Repertório e planejamento são fundamentais para o desenvolvimento de uma boa escrita

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Escrever um texto é sempre um desafio, independente do gênero ou tema abordado. Como começar, dar continuidade, apresentar bons argumentos, fazer um bom fechamento, além da pontuação e das regras ortográficas, são alguns dos principais obstáculos que as pessoas encontram ao tentar expor as próprias ideias em palavras.

A leitura e a escrita são práticas que caminham juntas, mas, segundo a professora Viviane Stacheski, da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, “não quer dizer que se você ler muito vai automaticamente escrever bem”. Para a profissional, uma boa escrita depende de uma soma de fatores e, para começar, é necessário um bom repertório. Ela aponta que além da leitura, direcionada para a área que se quer escrever, é importante assistir a produções audiovisuais, palestras, participar de eventos acadêmicos.

“Muitas vezes a gente já ouviu falar ‘fulana tem o dom de escrever’. Gente, não é dom. Às vezes só ela sabe o quanto de prática ela já fez para ter um pouco mais de facilidade para escrever. Todo mundo precisa se debruçar sobre um texto que escreve. Às vezes até em uma mensagem de WhatsApp dá para cuidar um pouco com isso. Nessa escrita que você pratica o tempo todo, já é um exercício também”, afirma.

Planejamento e escrita

A professora Sônia Radvanskei, que também atua na ESE, atenta para o fato de que não adianta escrever qualquer coisa de qualquer jeito. “Todo gênero textual tem uma estrutura, tem palavras específicas que eu vou usar, o jeito de começar, de terminar. Tem uma função social, o que eu tenho que chamar atenção, o que eu não tenho, são esses cuidados”.

O primeiro passo é fazer um planejamento, pensando em quatro perguntas: O quê? Para quê? Como? Por quê? Isso serve para organizar as ideias e dar um norte à escrita, para evitar pegar vários tópicos ao mesmo tempo e se perder em meio ao que se quer dizer. Essa “chuva de ideias”, depois de organizada, deve ser colocada em parágrafos também planejados.

Viviane cita a questão do parágrafo padrão, que precisa ter começo, meio e fim. “Nessa primeira frase que você vai escrever, você já vai dar uma ideia ao seu leitor de que assunto vai tratar. Já começa o texto falando desse tema central do seu parágrafo. Quando vocês fazem esse esquema, a finalização fica mais tranquila, porque você retoma a ideia inicial, claro que vagamente, e dá uma conclusão para aquela ideia. E isso a gente vai aprendendo realmente com a prática”.

“É o primeiro parágrafo que vai chamar a atenção do leitor para a sua leitura ou não. Se você já lê um parágrafo tumultuado, sem coesão, sem coerência, já abandona o texto. O nosso trabalho é lapidar o texto, é escrita e reescrita”, complementa Sônia.

Para Sônia, o maior desafio de quem escreve é ser sintético, dizer tudo aquilo que se quer dizer em poucas palavras, com boas escolhas de repertório e de vocabulário. Ela diz que para fazer esse trabalho “é legal escrever tudo o que quer, para depois ler” e perceber o que precisa ser modificado ou não, lapidando o texto até ele ter começo, meio e fim.

“No começo você acha tudo bem importante, você não consegue tirar, porque você tem um apego com aquelas palavras que colocou ali, tão cuidadosamente escolhidas. Mas depois você começa a perceber [que] ‘não, isso daqui tira, isso daqui não é importante’, e fica realmente ali só a poupa, o que é realmente importante”, explica.

Recursos que podem ajudar

De acordo com Viviane, houve um tempo em que o homem memorizava muito mais coisas do que agora. Hoje, a nossa mente guarda só o que é realmente importante, pois há recursos de fácil acesso que ajudam nesse processo. Um deles são os dicionários de sinônimos, facilmente encontrados através de mecanismos de buscas na internet.

A docente cita o exemplo de trabalhos de conclusão de curso (TCC), em que se utiliza muitos sinônimos, assim como pronomes. Eles colaboram na construção de paráfrases, que é escrever com as próprias palavras a ideia de uma outra pessoa. “Quando você usa esses recursos a seu favor, eles já te facilitam”.

Sônia lembra uma prática que é a construção de uma biblioteca particular. É possível organizar no próprio computador pastas com modelos de resumos, artigos científicos, início de textos, para que sirvam de inspiração em momentos que os pensamentos “travam” e surge o “famoso branco” na memória. Ela também dá a dica de ler outros materiais que deem dicas de como seguir com a produção.

“Se escrever é um processo, é um processo que vai começar com dificuldades e quanto mais você escrever, quanto mais você vai ler, você vai ver que as coisas vão ficando mais fáceis. Mas a pessoa só vai ter facilidade na escrita se for uma boa leitora. Porque se eu não tiver o que escrever, eu vou escrever sempre as mesmas coisas, eu vou usar sempre os mesmos conectores, eu vou usar palavras repetidas”, salienta.

Viviane acredita que um texto sempre pode ser melhorado, portanto, algo importante é dar o texto para que outra pessoa leia. Alguém confiável e que seja crítico, que poderá apontar melhorias na produção. Quando se lê o mesmo texto repetidas vezes, é possível que erros ortográficos e de pontuação passem despercebidos, assim como falhas de coesão e coerência.

Outra prática é a de ler o próprio texto em voz alta, para ouvir e conseguir interpretar melhor. “Quando nós lemos em voz alta, a gente consegue ver se ela está articulada, se precisa de pontuação, se ficou muito longa, porque [com] frases ou enunciados muito longos, a gente perde o início. Aí você tem que ler várias vezes para tentar compreender”, afirma Sônia.

Para as profissionais é preciso pensar em quem você é enquanto autor e também como leitor, quais ambientes te favorecem mais a escrever e a ler. As professoras abordaram o assunto no programa Dialogando com a Educação acerca do tema Você tem dificuldades para escrever? A transmissão foi realizada pela página do Facebook de Educação da Uninter e segue disponível para acesso.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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