Por quê política e sociedade não dialogam?
Em sociedades extremamente críticas como as de hoje, com problemas crônicos históricos, o desenvolvimento passou a ser visto como solução para a insatisfação popular. Mas não apenas o desenvolvimento econômico, também o desenvolvimento cultural, social e político. As sociedades em transição são o alvo de pesquisadores que almejam descobrir de que maneira as mudanças dentro de cada sociedade vêm acontecendo, e o resultados destas indagações recaem sobre a política.
Essas inquietações são tratadas no artigo “As forças sociopolíticas e o processo de desenvolvimento dos sistemas emergentes“, veiculado na revista Ius Gentium, uma das sete publicações científicas da Uninter. “Os estudos sobre o processo de modernização das sociedades em transição incidem cada vez mais sobre os aspectos políticos que o caracterizam. Isso ocorreu não apenas porque se descobriu que tal processo podia ser objeto de novos enfoques acadêmicos, mas também porque a própria realidade desses países se transformou em assunto eminentemente político”, cita o artigo do pesquisador Manoel Alexandre Cavalcante Belo.
Segundo Manoel, intervenções programadoras do Estado não são recentes. Foi a partir da Primeira Guerra Mundial que se passou a executar “esforços conscientes e relativamente eficazes de planejamento”. Tendo como base o socialismo, a política anticíclica e a programação do desenvolvimento econômico.
Contudo, segundo o estudo, os esforços e decisões políticas não são resultados apenas de tramitações do próprio meio, mas também de outros elementos. São eles, forças sociais, econômicas, políticas e culturais. “Tais forças, atuando em uma situação complexa de interação, concentram-se no sistema político, que é o núcleo gerador das decisões relativas ao desencadeamento desse processo”, menciona o artigo.
Por fim, a pesquisa avalia que na prática, a sociedade pouco se movimenta para alcançar problemas fundamentais, sendo essa mobilização “transitória e pouco frequente”. Afirma-se também uma existente incompatibilidade de poderes entre as estruturas nacionais, regionais ou locais. A incapacidade de pautas para mudança societária, o que incluir aspectos de desigualdade, exclusão e dependência, e de pautas relacionadas ao crescimento econômico.
A pesquisa conclui que é necessário repensar todo o processo, levando em conta as condições políticas nas áreas emergentes, para possibilitar a participação organizada e autônoma da sociedade.
Autor: Letícia Costa - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König