Pesquisadores discutem como a linguística é aplicada ao redor do mundo
Heloisa Alves Ribas – Estagiária de Jornalismo
A linguística aplicada é um campo de caráter transdisciplinar de estudo que investiga o uso da linguagem em diferentes contextos e oferece soluções para problemas relacionados à vida real. Para entendê-la, deve-se ir muito além dos conceitos básicos, pois ela é expansiva, principalmente no que diz respeito à assimilação de uma língua estrangeira.
Para discutir como a linguística vem sendo aplicada ao redor do mundo, 1,8 mil pesquisadores de diversos países, todos com mestrado e doutorado, participaram entre 23 e 28 de julho do 18º Congresso Mundial de Linguística Aplicada: Inovação e Desafios Epistemológicos em Linguística Aplicada. Organizado pela Associação Internacional de Linguística Aplicada, o evento, que acontece de três em três anos, foi realizado no centro de convenções do Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro.
A Uninter foi representada no congresso por um time de cinco professoras, que apresentaram dois trabalhos . O primeiro, intitulado “A linguística de corpus e o desenvolvimento de material didático digital”, foi apresentado pelas educadoras Thereza Cristina de Souza Lima, Dinamara Pereira Machado, Gisele Thiel Della Cruz e Daíne Cavalcanti da Silva. O segundo, “A multimodalidade e aprendizagem de inglês nos games: percepções dos gamers discentes de Letras”, foi desenvolvido e apresentado pela professora Edna Marta de Oliveira da Silva.
Thereza explica que foi um trabalho em que o participante entrava em contato com todo tipo de pesquisa que está sendo realizada no mundo todo na área da linguística aplicada. “Este foi um congresso em que estavam presentes as grandes universidades brasileiras. Então, são nesses momentos que o professor aprende sobre o que está sendo estudado em outras regiões do país e no Exterior. É um momento de troca de experiências”, diz a professora dos cursos de Pedagogia e Secretariado Executivo.
“Eu vi muita inovação que está sendo feita fora do Brasil e, a partir do momento que tenho contato com pesquisas do Exterior, posso pegar essas inovações e inserir nos nossos cursos. Então, a Uninter tem acesso a essas inovações e se moderniza em termos de aprendizagem e conhecimento, além de ter o nome da instituição em meio a tantas outras do mundo todo”, ressalta Thereza.
O trabalho de Thereza e das demais professoras do grupo partiu da indagação acerca do que o aluno gostaria de ver em seu material digital. “Fizemos um levantamento do que eles esperam, a expectativa dos alunos em relação a temas abordados no material e depois montamos um corpus de pesquisa e fomos pesquisar se esse corpus contemplava aqueles temas que os alunos gostariam de ver”, explica.
Edna levou para o congresso um trabalho com tema atual. Afinal, os games estão cada vez mais presentes no cotidiano dos alunos. “Durante a defesa do mestrado, pontuei que os meus sujeitos de pesquisa, apesar de serem gamers e alunos de Letras, não usaram plenamente os recursos imagéticos e sonoros existentes nesse contexto. Ao menos, não no início da sua trajetória como gamers. Todos admitiram que entender inglês somente pelo contexto do game não foi o suficiente para dar conta das demandas de comunicação com outros gamers ou com o próprio jogo. E o que chamou a atenção de um dos professores foi que, justamente na área de Letras, há muita pesquisa sobre aprendizagem via multiletramentos. Ou seja, uso de outros recursos de comunicação que não se restringem somente à linguagem escrita”, esclarece Edna.
“Quando resolvi levar para o congresso, não foi para apresentar um resultado de pesquisa, mas para levantar essa questão durante a minha apresentação. Havia pessoas que estão em processo de formação docente e que também eram gamers, e o bacana foi ouvir a sugestão deles em relação à aprendizagem de inglês e o gênero de game mais adequado a esse processo (os do tipo roleplay, nos quais o gamer assume uma identidade e interage com outros gamers por meio de avatares)”, conclui.
Edição: Mauri König