Saúde a galope
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismoNão muito distante das margens do Rio Amazonas, afastado do fervo do centro de Macapá, está localizado o projeto Viva Levi. Ali, crianças e jovens têm suas vidas transformadas por meio da técnica terapêutica com cavalos, a equoterapia.
O projeto desenvolvido pelas gêmeas Dyslaine e Gyslaine Schuertz promove reabilitação neurofuncional para crianças e jovens utilizando exercícios que têm como base os próprios padrões de movimento dos cavalos.
A caminhada das irmãs nesta área se iniciou há alguns anos e alterou o rumo de vida de ambas. A iniciativa também provoca mudanças na vida de muitos pacientes, trazendo vitalidade para crianças e o sorriso para suas famílias.
“Nós conhecemos a equoterapia em uma viagem de férias. Essa prática não existia no Amapá e ficamos encantadas”, afirma Dyslaine ao contar sobre o fascínio dela e da sua irmã com ao trabalho.
Durante a atividade, usa-se a marcha do cavalo (que se assemelha a marcha do ser humano) para promover o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. A terapia também desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.
Entre os possíveis beneficiados estão pacientes com doenças genéticas, neurológicas, ortopédicas e musculares. Além deles, indivíduos com sequelas de traumas e cirurgias e aqueles diagnosticados com distúrbios psicológicos, comportamentais ou de aprendizagem e linguagem também podem utilizar a modalidade. Crianças e adolescentes são os que mais procuram pela atividade.
“Eu sou encantada por essas crianças, pois tenho um sobrinho com paralisia cerebral”, revela Dyslaine.
Filho de Gyslaine e sobrinho de Dyslaine, Levi é um verdadeiro guerreiro. O nascimento prematuro fez com que o menino lutasse pela vida. O diagnóstico de paralisia cerebral implicou um desafio na vida de todos ao seu redor, com a busca por inclusão e desenvolvimento saudável. Ele foi a inspiração para a criação do projeto que leva seu nome.
Sala de aula virtual ajuda a tornar o projeto realidade
Estimulada pela equoterapia, Dyslaine tomou a decisão de ingressar na universidade em 2018, fazendo o caminho inverso ao da maioria dos profissionais da equoterapia que acabam conhecendo a modalidade durante a formação.
A escolha foi pelo curso de Bacharelado em Educação Física da Uninter na modalidade EAD, que, segundo ela, auxilia no aprimoramento de muitos aspectos ligados à equoterapia.
Para ela, a modalidade a distância seria a única forma de fazer uma graduação naquele momento de sua vida, pois havia a necessidade de dividir seu tempo entre trabalho e estudos.
“A Uninter tem uma plataforma ótima. Apesar de eu morar longe, sempre tive um acesso muito fácil ao pessoal do polo. A pandemia dificultou um pouco as práticas, mas tudo correu bem”, afirma.
Dyslaine concluiu a graduação em julho deste ano e, já no mês seguinte, obteve a assinatura do curso de doma em Macapá, que a torna oficialmente uma profissional da equoterapia.
Um trabalho que transforma
Mas, ainda antes de concluir o curso, Dyslaine já começou a colocar em prática os conhecimentos adquiridos no ambiente virtual, junto com a irmã, que é fisioterapeuta. “A gente começou a desenvolver a prática em 2019 inspiradas no Levi, mas para poder ajudar diversas outras crianças que necessitam de maior apoio e desenvolvimento de saúde”, conta.
Com o início do projeto, ela decidiu sair de Montes Dourados (PA), onde residia, para trabalhar junto à irmã em Macapá (AP).
De acordo com Dyslaine, a criança não vê a equoterapia como uma reabilitação, mas sim como um esporte, um momento de lazer e diversão. A terapia ajuda nos mais diversos casos.
“Temos pacientes que não se comunicavam bem e agora conseguem se expressar, vemos pessoas que melhoraram sua estrutura física, que superaram seus traumas”, ressalta.
Em sua visão, o trabalho com crianças e jovens só é possível graças à ação de uma equipe multidisciplinar. O apoio de fisioterapeutas e psicólogos é fundamental para o avanço no quadro dos pacientes.
As práticas são realizadas em um haras localizado no Ramal da Cascalheira, em Vale Verde, no Macapá. O tratamento com equoterapia ainda não é coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é bastante caro pela estrutura de profissionais e pelos cuidados com os animais.
“Ainda não contamos com nenhuma ajuda financeira para custear tratamentos. Conseguimos o terreno graças à iniciativa do dono de um haras, que permitiu que os cavalos e o espaço fossem utilizados”, explica.
Apesar das dificuldades, as irmãs não desanimam na busca por promover saúde e bem-estar a crianças e jovens de toda a região. “Quem não conhece a equoterapia não consegue imaginar como é beneficiador para os pacientes e inspirador para nós profissionais”, conclui Dyslaine.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
Parabéns pra essas super profissionais maravilhosa e ser humanos incríveis. ❤
Que maravilha, inspiração para nós alunos .Parabéns pela atitude.