma Coelho.
“Esse olhar pro canteiro, além de trazer organização, uma obra mais limpa, melhora a segurança do trabalho das pessoas que estão ali. Elaborar um bom canteiro pode colaborar com a questão de sustentabilidade também”, complementa a coordenadora do curso de Engenharia Civil da Uninter, Adriana Tozzi.
Atribuições do CREA junto à engenharia civil
Cada estado brasileiro tem seu Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) que se reporta ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). O Conselho Federal de Engenharia tem por incumbência baixar as normas e resoluções para assegurar o cumprimento da Lei nº. 5.194 de 1966, que é o marco zero em que foi criado o CREA e que regulamenta a profissão de engenharia.
O CREA tem como responsabilidade a fiscalização das atividades técnicas e o exercício ético da profissão, observando se o profissional está habilitado, registrado e agindo dentro de suas atribuições. Para quem quer construir, a documentação está ligada diretamente à prefeitura e é a propriedade intelectual da profissão. A avaliação do órgão é um trabalho documental que garante à sociedade um serviço de qualidade.
O conselho regional não atua somente fiscalizando o profissional de engenharia, mas também age em sua defesa para inibir o exercício leigo da profissão. Há ainda a verificação das empresas para garantir a inserção profissional e ter garantias que o profissional atuante se formou, se registrou e tenha ajuda do CREA no mercado de trabalho.
Uma das metas do CREA é a fiscalização da conduta ética. “Tem essa fiscalização também e é feita pelo diário de obra, pelo livro de ordem que foi instituído pelo CONFEA em 2017. O livro de ordem hoje é um diário de obra em que você preenche no seu acesso restrito no site do CREA, coloca tudo lá e esse livro de ordem serve como comprovante de que você efetivamente acompanhou a obra e serve para questões de acervo técnico. É um documento que resguarda, inclusive, a participação do profissional”, explica a engenheira de materiais Gessica Bazzi.
Para atuação no campo da engenharia, o profissional precisa ter o registro no CREA ativo, podendo interromper a qualquer momento pelo não exercício da profissão. A recomendação da especialista é de ser transparente com o conselho regional e notificar sobre ausências e retornos à profissão. O processo, segundo ela, é fácil de ser executado, com pedidos feitos pela internet.
As questões das infrações éticas na profissão servem na fiscalização dos engenheiros, sobre a negligência e descumprimento de tais princípios. O profissional pode vir a responder um processo ético-disciplinar, com vários níveis de sanção como censura reservada, censura pública, suspensão e cancelamento do registro profissional
O intuito da fiscalização do CREA é a regularização e a garantia de que a sociedade saiba que, para construir ou ter uma empresa no ramo civil, é necessário um engenheiro. Ainda de acordo com Gessica, ao fiscalizar uma obra e não ter um engenheiro apto para a atividade, o CREA não para a obra, apenas notifica o proprietário, que é autuado por exercício ilegal da profissão e multado. Após isso, é preciso contratar um profissional para a regularização da obra e que esse engenheiro assuma a responsabilidade pelas atividades.
Bacharelado em Engenharia Civil
O curso de Engenharia Civil teve início em fevereiro de 2020 na Uninter, com duração de cinco anos e com oferta completamente a distância. O bacharelado conta ainda com práticas virtuais e presenciais, proporcionando experiências imersivas e aulas ao vivo. São doze disciplinas ao longo do ano, totalizando sessenta disciplinas até o final do curso.
Ao longo dos estudos, o aluno recebe o Laboratório Portátil Individual do curso, que conta com kits para simular a construção de uma casa em miniatura e o kit saneamento, para análises de qualidade da água. As informações sobre o curso podem ser conferidas neste link.
A 1ª Semana da Engenharia Civil Uninter foi transmitida de forma online nos dias 16, 17 e 19 de maio de 2022. As três transmissões encontram-se disponíveis no canal do YouTube da Escola Politécnica Uninter.
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Borko Manigoda/Pixabay e reprodução YouTube