Projeto socorre estagiárias que perderam a renda na pandemia
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
A pandemia ocasionada pelo novo coronavírus e o consequente isolamento social têm impactado diretamente no trabalho de muitas pessoas, principalmente na área de educação. Como os alunos não podem se aglomerar em salas, as aulas passaram a ser lecionadas das próprias casas dos professores e os estudantes recebem os conteúdos de forma virtual. Isso gerou a dispensa de muitos profissionais e ainda mais de estagiários, que passam por esse período de aprendizado prático para atuação.
Pensando nesta situação, os colaboradores da Uninter do polo de educação a distância de São José do Cedro (SC) começaram a organizar uma campanha para ajudar 43 alunas dos cursos de Pedagogia, Ciências Biológicas e Educação especial que perderam a fonte de renda que obtinham através de estágios realizados na rede pública de ensino.
O programa, intitulado “Projeto Bolsistas”, vem sendo divulgado desde o dia 18.mai.2020 nas redes sociais do polo e é desenvolvido pela gestora da unidade, Andréia Demossi Perin, pela coordenadora acadêmica, Maria Carolina Araújo, e pela secretária, Márcia Schnorr.
Segundo Andréia, o projeto consiste em divulgar a disponibilidade destas profissionais a toda a comunidade local e regional, para quem precisa de um profissional com experiência e formação na área de educação para cuidar dos filhos ou auxiliar nas tarefas escolares.
“A ideia veio da secretária do polo [Márcia Schnorr], a partir das alunas que vinham conversar com ela. Ela recebia as alunas, que traziam as angústias delas. A gente vê que tantas pessoas estão precisando de ajuda na hora de fazer as tarefas, na hora de ficar com as crianças. Os pais estão trabalhando e não têm com quem deixar as crianças, precisam de alguém com uma certa formação pra ajudar. Nós temos essas profissionais, podemos direcionar para os pais que precisam e a ajuda as nossas alunas a ter uma renda”, explica Andréia.
“Bolsistas” é como são chamadas as estagiárias remuneradas do município e muitas delas foram pegas de surpresa, quando no começo de abril foram convocadas a uma reunião na prefeitura municipal e avisadas de que estariam sendo dispensadas.
Anaqueide Deliberal, que já é formada em Letras e agora cursa o último ano de Pedagogia, começou a estagiar apenas um mês antes da dispensa, em uma creche da rede pública. A estudante diz que chegou a receber sua remuneração do mês de março, assim como todos os outros servidores da educação, mas que o aviso veio logo em seguida.
“Fomos informados de que nossos contratos estavam sendo revogados e que a partir daí estávamos sendo afastados sem remuneração, até segunda ordem. Com certeza foi um choque para todos, estávamos todos desempregados, sem fonte de renda, sem nada o que pudéssemos fazer. Um sentimento de impotência e de incerteza com relação ao que estava por vir”, lembra.
Dayse Justen, também aluna do último ano de Pedagogia, chegou a trabalhar por dois anos em uma creche, mas sem o emprego neste período, ela precisou buscar ajuda. Em conversa com Andréia, a estudante conseguiu entrar em contato com uma família que necessitava de auxílio com as atividades do filho e voltou ao trabalho no último dia 28.mai.2020.
“Vai auxiliar muitas famílias que às vezes não tem o tempo necessário para ajudar seus filhos nas tarefas. E, por outro lado, cria oportunidades para estudantes para ganhar uma renda e aplicar seus conhecimentos”, diz Dayse, destacando a importância do projeto.
Para Anaqueide, a campanha realizada chegou para as alunas como “uma luz no fim do túnel”. Segundo a estudante, a coordenação do polo de São José do Cedro tem demonstrado preocupação com a situação, auxiliando de forma significativa neste momento de incertezas.
“Com certeza está sendo uma nova experiência para todos, mas sinto que estou desempenhando um bom trabalhando, conseguindo auxiliar duas famílias com a educação de seus filhos e sinto também um sentimento de gratidão por parte das famílias. Só temos a agradecer a coordenadoria da Uninter do polo de São José do Cedro pela realização da campanha das bolsistas.”
A gestora Andréia Demossi Perin diz que nos primeiros dias eles já colhiam resultados significativos. Com uma semana de divulgação, mais de dez alunas já estavam trabalhando novamente. “Acreditamos que essas ações fortalecem o nome da nossa instituição no município de São José do Cedro, além de contribuir com a renda das nossas alunas”, finaliza.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
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