Querido livro
Você já se perguntou quando nasce uma paixão? Quando é que você percebe que é amor? O instante exato em que aquele sentimento de êxtase tomou conta de você? A alegria incontrolável, os olhos brilhando. Aquele cheiro conhecido que te faz sentir tão bem…
Você acredita em amor à primeira vista?
Eu acreditei, na primeira vez que li um livro.
A primeira lembrança que tenho da leitura, assim como a maioria começa, são os gibis. O texto era fácil, simples e rápido. E, é claro, as ilustrações também ajudam muito. Mas o que me lembro bem é que, em pouco tempo, aquelas páginas coloridas com muita imagem e pouco texto já não eram o suficiente para alimentar a minha sede das palavras. Então parti para algo novo e desafiador para meus 10 anos de idade. O bom e velho livro.
Talvez você pense que comecei a ler tarde e, realmente, também acho. Nunca tive muito incentivo para leitura em casa. Meus pais faziam questão de enfatizar a importância dos estudos, da leitura e da escrita, mas a ênfase era para aqueles livros que recebíamos na escola, de português, história, entre outros (de maneira nenhuma tiro sua importância).
Ninguém me falou nada sobre a infinidade de livros que existiam por aí. E quando descobri que havia um mundo todo esperando para ser explorado dentro daquelas páginas amareladas… eu me encantei!
Meu primeiro livro foi um infanto-juvenil. Pequeno, poucas páginas. Ainda tinha o recurso das ilustrações, mas com muito mais texto do que uma história em quadrinhos. Era A Turma da Mão Preta. Sim, eu me lembro bem. Amava esse tipo de leitura. Devorava aquelas páginas em questão de poucos dias. Com o passar dos meses, esse tempo diminuiu para poucas horas. Logo, já não havia mais sequer um livro nas prateleiras daquela seção que eu não tivesse lido. Não tinha outra opção a não ser passar para o próximo nível. Os livros com mais de 100 páginas.
Foram poucos juvenis antes de passar para leituras mais densas. Eram tantas opções e histórias incríveis. Conteúdos mais pesados e sérios. Capas duras, simples ou brochura, com elementos que chamavam a atenção. Livros usados ou aqueles com cheirinho de novo. Folhas brancas amarelas, letras pequenas e grandes. Capítulos que começavam com trechos de músicas ou poemas. Títulos que impactavam. Tudo brilhava aos meus olhos.
Mas sabe qual a coisa mais incrível no meio disso tudo? Eles ainda brilham. Cada vez que entro em uma livraria, biblioteca ou sebo. Cada vez que entorto o pescoço dentro ônibus ao tentar descobrir o título que alguém está lendo. Cada vez que vejo olhos concentrados e expressões faciais que me contam um pouco sobre a leitura alheia.
Um livro tem o poder de cativar, fascinar e envolver. É capaz de te levar à lugares jamais vistos, daqueles que construímos apenas em nossa mente, com a junção das palavras e a imaginação. Te transporta para outras realidades e culturas. Te oferece informação, novidade, conhecimento. Pode trazer paz para a alma, e te distrair dos piores problemas. É o melhor presente para se dar ou receber, sempre.
É uma pena saber que algo tão poderoso e bonito, muitas vezes, é deixado de lado. Esquecido. Substituído.
Ahh se as pessoas soubessem o poder que tem um bom livro!
* Jaqueline Deina é estudante de Jornalismo.
Autor: Jaqueline Deina - Estagiária de Jornalismo