Por que cursos de licenciatura são inviáveis em menos de 4 anos
Autor: Fillipe Fernandes e Juliane Lima - Estagiários de JornalismoA formação de profissionais da área da educação é objeto de discussão há décadas, e uma das interpretações controversas da legislação tem sido sobre a viabilidade de se fazer um curso de licenciatura em menos de 4 anos. Entenda nesta matéria por que isso é inviável.
Desde a promulgação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), na década de 1990, o tema passa por reformulações periódicas pelo Ministério da Educação. A mais recente alteração veio através da portaria do MEC nº 2.167, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 20 de dezembro de 2019.
O documento define as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a formação de professores do ensino básico. Para tal, é instituída a BNC-Formação (Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica) que deve ser aplicada em todos os cursos de licenciatura do país.
O principal aspecto dessa nova norma é o alinhamento completo das instituições de ensino superior (IES) com a BNCC (Base Nacional Curricular Comum), que visa criar um padrão de ensino na educação básica em todo o território nacional.
Até a publicação da BNC-Formação, a carga horária mínima de 3.200 horas/aula nos cursos de licenciatura podia ser distribuída de forma livre pelas instituições de ensino, o que possibilitava cursos de licenciatura com menos de quatro anos de duração. Agora, há um gerenciamento dessas horas imposto pelo MEC que não permite que a graduação em licenciatura seja feita em menos de quatro anos.
Esse tema foi abordado no programa Conversa com o reitor, da Rádio Uninter. Para debater o assunto, o reitor da Uninter, Benhur Gaio, recebeu a diretora da Escola Superior de Educação (ESE) da instituição, Dinamara Machado. O bate-papo respondeu dúvidas acerca da nova legislação e da impossibilidade de concluir os cursos de licenciatura em menos de 4 anos.
“A carga de 3.200 horas tem de ser distribuída em três grandes grupos. O primeiro, de 800 horas, é a base comum, conhecimentos científicos educacionais e pedagógicos. Depois, tem mais 1.600 horas de conteúdos específicos de cada curso e precisam ser trabalhadas em até três anos. Por fim, mais 800 horas de práticas pedagógicas, metade de estágio supervisionado em situação real de trabalho em escola e a outra metade para prática dos componentes curriculares. Ou seja, na prática fica inviável concluir o curso em menos de 4 anos,” explica o reitor.
Outro aspecto que ganhou novidades na legislação diz respeito às práticas do trabalho durante a formação do profissional. Dinamara comenta que a Uninter não esperou este ano para se adequar às normas e que todos os cursos da ESE já seguiam as novas diretrizes desde o começo da discussão.
“Você não aprende a teoria e depois a prática. É práxis, teoria e prática juntos. Tanto que as atividades práticas começam no primeiro dia de aula desse aluno. Ele só não vai direto para o estágio, mas a atividade prática já está na primeira UTA [Unidade Temática de Aprendizagem]. Ou seja, esse conteúdo que o aluno aprende teoricamente tem uma reverberação no cotidiano da profissão dele”, explica Dinamara.
Benhur Gaio complementa: “Todas as diretrizes curriculares que estão vindo dos cursos recentemente trazem a questão prática desde o início. É uma tendência que em outros países já é realidade.”
Todos os cursos da Uninter na área de educação já estão adaptados às novas regras, e as grades curriculares podem ser consultadas diretamente no site da Uninter. Dinamara também explica que “estudantes que já estão com o curso em andamento têm seus direitos assegurados pelo MEC, logo não serão prejudicados em seus processos de formação por causa dessas mudanças”. Por fim, ela destaca a missão da educação a distância da Uninter: “Temos de vencer culturas instituídas, que teoria é diferente de prática, e que a EAD não traz prática”.
Autor: Fillipe Fernandes e Juliane Lima - Estagiários de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Evandro Tosin - Estudante de Jornalismo