Preconceitos linguísticos e uso das TIC’s no ensino são temas de seminário multidisciplinar

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Os estudantes que passam por uma formação na Uninter carregam o nome da instituição ao longo de toda a vida profissional, seja em setores públicos ou na construção de negócios próprios. Sendo assim, a instituição sabe da importância do acompanhamento destas pessoas durante os cursos e também quando se tornam egressos.

“Ver os seus egressos tendo sucesso profissional e se tornando pessoas dignas e éticas, esse é realmente o maior sucesso de uma instituição de ensino. Afinal de contas, nós precisamos fazer esse país funcionar a partir de uma base legal, ética e do respeito”, salienta a professora Dinamara Machado, diretora da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter.

Para acompanhar seus ex-alunos em seus primeiros passos na vida profissional, a Uninter possui um departamento de egressos, vinculado à Reitoria da instituição. Mas não é só o trabalho que importa, a continuidade dos estudos e a valorização da pesquisa também. Para dar destaque à pesquisa, a ESE e o setor de egressos realizaram o I Seminário Multidisciplinar Caderno Intersaberes na área de Linguagem e Sociedade, para a exposição de trabalhos publicados por estudantes e egressos da área.

“Eu sou formado na Uninter há 18 anos e digo para todo mundo: o papel da instituição enquanto relacionamento com egresso significa não só avaliar o seu desempenho na sua vida acadêmica ou profissional. Nós, enquanto departamento, temos que enxergar que os alunos são as maiores riquezas de uma instituição de ensino superior. [Estudantes e egressos] representam tudo o que reproduzimos, tudo o que estamos construindo, no processo contínuo do ensino, na pesquisa”, afirma Sidney de Lara, gestor do departamento de egressos.

De acordo com a professora Deisily de Quadros, coordenadora da área de Linguagens e Sociedade, o ensino superior está calcado no tripé do ensino, extensão e pesquisa. Ela afirma que os trabalhos de conclusão de curso (TCC), no formato de artigos, quando publicados promovem a divulgação de práticas profissionais, circulando novas descobertas.

“É importante a gente lembrar que um professor, para preparar suas aulas, desenvolve pesquisas, busca e elabora informações e, sobretudo, pesquisa junto com seus alunos. Uma sala de aula é um laboratório de experimentação de práticas, de reflexões, de métodos. O TCC é um momento de apresentar para a comunidade as reflexões que mais motivaram, mobilizaram ou tocaram aquele pesquisador ao longo de sua trajetória. É um momento também de tatear áreas que te interessem a serem exploradas ou desenvolvidas em momentos futuros de formação”, complementa o professor Cleber Cabral, do curso de Letras da Uninter.

Durante a transmissão da primeira noite do evento, a orientadora educacional do polo de São José dos Pinhais/Centro (PR), Anne Helling, participou representando os polos da Uninter. “Aqui a gente sempre estimula os alunos a lerem mais, a gente quer que os alunos sempre estejam mais preparados e estejam compartilhando. Nada do que a gente faz no meio acadêmico a gente faz só para a gente e sim acaba compartilhando para todos”, afirma.

A professora Mariana Bonat, do curso de História da Uninter, mediou a transmissão junto com o professor Cleber. As transmissões foram realizadas através da página do Facebook de Linguagens e Sociedade e do canal do Youtube da ESE.

Novas perspectivas e o uso de tecnologias no ensino de Língua Portuguesa

Fabrício Figueiredo se formou na licenciatura de Letras no polo de Boa Esperança (MG) e já atua como professor na rede estadual da região. O egresso desenvolveu o trabalho Desconstruindo pré-conceitos: uma perspectiva sociolinguística das aulas de Português e, através do tema, buscou relacionar a teoria e a prática com conceitos da sociolinguística. Para ele, apesar de recente, essa ciência veio para modificar e repensar a prática de professores, levando em conta não apenas a gramática, mas também o contexto do meio ambiente que o aluno convive.

“O professor tem que mudar sua mentalidade, ou seja, o aluno não vai à escola para aprender a falar português, ele vai à escola para se apropriar de um novo registro linguístico. O professor não pode desconsiderar toda a bagagem linguística que faz parte da identidade do indivíduo, da identidade da comunidade dele. E cabe à escola fazer uso das mais diversas situações comunicativas para que o aluno saiba usar um determinado registro linguístico para uma determinada situação”

Fabrício pontua mais dois tópicos importantes: a escolha do livro didático e o trabalho desenvolvido a partir dos mais variados gêneros textuais, procurando contemplar a diversidade linguística. O trabalho visa considerar toda a bagagem que faz parte da identidade do aluno, fazendo com que “o aprendizado passe a ter mais significado”.

