Os riscos das queimadas para a biodiversidade

Autor: *Vera Lucia Pereira dos Santos

O Cerrado sofre com as queimadas neste período de estiagem, a baixa umidade no DF no fim de semana levou a Defesa Civil a declarar estado de emergência na capital(Jose Cruz/Agência Brasil)

 “O fogo foi criado para ajudar o homem em sua sobrevivência, não para destruição da natureza” 

Eddie José 

desmatamento desenfreado desequilibra a probabilidade de chuvas e aumenta o risco de incêndios em matas. Além do clima, outro aspecto preocupante é o aumento de queimadas provocadas pelo homem. Ao nos depararmos com as notícias a respeito das queimadas em nosso país, torna-se difícil compreender que muitas delas estão sendo provocadas pelas mãos criminosas de pessoas que não têm a ideia real do estrago que estão causando aos nossos biomas, e de como isso afeta, ainda mais, as mudanças climáticas no país e no mundo.  

O Conselho Nacional de Saúde cita que “as queimadas criminosas têm gerado consequências devastadoras, incluindo a destruição de vastas áreas de vegetação nativa, a emissão de grandes quantidades de gases poluentes na atmosfera e a deterioração da qualidade do ar, que impacta diretamente na saúde respiratória de milhões de brasileiros, especialmente aqueles que vivem nas regiões mais afetadas”. Ressalta ainda, que “a poluição gerada pelas queimadas pode agravar as doenças respiratórias preexistentes, como a asma e a bronquite, e aumentar a incidência de novas enfermidades, sobrecarregando ainda mais o nosso Sistema Único de Saúde (SUS)”. 

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês de agosto, o Brasil registrou 68,6 mil focos de queimadas, sendo o bioma Amazônico o mais afetado, concentrando quase metade dos focos de queimadas, o que representa 47% do total, seguido do Cerrado com 32%, a Mata Atlântica com 10%, o Pantanal com 8% e a Caatinga com 3%. Vale destacar que os mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de área do país abrigam os biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. 

Nos seis biomas encontrados no território brasileiro encontra-se um apanhado de espécies pertencentes à fauna e à flora que sofrem risco de extinção 

bioma Amazônico ocupa uma área que corresponde a 40% do território nacional e é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, sendo constituída por uma floresta tropical e a fauna composta por aves, roedores, répteis, insetos e anfíbios. Tucanos, araras, papagaios, macacos, onças, jacarés e peixes-boi são símbolos desse bioma. 

O bioma Cerrado é considerado berço das águas do Brasil, pois é nele que se encontram as cabeceiras da maioria dos principais rios e bacias brasileiros. Nesse bioma, uma em cada quatro espécies estão ameaçadas de extinção e muitas delas são de mamíferos, como a onça-pintada, a anta, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e o tatu-canastra. 

O bioma Mata atlântica abriga mais de 20 mil espécies de plantas, além de centenas de espécies de mamíferos, de aves, de répteis, de anfíbios, de peixes e de insetos. Além da fauna, esse bioma engloba florestas de araucárias e manguezais, restingas, brejos, ilhas oceânicas, motivo pelo qual abriga uma grande diversidade de ecossistemas. 

O bioma Caatinga é o único e exclusivo do Brasil, sendo marcado por um clima semiárido, quente e seco, e por espécies adaptadas à seca. A vegetação da Caatinga apresenta uma elevada biodiversidade, com uma grande quantidade de espécies endêmicas, formada por espécies arbustivas e herbáceas. Já os animais que habitam a caatinga também possuem estratégias para sobreviverem nas condições climáticas locais. 

O bioma Pampa é considerado um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global, local onde se encontra a maior parte do aquífero Guarani. Esse bioma se caracteriza pelo predomínio dos campos nativos, presença de diferentes tipos de matas, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, entre outros. A fauna é expressiva, com várias espécies de aves e mamíferos terrestres. 

O bioma Pantanal está localizado próximo à região amazônica e ao cerrado, possuindo um conjunto de diversas paisagens. Sua flora é ampla e a fauna é representada por espécies de mamíferos, répteis, aves e peixes. O Tuiuiú é a ave símbolo do Pantanal. 

As queimadas podem causar a possível extinção de algumas espécies da nossa flora e fauna, pois muitas espécies vegetais estão sendo devastadas e animais indefesos estão sendo queimados ou mortos de forma cruel. 

*Profa. Dra. Vera Lucia Pereira dos Santos, é Doutora em Medicina Interna pela UFPR e professora da Área de Geociências da Escola de Educação, Humanidades e Línguas do Centro Universitário Internacional Uninter 

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Autor: *Vera Lucia Pereira dos Santos
Créditos do Fotógrafo: Agência Brasil


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