Programa Impacto e Propósito debate a importância do voluntariado

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

Agosto é o mês do voluntariado, celebrado no dia 28. De acordo com a Pesquisa Voluntariado no Brasil, do Instituto para Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) com o Datafolha, em 2011, cerca de 11% da população brasileira fazia trabalho voluntário. Já em 2021, esse índice saltou para 34%, sendo 22% realizado com frequência e 12% não frequente.

O tempo médio do voluntariado também aumentou no Brasil na última década. Se há 11 anos eram 5 horas, agora são 18 horas voluntárias. Em Curitiba (PR), a média é de 12 horas.

Muito do crescimento desses índices se deve à pandemia do coronavírus. O público mais atendido no momento são as famílias e a população em situação de rua. No entanto, a atuação das organizações sociais se tornou mais desafiadora, principalmente quanto à falta de recursos, capacitação e gestão.

Segundo a gestora social Tania Mara Cardozo, nos últimos dois anos a população se engajou muito na condição de voluntário doador, mas há um forte trabalho para que essas pessoas se tornem voluntárias cidadãs, comprometidas com a causa. Os principais motivos para as pessoas não se dedicarem a um trabalho voluntário são as faltas de oportunidade, de apoio, de informação e de tempo.

“Isso é cidadania, olhar para o outro com olhar solidário e com olhar de poder fortalecer a autoestima e trazer para aquela pessoa um pouco de amor e um pouco de carinho. Fazer com que essas pessoas tenham um olhar de esperança para o futuro. É isso que a gente sempre pede que o voluntário faça, que se envolva um pouco mais além da pura doação”, explica Tania.

Voluntariado corporativo

Tendo em vista todas essas questões, o Instituto IBGPEX, braço de responsabilidade social da Uninter, busca engajar os colaboradores da instituição e suas famílias por meio Programa de Voluntariado Uninter.comAmor (veja mais aqui).

O advogado Carlos Eduardo Garcia é um dos mais engajados no voluntariado corporativo e já fez o papel de Papai Noel na campanha Doce Natal por diversos anos. Para o profissional, “o voluntariado é um ato de amor”, em que você pode dividir tempo e conhecimento com as pessoas. De acordo com a assistente social do IBGPEX, Fernanda Milane, a última edição da ação (confira neste link) contou com 48 voluntários e cerca de 160 horas de trabalho voluntário.

“Foi fantástico ver o brilho no olhar das crianças, a troca na hora de receber e abrir o presente, na hora de falar com o Papai Noel”, lembra Carlos.

A gerente de projetos sociais do IBGPEX, Rosemary Suzuki, salienta que um dos tipos de doação que a Uninter também faz hoje é a mão de obra voluntária. Há um banco de vagas de voluntários para organizações sociais que precisam e foram selecionadas por meio de edital com os pré-requisitos necessários. Assim, os colaboradores podem se candidatar para trabalhar.

Para isso, as organizações da sociedade civil (OSC) participaram de uma capacitação de gestão de voluntariado, ministrada por Tania, que aconteceu no dia 30 de junho, com o envolvimento de nove organizações OSC. Veja na matéria realizada pela CNU neste link.

“Fiquei muito feliz com a proposta, porque as empresas montam o seu programa de voluntariado e têm sim que ter alguns processos e seguir a legislação. Isso é muito delicado, porque a gestão do terceiro setor é diferenciada, tem algumas especificidades. Nós indicamos ferramentas para que eles pudessem trabalhar nas suas organizações”, comenta Tania.

A gestora social diz que é importante saber como abrir as portas da organização e receber o voluntário, como indicar iniciativas, ações e atividades desenvolvidas. Afirma ainda que o voluntário brasileiro é qualificado, por isso é preciso buscar as habilidades e potenciais que têm a oferecer.

Carlos garante que a partir do voluntariado as pessoas se tornam mais solidárias, conseguem ter uma visão sistêmica e criar uma “empatia fenomenal” ao entender um pouco mais do que o outro vive.

“Isso nos ajuda muito na resolução de conflitos, no dia a dia, a ser mais pacificador, entender as versões divergentes das suas. Essas são uma das grandes habilidades que o voluntariado nos ajuda, tanto na vida pessoal como na profissional”, complementa o advogado.

Os benefícios do voluntariado para os jovens

A idade média dos voluntários no Brasil cresceu de 39 para 43 anos entre 2011 e 2021. Isso mostra uma participação menor de jovens no voluntariado. A analista de marketing do IBGPEX, Poliana Almeida, diz que é necessário que as oportunidades de voluntariado também cheguem aos jovens, que hoje estão no ambiente digital.

“Acho que calha um pouco com a falta de informação sobre o trabalho voluntário. Fazer o fomento da comunicação dessas ações, trazer essa forma de rede de comunicação, também é uma das grandes alternativas para a gente atingir o público mais jovem”, comenta.

Rosemary lembra que hoje são exigidas experiências e habilidades para vagas de trabalho que, muitas vezes, os jovens não possuem ou não sabem por onde começar.  “Se você está em busca do primeiro emprego e acha que seu currículo é uma página em branco, comece pelo voluntariado”, incentiva a gerente de projetos sociais.

O relatório The Future Of Jobs, do The World Economic Forum, lista 15 habilidades essenciais para profissionais do futuro. Algumas são a liderança e influência social; inteligência emocional; pensamento crítico e análise; soluções de problemas complexos; criatividade, originalidade e iniciativa; e resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.

Habilidades essas que podem ser desenvolvidas por meio do voluntariado, segundo Rosemary. Por isso, a gerente de projetos sociais acredita que as crianças devem estar engajadas.

“Um recado para os pais: se você tem um filho, arraste essa criança ou adolescente para o voluntariado, mostre a realidade como é de verdade. Fora das telinhas existe uma vida real e, se a gente quer pessoas felizes no futuro, as pessoas precisam estar conscientes do mundo onde estamos inseridos. Ache uma forma e conte conosco para incluir seus filhos em um programa de voluntariado. Que seja pontual ou permanente, mas que seja, porque isso vai transformar a vida deles, com certeza”, conclui.

Voluntariado é o tema da última edição do programa Impacto e Propósito, realizado pelo IBGPEX e transmitido pela Rádio Uninter, no dia 11 de agosto. O bate-papo na íntegra está disponível para livre acesso, neste link.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski


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