Ovos de galinhas felizes são mais saudáveis

Miriã Calistro – Estagiária de Jornalismo

O Brasil produziu 757,5 milhões de dúzias de ovos de galinha no segundo trimestre deste ano, 5% a mais do que igual período de 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o melhor desempenho do país no setor desde 1987, quando se iniciou essa medição. O alojamento de aves produtoras chegou a 91,2 milhões de cabeças em 2015, calcula a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Para Rodrigo Berté, Diretor da Escola Superior de Saúde, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER, a forma com que se produz de carne e outros alimentos passa por um processo de uso dos animais domésticos como meras máquinas de produção. De um lado o frango come a ração e de outro sai o ovo, num cenário de confinamento repleto de medicamentos e hormônios para evitar doenças e o canibalismo entre as aves.

Mas há alternativas para tratar melhor mesmo os animais destinados ao consumo. Neste caso em particular, é o que Berté chama de “galinhas felizes”. Ele explica que galinha feliz é aquela que expressa um comportamento natural, ou seja, ciscar, dormir em poleiro, pastar, tomar banho de areia, bater asas, empoleirar, ter espaço suficiente para se movimentar – o que é impossível em confinamentos inferiores a 50 centímetros para cada uma.

Berté salienta que bem-estar animal é um dos assuntos mais discutidos hoje na produção animal. “Existe uma crescente convicção da sociedade de que os animais usados para a produção de alimentos devem ter um tratamento adequado. O debate envolve aspectos como saúde, felicidade e longevidade”, lembra o professor. “Os consumidores estão demonstrando uma preocupação cada vez maior em relação ao tratamento adequado e responsável com os animais”.

Mas o abate de animais domésticos no país não respeita o bem-estar animal e só alguns produtores adotam as normas da Ecocert, certificadora atenta à Declaração Universal do Bem-estar Animal (liberdade fisiológica, ambiental, sanitária, comportamental e psicológica). Um animal não pode ser exposto a situações que provoquem ansiedade e medo.

Há, ainda, uma questão de saúde pública, dada a disseminação de doenças nos ambientes de confinamento. Segundo Berté, muitas pesquisas demonstram as vantagens dos ovos de galinhas felizes em relação àqueles produzidos no sistema de confinamento. Ou seja, o consumo de ovos de galinhas felizes significa um alimento de melhor qualidade.

Para o professor Augusto Silveira, também da Uninter, esse sistema de confinamento é aplicado a diversos tipos de animais na produção de carne, couro e leite. “No caso específico das galinhas, o problema é que elas são criadas em pequenos espaços, e elas só se alimentam ali naquele local onde o ovo é coletado. É necessário ter uma preocupação maior com esses animais”, diz.

Edição: Mauri König

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