Os pioneirismos de Maria Firmina dos Reis
Autor: Thiago Dias - Estagiário de JornalismoMaria Firmina dos Reis foi uma maranhense do século que viveu entre os anos de 1822 e 1917. Considerada a primeira romancista negra da América Latina. publicou em 1859 o livro Úrsula, o primeiro romance abolicionista do Brasil. Essencialmente, o livro de Maria Firmina dos Reis fala de amor e ódio, de escravidão e liberdade.
O enredo de Úrsula trata em primeiro plano da história de amor entre a personagem-título e Tancredo Paralelamente, o tio de Úrsula que tem a ambição de casar-se com a sobrinha, independentemente da vontade dela. Entretanto, costurado ao primeiro plano, há um universo distinto e pouco retratado em toda literatura oitocentista consagrada: a escravização dos africanos. É justamente nesse ponto que a narrativa de Reis ganha em originalidade e se afasta da bibliografia produzida em sua época.
Ao detalhar Úrsula, a historiadora Amanda Lima Duarte diz que “ela fez muito, sendo uma mulher negra em uma sociedade escravocrata”, destacando o pioneirismo da autora, que, oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira escola mista gratuita para meninos e meninas. A iniciativa durou menos de três anos, tamanho escândalo que causou no povoado de Maçaricó, na cidade maranhense de Guimarães, onde foi aberta.
Maria Firmina do Reis foi ativa na luta abolicionista, produzindo uma literatura antiescravista e com ampla atuação na sociedade maranhense do século 19. Doutora em Histporia, Mariana Bonat diz que “Maria Firmina teve, provavelmente, uma influência grande de seu primo, o poeta e intelectual da época Sotero dos Reis”.
Durante grande parte de sua carreira de escritora, Maria Firmina assinou suas obras sob o pseudônimo “Uma Maranhense”, pois sabia que as poucas pessoas letradas da época, que seriam seus leitores, eram brancos e ricos. Na época, só os homens tinham o direito de assinar com o nome, e as mulheres apresentavam sua arte, sua escrita, suas inspirações usando pseudônimo. Muitas destas mulheres viveram no anonimato, sem ninguém ter nunca conhecido de fato as verdadeiras obras dessas artistas.
A autora foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão, em 1847. Foi professora, e com o prestígio em sua carreira no magistério possibilitou que ela publicasse as obras.
As professoras Gisley Monteiro de Monteiro, Amanda Lima Duarte e Mariana Bonat Trevisan conversaram sobra a atuação dessa personagem na história do país e sua importância para a educação no programa Chave Interdisciplinar, da Rádio Uninter. A íntegra da transmissão está disponível neste link.
Autor: Thiago Dias - Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica