Repensando o álcool: quando um “gole” se torna perigoso?

Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos (*)

O consumo de álcool é responsável por 2,6 milhões de mortes anuais em todo o mundo, representando 4,7% de todas as mortes no planeta. Esses números alarmantes, divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ressaltam os graves riscos associados ao consumo dessa substância e nos convidam a uma reflexão importante: nossa relação com o álcool é realmente saudável? É possível ter uma relação saudável com o consumo de álcool?

É comum ouvir, especialmente entre os mais jovens, que o consumo de álcool em pequenas quantidades não prejudica o organismo. No entanto, de acordo com os principais órgãos de saúde, não existe quantidade segura de álcool. Sendo assim, a orientação é evitar qualquer consumo dessa substância. Nos casos em que se opte por consumir álcool, sugere-se manter a dosagem dentro do considerado moderado. De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), uma dose padrão de bebida alcoólica no Brasil equivale a 14g de álcool puro, o que corresponde a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado (como vodca, uísque, cachaça, gin e tequila). Com base nessas definições, o consumo moderado é considerado como no máximo duas doses em um único dia ou 14 doses por semana para os homens. Para as mulheres, as quantidades são de uma dose em 24 horas ou sete doses durante sete dias. No entanto, ressalta-se que mesmo esse consumo “moderado” pode ser prejudicial, causando diversos problemas de saúde, incluindo doenças do fígado, como cirrose hepática e vários tipos de câncer.

Neste cenário, uma das formas de evitar complicações decorrentes do consumo de álcool é ficar atento aos sinais de possíveis abusos nessa prática. Os sinais de alerta que indicam um problema com o álcool são diversos. Beber mais do que o pretendido ou com mais frequência do que o planejado, desenvolver tolerância (ou seja, a necessidade de consumir quantidades cada vez maiores para sentir os mesmos efeitos) e ter um desejo incontrolável de beber são alguns desses sinais. Além disso, a negligência de responsabilidades em favor do consumo de álcool, os prejuízos à saúde, como problemas hepáticos, gastrointestinais e cardiovascularese, os conflitos interpessoais com amigos, familiares ou colegas também são indicadores importantes de que a relação com o álcool pode estar se tornando problemática.

Além disso, o isolamento social, ao retirar-se de atividades sociais habituais para beber sozinho ou em situações isoladas, e a dificuldade de parar de beber, mesmo reconhecendo os problemas causados pelo consumo de álcool, são indicativos de um problema sério. A abstinência, caracterizada por sintomas físicos e emocionais desagradáveis quando não se consome álcool, como tremores, ansiedade, sudorese e irritabilidade, e a prioridade do álcool sobre o autocuidado e o bem-estar pessoal, são sinais críticos que demandam atenção.

Há, ainda, que ressaltar que reduzir o consumo de álcool não apenas contribui para a prevenção de diversas doenças e comorbidades, mas também proporciona uma qualidade de vida significativamente superior. Mudanças simples, como optar por bebidas não alcoólicas e priorizar a saúde mental e física, podem ter um impacto profundo no bem-estar geral. Ao adotar um estilo de vida mais saudável, estamos investindo em um futuro repleto de vitalidade, energia e longevidade. É importante lembrar que cada escolha saudável feita hoje estabelece as bases para um amanhã mais pleno e satisfatório.

(*) Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos é Nutricionista, Mestre em Alimentação e Nutrição e professora da Escola Superior de Saúde da Uninter

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Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos (*)


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