Gladisson Silva também busca investigar a pluralidade da língua em seu artigo, mas incluindo a linguagem nativa da internet. O egresso não só cursou a segunda licenciatura em Letras pelo polo de São José dos Pinhas/Centro (PR) da Uninter, como hoje também leciona para alunos do mesmo curso na instituição. Com o artigo A linguagem utilizada nas redes sociais e seu impacto nas aulas de língua portuguesa, ele associa o mundo digital ao analógico.

“A gente tem uma ideia de que essa linguagem utilizada na internet não tem regra, é uma transgressão simplesmente. E na verdade, o ‘internetês’ segue códigos bem determinados de como proceder. Existe uma gramática da internet que precisa ser contemplada (…) A escola não precisa abrir mão da gramática, é justamente partir dessa experiência cotidiana dos alunos para exatamente mostrar a riqueza da língua, das variações disponíveis. E capacitar esse aluno para que ele seja capaz de utilizar a linguagem tanto para mandar uma mensagem de texto, quanto para elaborar um texto acadêmico. Ele precisa usar a linguagem de acordo com os contextos específicos e não é embarreirando essa discussão para longe da escola que isso vai acontecer”, afirma.

Kátia Münsch, também do curso de Letras no PAP de Curitiba/Catedral (PR), realizou mais um trabalho relacionado com a tecnologia. Ela desenvolveu o artigo O YouTube como tecnologia educacional nas aulas de Língua Portuguesa.

TIC’s em educação e o trabalho do revisor de textos

A segunda mesa-redonda da noite iniciou-se com o artigo desenvolvido por Daiana Cecatto, que já tem formação em História e está concluindo a segunda licenciatura em Geografia no polo de Videira (SC). Daiana é professora de uma instituição há oito anos e a ideia do trabalho se deu quando ela se propôs a reformular o blog da escola em que trabalha. O tema abordado foi Tecnologias de informação e comunicação na educação: blog da escola de educação básica Mater Salvatoris.

“Eu discuti [no artigo] sobre as tecnologias, como as tecnologias mudaram a vida das pessoas.  Impactou, sim, inclusive nessa questão da educação, só que o que muitas vezes parece é que a escola ficou congelada no tempo. O meu artigo busca esse novo olhar da nossa escola perante essa cultura digital”, explica.

Através do blog, são divulgadas atividades realizadas com os alunos. Ao mesmo tempo, o site funciona como um local para armazenar as memórias de estudantes e professores, valorizando também o trabalho da escola. “Muitas vezes, nós professores, não nos sentimos valorizados e o blog é uma forma de cativar o aluno e mostrar que a escola o escuta e o valoriza”, acrescenta.

Já Sandra Perez, do curso de bacharelado em Letras do polo de Itatiba (SP), foi motivada pela articulação das disciplinas estudadas e o interesse da prática profissional, abordando o tema A amplitude do trabalho do revisor de textos. Para ela, o profissional dessa área deve possuir algumas habilidades, sendo a leitura uma das mais importantes.

“O artigo teve como objeto de estudo a revisão de textos e o revisor, o perfil, a amplitude da profissão do revisor, os seus limites de atuação, as oportunidades do mercado de trabalho, o revisor frente as tecnologias e o processo da editoração. Hoje, com as novas tecnologias, o revisor teve suas fronteiras ampliadas e as suas atividades mais difundidas, deixou de ser um pouquinho invisível. A atividade desse profissional deve ir além de se adequar à norma padrão, nós temos que pensar no texto em um processo sociocomunicativo, numa abordagem linguística, uma linguagem textual, uma abordagem discursiva, o texto como a função social”, ressalta.

Seguindo a mesma linha de trabalho, Luciana Santos, do bacharelado em Letras no PAP São Paulo/Penha (SP), realizou a produção do artigo Revisão de texto e a voz do autor. Luciana afirma que muitas pessoas não conseguem visualizar como é todo o processo de produção de um livro até chegar à mão do leitor e, para ela, a etapa mais importante é a de preparação e revisão do material.

“O que me motivou mesmo é pensar que quando esse original chega para o profissional, se estabelece uma tríade, que é o autor, o texto e o revisor. E aí a pergunta que eu me fiz foi como se dá essa relação, quais são as funções de cada um? O revisor tem poder sobre o texto ou o autor? O meu objetivo foi delimitar alguns parâmetros que podem nortear o trabalho do revisor. Só que o meu foco foi no seguimento literário, que é o seguimento de romance, de poemas, crônicas, contos, para que a gente possa entender alguns problemas e também as possíveis soluções”.

Professores, estudantes e egressos debateram acerca dos temas desenvolvidos durante a primeira noite do Seminário Multidisciplinar Caderno Intersaberes da área de Linguagens e Sociedade, com participação via chat de toda a comunidade que acompanhava o evento ao vivo. O bate-papo continua disponível para acesso para os interessados.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Elijah O'Donnell/Pexels e reprodução


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