Outubro foi rosa, mas a conscientização é o ano todo
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoO mês de outubro é marcado por ações de prevenção e conscientização do diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha, conhecida como Outubro Rosa, é celebrada internacionalmente desde os anos 90 e ganhou popularidade no Brasil a partir de 2002. O objetivo é incentivar mulheres a fazerem mamografia e entenderem melhor sobre a doença. Recentemente, o movimento também aderiu à conscientização sobre o câncer de colo do útero.
Para esclarecer dúvidas e entender melhor sobre quais são os fatores que podem desencadear o câncer, o programa Diversos da Pós, da Rádio Uninter, recebeu no dia 01.out.2020 a professora Ana Paula Coimbra, da área de saúde. O bate-papo foi mediado pelas professoras Oriana Gaio, Cristiane Ripka e Joice Diaz.
O mês de outubro é dedicado à saúde da mulher. A ideia é educar e promover discussões sobre as neoplasias malignas (tumores) nas mamas e no colo do útero. “Tem uma série de ações efetivas visando para que as mulheres tenham o maior acesso aos métodos de diagnóstico precoce dessas doenças”, aponta Ana.
A professora explica que o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Ela ressalta que há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento mais rápido, enquanto outros são mais demorados.
Ana explica que o principal fator para desenvolver o câncer é a quantidade de hormônios femininos no corpo. Neste sentido, a idade é um fator determinante. “Quanto mais tempo a mulher fica exposta aos hormônios femininos, principalmente ao estrogênio, maior é o risco que ela tem de desenvolver o câncer de mama. Inclusive, o uso prolongado de contraceptivos orais à base de estrogênio é um fator de risco importante de ser considerado”, destaca.
Em razão disso, fatores como início da menstruação antes dos 12 anos, menopausa após os 55 anos, e o fato de não ter filhos durante a vida fértil contribuem para uma produção prolongada dos hormônios femininos no organismo.
Apesar disso, a professora ainda destaca que a doença também pode ocorrer em homens, porém não é muito comum. “Embora seja muito raro, cerca de 1% do total de casos de câncer de mama ocorrem em homens. Então, é importante que todos estejam atentos a essa neoplasia e que conheçam melhor o próprio corpo”, ressalta.
Hereditariedade e outros riscos comprovados
“Qualquer neoplasia tem caráter genético. Em termos de histórico familiar, há algumas características que geram maiores riscos de câncer. Por exemplo, se na família há casos de mulheres com câncer de ovário, isso tem uma relação importante com incidência em câncer de mama. Assim como em casos de pessoas na família que tiveram câncer antes dos 50 anos, isso também é um fator importante do ponto de vista hereditário”, explica Ana.
Desta forma, quem possui histórico familiar é importante manter regularmente os exames médicos anuais. Ana ressalta que é possível marcar exames gratuitamente pelo do SUS (Sistema Único de Saúde): “Procurar o ginecologista é extremamente importante. Para a paciente ter acesso à mamografia, só é possível se ela for encaminhada diretamente por um médico. Isso pode ser feito via unidade básica de saúde ou num laboratório ginecológico”, explica.
Além disso, a professora destaca que o estilo de vida também pode desencadear a doença. São três fatores que foram comprovados cientificamente, num artigo publicado em 2018 na revista Nature, baseados na falta de atividades físicas e má alimentação. Sendo eles:
– Obesidade
– Sedentarismo
– Consumo elevado de açúcar
“Inclusive, esse levantamento foi feito entre os anos de 1990 e 2015. E foi verificado que, se as pacientes não fossem sedentárias e fizessem ao menos 30 minutos de caminhada ao dia, durante 5 dias na semana – que é o mínimo recomendado, se essas pacientes tivessem feito esse esforço, teríamos salvado mais de 2 mil vidas”, ressalta.
O exercício físico diário abaixa os níveis de hormônios circulantes e faz com que o corpo produza mais substancias anti-inflamatórias do que pró-inflamatórias. “Com isso, a gente reduz não só a probabilidade do câncer de mama, como também de outros tipos de cânceres”, explica Ana.
Autoexame é indicado?
Para identificar o tumor é somente com a mamografia. “Autoexame não é para diagnóstico, é para suspeita”. Ana explica que a prática é apenas para incentivar as mulheres a conhecer o próprio corpo. “É uma forma de criar o hábito de prestar atenção e identificar nódulos, pois os menores sinais de diferença vão chamar a atenção da mulher”. Ela ressalta ainda que existem alguns nódulos que são indolores, por isso é importante frequentar o ginecologista periodicamente.
Por fim, as professoras concluíram a discussão ressaltando que “independente da idade é de suma importância frequentar o médico” e manter uma rotina de atividades físicas e alimentação saudável.
Para acompanhar o bate-papo completo, acesse aqui.
O programa Diversos da Pós é transmitido pela Rádio Uninter quinzenalmente, nas quintas-feiras, às 19h00. As transmissões são feitas pela página do Facebook e pelo site da rádio, onde os episódios são armazenado e podem ser ouvidos a qualquer momento.
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: pixabay