Professores debatem em encontro nacional as diretrizes e os rumos do jornalismo
A Universidade Federal de Tocantins (UFT) sediou entre os dias 18 e 20 deste mês o 17º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo. Cinquenta docentes de vários estados e representantes de organizações de defesa dos jornalistas se reuniram em Palmas para debater as novas diretrizes curriculares, a ética profissional e regulamentações do estágio na profissão. Dos 11 professores do Paraná que participaram das discussões, três são da Uninter.
“O momento em que vive o Brasil e, consequentemente, o ensino superior, impõe desafios redobrados para o jornalismo”, disse o presidente da Associação Brasileira de Ensino de jornalismo (ABEJ), Marcelo Bronosky. Uma das discussões tratou dos impactos iminentes da reforma trabalhista na educação superior. Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Sérgio Gadini expôs a situação da Espanha, onde os trabalhadores já sofrem as consequências da reforma laboral instituída em 2012, bastante semelhante à brasileira.
Já o pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco Alfredo Vizeu fez uma reflexão sobre o ensino em tempos de crise. Para ele, o jornalismo contribui para a formação de um espelho da realidade, mas tem se submetido ao falso poder de prever e sentenciar por meio da mídia, esquecendo da premissa maior da profissão: a ética. “O jornalismo tem como missão básica interpretar a realidade social e com isso contribuir para que o ser humano compreenda mais as sociedades complexas. Essa é uma função central do jornalismo: as sociedades democráticas”.
Professores do Paraná
Onze professores do Paraná estiveram no encontro, incluindo PUC-PR, UFPR e UEPG. Da Uninter, participaram o coordenador de Jornalismo, Guilherme Carvalho, e os professores do curso Sílvia Valim e Mauri König. Sílvia Valim também é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná e Guilherme Carvalho, membro da diretoria da Associação Brasileira de Ensino de jornalismo.
Cíntia Xavier, da UEPG, entende o encontro como uma oportunidade de pensar o jornalismo continuamente, tanto como profissão como aprimoramento do ensino garantindo ao aluno uma possibilidade de olhar para o mundo de maneira diferente.
“São muitos detalhes das diretrizes curriculares nesse contexto nacional que é multifacetado, muito heterogêneo, e ao mesmo tempo, igual em alguns aspectos: a dificuldade de formar jornalistas e a dificuldade da relação com o mercado de trabalho. Isso tudo nos ajuda a enfrentar nosso cotidiano, o que precisa ser compartilhado com nossos professores e nossos estudantes”, diz.
Práticas de ensino de relevância social foram apresentadas como fundamentais na proposta de cumprir o papel do jornalismo. O incentivo ao jornalismo alternativo foi apresentado como uma forma de luta, militância e resistência à mídia hegemônica.
Diante da necessária atualização constante dos profissionais do ensino, uma das discussões foi o desafio de professores diante das novas plataformas e convergências em jornalismo sem precarizar o ensino e as relações de trabalho. Atualmente, o país conta com 315 instituições de ensino em jornalismo regulamentadas. Uma constante preocupação das universidades é em como lançar esses profissionais que estão sendo formados no mercado.
Para Sílvia Valim, a experiência de estágio deve ser compartilhada entre instituições de ensino, jornalistas e empresas, e o SindijorPR tem papel fundamental nessa articulação. “Fiscalizar é uma palavra muito forte pra nós, mas a entidade tem, sim, o papel de intervir quando há uma tentativa de exploração do estudante e de uma futura precarização do trabalho”, observa.
“Esse é um diálogo que estabelecemos com coordenadores de jornalismo tanto das universidades quanto das redações. Carecemos que os futuros jornalistas estejam prontos para a função ao se formarem e sabemos que o estágio tem papel fundamental nisso, mas estes não devem, jamais, substituir profissionais já formados” finaliza.
Autor: Com informações do SindijorPREdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Erivam de Oliveira