Roberto Nicolato une três mundos da escrita no romance Pacto

Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia

Quais são os limites entre a ficção e a não-ficção no jornalismo? Essa é uma questão frequentemente debatida no campo da comunicação. Para falar sobre o assunto, o programa Literacia da Mídia convidou o jornalista, professor e escritor Roberto Nicolato, que acaba de lançar o seu quarto livro, intitulado Pacto, que está disponível gratuitamente para download nesse link, ou e-PUB clique aqui. O programa foi exibido no último dia 28 de abril pela Rádio Uninter.

Nicolato é formado em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora, mestre e doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em sua dissertação, ele tratou da “Literatura e cidade: o espaço urbano em Dalton Trevisan”, e sua tese de doutorado discutiu “A realidade da ficção: uma contribuição do jornalismo à literatura dos anos 70”. As produções acadêmicas contribuíram para o resultado do livro recém-lançado.

Esta obra de Nicolato é uma síntese do melhor de três mundos para os escritores: a escrita acadêmica, a escrita literária e a escrita jornalística. Nascido na região da Zona da Mata (MG), escolheu Curitiba (PR) para viver em 1987. Trabalhou no jornal Gazeta do Povo, foi docente de Jornalismo na Uninter e já havia lançado outros três livros: A caminhada ou O homem sem passado (2013), Do outro lado da rua (2016) e Pequeno tratado do amor e da natureza (2020). Com o último, foi finalista do Prêmio Off Flip de Literatura 2020, na categoria Poesia.

Nicolato também foi organizador da obra Teorias do Jornalismo, pela Editora Intersaberes (clique aqui). No quarto livro, o romance Pacto é ambientado no período da ditadura militar na década de 1970. Os protagonistas são três jovens: Júlio, Ana e Gabriel. Publicado em formato e-book, a obra faz parte do Programa de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e do Ministério do Turismo, com apoio da Lei Aldir Blanc, selecionada em concurso cultural. As ilustrações são de Robson Vilalba, com projeto gráfico do Estúdio Thapcom e prefácio do escritor Luiz Rufato.

O autor traça algumas diferenças entre jornalismo e literatura. “No trabalho jornalístico, você tem que estar presente o tempo todo, a linguagem é mais objetiva, embora nas grandes-reportagens você possa exercer também a literatura. Na literatura o processo é diferente, lida diferentemente com o tempo. É principalmente imaginação, exige muita criatividade. O jornalismo é a própria realidade. São dois processos diferentes. A ficção você tem que estar muito concentrado, ler muito, criar os personagens”, comenta.

Mesmo lançado somente agora, o livro começou a ser escrito em 1996. Nicolato voltou no tempo para falar da juventude e do movimento estudantil, época marcada por censura e violência no Brasil, entre os anos de 1976 e 1979. Pesquisou o cenário e citou acontecimentos, trouxe a linguagem e gírias da época, a música, a poesia marginal, o teatro de rua. O jornalista e escritor comenta como foi o processo de produção e o porquê de tratar desse assunto nos dias de hoje.

“Para falar como foi aquela época para as pessoas novas, os estudantes. Se a gente não bater nessa tecla, pode ter de novo uma ditadura nesse país. E a gente não quer isso. As instituições estão firmes e fortes, protegendo a sociedade, o Estado de Direito. Na época, fiz no sentido mesmo de falar da minha infância, e logicamente eu teria que falar ditadura. Quando tinha 30 anos, senti saudades da minha juventude, tive uma crise existencial, e a literatura serve como uma catarse, mesmo que a gente não viva aquela realidade. Mesmo que seja uma memória imaginada, algumas coisas de fato aconteceram, os espaços estão ali, está muito atual”, comenta.

Nicolato também dá algumas dicas para quem quer ingressar no mundo da escrita. “O jornalismo literário vai ajudar a você fazer seus textos, a fazer uma grande reportagem. A gente tinha uma perspectiva de que as matérias da internet seriam curtas, mas vemos textos enormes na internet, tornou-se um espaço para muita coisa. Até por questão de organização da narrativa, trazendo as descrições, pontos de vista, descrição de espaço e texto, como você trabalha a questão do suspense na narrativa, como fisgar o leitor”, pontua. “O jornalista tem que ler literatura, trazer filosofia, sociologia, história”, aconselha.

O sétimo episódio do Literacia da Mídia trouxe Roberto Nicolato para debater “Jornalismo e Literatura: um diálogo possível sobre a ética?”, mediado pelo coordenador do curso de Jornalismo da Uninter, Guilherme Carvalho, e pelo professor Eugênio Vinci de Moraes. O encontro foi transmitido ao vivo pelo Youtube de Jornalismo Uninter, Rádio Uninter, TV Profissão, IES TV e RMC TV. Para assistir ou apenas ouvir a este e aos programas anteriores, clique aqui.

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Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal e Reprodução


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