Quem dança, seus males espanta

Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo

Assim como toda e qualquer arte, a dança passou por inúmeras mutações ao longo dos anos. Passando por manifestações religiosas, danças em pares, o ritmo do axé – que fez muito sucesso no Brasil – até chegar nos grupos de k-pop que são a sensação do momento.

O que não mudou ao longo do tempo foi sua relevância como forma de expressão entre as pessoas. Seja de uma opinião, um sentimento ou um protesto, a dança tem o poder de se tornar parte da vida de seus praticantes.

O empresário e professor de dança Leonardo Aires, está na carreira de dança de salão há 22 anos e sentiu na pele o potencial transformador do corpo em movimento.  “Comecei na dança em 1997. Era muito tímido no início, e a dança começou a me resgatar. Eu participei de um concurso com uma amiga, nós treinamentos com um professor, e ali eu aprendi com ele algumas coisas”, conta.

Terem vencido o concurso e contato com o professor, fizeram com que Leonardo tivesse ainda mais vontade de se dedicar à dança.  Na busca por evoluir cada vez mais, participou de congressos, cursos e formações especializadas. “Hoje eu trabalho com a escola para todas as idades, desce crianças até pessoas com mais de 80 anos e também alunos PCD. A dança é para todos”, complementa.

Dirceu Kraisnki é um dos alunos do Leonardo. Ele que foi diagnosticado com Parkinson há 17 anos, mas não viu ali um ponto final, e sim, um recomeço. “Quando fui diagnosticado com Parkinson eu comecei na arte, fui para o teatro, então sempre tive contato com a dança”, recorda.

Dirceu também é membro e fundados do Os Praiaços, grupo que surgiu na orla da praia de João Pessoa (PB) para conscientizar sobre preservação ambiental. Mas que hoje tem um projeto ainda maior: levar alegria a idosos residentes em lares de longa permanência e portadores do parkinsonismo.

“No meu trabalho como palhaço também inclui muito a dança. E o objetivo da minha trajetória hoje é transformar a dor em sorriso”, comenta Dirceu. Ele conta que desde pequeno gosta de dançar, mas sempre foi muito tímido, “hoje a dança é mais que um exercício pra mim, é o que traz alegria e transformação. A timidez some quando estou dançando”.

Primeiros passos na dança

É comum ter a ideia de que para iniciar em alguma modalidade tem idade limite. Será que na dança também é assim? Leonardo esclarece que não!

“Para iniciar nas aulas não existe uma idade certa. Nas minhas aulas de dança de salão, é possível ver que as turmas são todas mistas, temos adultos, crianças jovens. A única coisa que a pessoa precisa é querer. Se ela tiver vontade, estamos lá para ajudar ela a começar”, acrescenta.

Além de sua acessibilidade, a dança também proporciona inúmeros benefícios.  Tonificar a musculatura, melhora da flexibilidade, move as articulações, isso tudo com muito cuidado. Afinal, a dança não está livre de lesões como em qualquer outra modalidade. Mas, segundo Leonardo, “ao mesmo tempo em que são precisos esses cuidados, também é possível utilizar a dança como um tratamento para fortalecer a trabalhar regiões já lesionadas”.

A saúde mental também é trabalhada durante as aulas. “A gente tenta ajudar o aluno a melhorar seu raciocínio, sua atenção. Tendo essa ideia de visão periférica o aluno fica mais ativo, por ter que usar ambos os lados do corpo em sintonia. A memória também é exercitada já que eles precisam decorar os movimentos e as sequências”, explica o professor.

A dança também ajuda muito no relaxamento do corpo e do cérebro. Embora mente e corpo sigam trabalhando, é de uma forma prazerosa e que distrai a pessoa da sua rotina exaustiva, seja no trabalho ou em casa.

“Só quem está dentro e experimenta, sabe as sensações que vêm com a dança. No evento em que me apresentei com Dirceu, muitas pessoas ficaram emocionadas em ver aquilo acontecendo, em ver a dança agindo, mas não sabiam explicar em palavras”, acrescenta.

Para Dirceu, a dança e o teatro foram fundamentais para compreender o Parkinson e trabalhar com isso da melhor forma. Ele conta que para cada obstáculo, desenvolvia um jeito novo de superar. O palhaço, por exemplo, é a forma que Dirceu encontrou de trabalhar a paralisia facial e ir se desenvolvendo com o tempo.

“Na dança, com o Leonardo, me conectei bastante com o equilíbrio e a sintonia. Eu não consigo explicar o que sinto, mas as emoções estão ali. A terapia e o pilates são ótimos também, mas é na dança que eu me encontro. Você mergulha em seu interior e encontra paz, harmonia, estabelece um fluxo energético. A gente cria um amor-próprio inexplicável”, complementa Dirceu.

Ele comenta que encontrou na dança novas expectativas para si mesmo. “Eu quero continuar e, claro, me apresentar para os outros se possível, mas principalmente pra mim. A gente vê as pessoas carregadas, estressadas, se pudessem dançar por cinco minutos mesmo que sozinhas, resolveriam tudo”, diz.

“Se eu pudesse dar um conselho para alguém, seria que ela dance. Dance que a vida vai melhorar, mesmo que seja pouco ou muito, transforme sua vida em um grande baile. A vida deve ser vivida”, finaliza Dirceu.

Os benefícios da dança para a saúde foram tema do programa Caminho para a Saúde, transmitido pela Rádio Uninter. Para a conversa, Evandro Tosin e Dirceu Krainski receberam o empresário e professor de dança, Leonardo Aires.

Assista à transmissão completa clicando aqui.

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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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