Das privações na infância à formatura, Thiago conta por que não desistiu

Talita Santos – Estagiária de Jornalismo

A formatura é momento muito especial na vida de um acadêmico. É a hora de colher os frutos de um trabalho tão difícil que é a faculdade e de projetar ideias para o futuro profissional. Para Thiago Pereira Pinheiro, a festividade teve um gosto mais do que especial, principalmente devido à sua história de vida. A infância do rapaz não foi nada fácil. Thiago saiu do nada e enfim chegou à formatura.

Aos oito anos foi morar com a mãe. Até então, vivia na casa simples e sem reboco na parede, lar de sua avó materna. “Sou o mais velho de cinco irmãos, na minha infância e adolescência tive mais responsabilidades do que gostaria de ter, por ter que cuidar deles, ajudar na casa etc. Nos mudávamos frequentemente, porque por muitas vezes minha mãe não teve condições de pagar o aluguel. Às vezes eu tinha que ir pedir dinheiro à minha avó paterna para podermos ter o que comer no dia seguinte”, relata Thiago.

Aos 16 anos começou a trabalhar em um supermercado. Foi então que pôde contribuir para as despesas da casa. Mas nos estudos, as dificuldades eram mais atenuantes. “Fui ao primeiro dia de aula sem material, apenas com um bilhete da minha mãe pedindo à escola que doasse alguns materiais básicos para que eu pudesse frequentar as aulas. Depois de algum tempo, me formei no ensino médio, mesmo com um terceiro ano conturbado, devido ao trabalho de segunda a domingo o dia todo e as aulas à noite”, explica.

Com o tempo, surgiu o amor pela ideia de ensinar e isso despertou em Thiago a vontade de buscar o curso de Letras da Uninter no polo de Tubarão (SC). Conseguiu se formar e explica como foi este momento tão emocionante. “A formatura foi ótima, linda, melhor do que eu esperava. Eu e alguns outros formandos tínhamos algumas dúvidas, ansiedades, medo de que não desse certo, mas no final tudo ocorreu como o planejado”, diz.

Os cursos que participaram da formatura foram de Gestão Ambiental, Gestão da Produção Industrial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Turismo, Gestão Pública, Letras, Pedagogia, Processos Gerenciais e Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais. Este último obteve nota 5 na avaliação do MEC desse ano.

A comemoração reuniu amigos e familiares dos alunos, além dos funcionários e equipe da instituição. Segundo a gestora do polo, Alice Botega, esta é uma oportunidade de concluir uma fase de maneira bem-sucedida. “O aluno fica aproximadamente dois ou quatro anos com a gente então a formatura encerra um ciclo de vitória e para nós é uma conquista. Tem formatura todo ano, mas cada uma tem uma emoção diferente, o coração fica apertado na hora que toca o hino e tem o depoimento dos alunos. É uma coisa muito gratificante para nós”, diz.

Aos 29 anos, Thiago dá uma dica valiosa para aqueles que, assim como ele, também avessam momentos difíceis. “É um pouco clichê, mas gostaria de dizer que não se deve desistir de um sonho, de uma meta, de um objetivo. Claro que, por muitas vezes em nossa vida abandonamos um projeto por não concordarmos com ele e acabamos adquirindo outros sonhos e planos, mas desistir muitas vezes é prejudicial e acaba se tornando ‘viciante’. Devemos focar em nossos objetivos e irmos até o nosso limite, porque às vezes esse ‘limite’ está dentro de nós mesmos, na nossa cabeça”, conclui.

Edição: Mauri König

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