Professores da Uninter encenam a Ilíada, de Homero, em Libras

Autor: Leonardo Túlio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo

Uma das maiores obras do poeta grego Homero chega aos palcos de Curitiba em uma versão em Libras (Língua Brasileira de Sinais) pela primeira vez. Com a presença dos professores da Uninter Jonatas Medeiros (ator e professor da Escola Superior de Línguas) e Rafaela Hoebel (diretora e professora da Escola Superior de Educação), a peça A Ilíada em Libras, Canto I inicia a temporada no Teatro Novelas Curitibanas buscando promover mais acessibilidade a obras clássicas.

O professor e protagonista da peça Jonatas Medeiros comenta que o trabalho é resultado de longos anos de pesquisa, experimentos, diálogo com a comunidade surda e um árduo exercício de criação lexical e neologismo para se referir a deuses, heróis e cidades citadas no texto mitológico.

“A tradução do texto original foi um processo colaborativo. Pelo menos nos últimos seis anos tivemos uma participação mais robusta de pessoas surdas, comentando, assistindo a nossa tradução e contribuindo, mesmo que indiretamente, com esse processo tradutório”, conta.

O responsável por apresentar a história à Jonatas e fomentar essa ideia é Octavio Camargo, um dos diretores da peça. Nos últimos anos, a aproximação com Rafaela Hoebel, intérprete de libras e surda, foi mais um ganho para essa jornada homérica. “Posso dizer que, embora assine a tradução que incorporo, essa é fruto de muitas mãos e diálogos sinalizados”, afirma Jonatas.

Ele problematiza a falta de materiais de mitologia grega em Libras e afirma que essa é uma lacuna no campo. Segundo Jonatas, academicamente, esse debate não existe. Além disso, nos textos sinalizados que circulam na comunidade surda, essa referência textual não é encontrada. “Isso é preocupante, já que essa mitologia tem uma contribuição fundamental na formação de nossa sociedade ocidental, além de permear a maioria dos nossos discursos com referência e alusão aos textos de Homero em todas as áreas do conhecimento”, explica o tradutor.

Os realizadores da peça veem urgência em não apenas traduzir a Ilíada, mas trazer para o debate questões que parecem apagadas nas comunidades surdas. “Mais do que contribuir com essas comunidades, é ver o que a Libras nos revela desse texto, já que, ao se traduzir, revelam-se camadas semióticas que as línguas orais ocultam ou não dão conta de informar”, complementa Jonatas.

A peça A Ilíada em Libras, Canto I estará em exibição gratuita entre os dias 20 e 30 de abril, de quinta a domingo, às 20 horas, no Teatro Novelas Curitibanas – Claudete Pereira Jorge (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1222 – Centro).

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Autor: Leonardo Túlio Rodrigues - Estagiário de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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