Projeto de aluno de Engenharia de Produção observa reciclagem em Paranaguá (PR)
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoO Brasil produz anualmente, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 82,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no país e 46 milhões delas são descartadas em aterros sanitários sem um tratamento adequado. É diante disso que alunos de Engenharia de Produção da Uninter desenvolvem trabalhos extensionistas voltados à questão da logística reversa, que se refere ao ciclo logístico de industrialização, distribuição no varejo, coleta seletiva, reciclagem, consumo e descarte de embalagens pelo consumidor. O processo consiste na transformação dos materiais reciclados em matéria-prima para novas embalagens, dando sequência a um novo ciclo de industrialização consciente quanto ao desenvolvimento econômico e sustentável.
“É neste cenário que abordamos o conceito da logística reversa e o seu ciclo interativo: industrialização, distribuição, venda, consumo, descarte, coleta seletiva e reciclagem. Por meio de cooperação entre o setor industrial, consumidores, órgãos públicos, associações cooperativas e sociedades, temos parte da cadeia viva do desenvolvimento econômico sustentável”, aponta o estudante de Engenharia de Produção Cleverson Luiz Campos Paio sobre o desenvolvimento de seu trabalho.
Durante o curso, as atividades extensionistas são divididas em quatro etapas, da identificação de um local que exerça o processo de logística reversa à implementação prática de melhorias. O curso é totalmente a distância e permite que cada aluno desenvolva as atividades de forma adequada à sua realidade local. “As atividades extensionistas são uma das formas de a universidade devolver para a sociedade o conhecimento de forma voluntária”, comenta o supervisor dos projetos e professor do curso, Everton Luiz Vieira.
A pesquisa de campo realizada por Cleverson ocorreu na sede da cooperativa de reciclagem, tendo como objetivo de estudos o ciclo de descarte e reciclagem do plástico e papelão na Associação de Catadores e Recicladores Nova Esperança na Ilha dos Valadares, em Paranaguá (PR). A associação, fundada em janeiro de 2007, possui 18 associados, os quais trabalham de segunda a sexta, recebem por produtividade e possuem créditos em mercados da região.
“A metodologia e o desenvolvimento do trabalho foram realizados por meio de visita in loco em 21 de janeiro de 2022. Recursos fotográficos e coletas de dados por entrevistas foram utilizados como fontes de apoio”, explica Cleverson.
Quanto à operação na associação, foram observados os seguintes pontos: recebimento e armazenagem, triagem, armazenamento de material classificado, prensagem e armazenagem em área de carregamento e, por fim, a venda e coleta pelo comprador. Observou-se também alguns produtos já reciclados por um dos compradores de plásticos da associação.
Além do trabalho da associação frente aos aspectos ambientais e econômicos, o estudante também destacou um trabalho social junto à comunidade de Ilhas, ao redor da Ilha dos Valadares, local onde a associação Nova Esperança está localizada. Chamado de Troca Solidária, o projeto consiste em trocar alimentos por materiais recicláveis gerados pelas comunidades das ilhas, caracterizando um projeto de logística reversa da associação dentro do próprio conceito macro da logística reversa.
Algumas carências foram apresentadas no local e também observadas ao decorrer da visita, tais como: 5S do local, otimização de fluxo de trabalho, capacitação de associados, falta de profissionais responsáveis (engenheiros) e rede educacional e técnicas de incentivos para os associados. Foi sugerido apoio voluntário com técnicas de gestão por meio de palestras, visitas e auxílio. Essas fases ainda estão por vir no decorrer da formação de Cleverson e das próximas atividades de extensão.
Hoje, a logística reversa é regulamentada no Brasil por meio da Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Essa lei é regulamentada pelo decreto 7.404/2010, o qual contribui no ciclo logístico com o desenvolvimento econômico sustentável e social. De acordo com a PNRS, a responsabilidade sobre os produtos cabe aos comerciantes, fabricantes, importadores, distribuidores, cidadãos e titulares de serviços de limpeza e manejo dos resíduos sólidos urbanos.
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Acervo pessoal