Os desafios da gestão virtual de equipes durante a pandemia

Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo

O cenário causado pela pandemia de Covid-19 é desafiador em vários aspectos. Um deles é a continuidade dos trabalhos das empresas de forma remota, a distância. A terceira noite da Semana de Gestão 2020, no dia 16.set.2020, teve como tema a Gestão Virtual de Times que, segundo o diretor da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter, Elton Schneider, tornou-se algo que todo gestor terá que dominar daqui para frente.

O encontro foi transmitido pelo canal do Youtube da Uninter e você pode conferir a íntegra aqui.

“Entramos praticamente todos em um momento novo de trabalho, com equipes virtuais, de reuniões virtuais, de ter que passar trabalho, orientação, motivar equipe, em situações que não foram pesquisadas. Esse é o desafio que se apresenta aos gestores. Qual teoria usar? Os estudos comumente utilizados sobre Gestão de Pessoas eram datados dos anos 1920”, explicou o diretor.

A professora Vanessa Rolon, coordenadora do curso de Administração e organizadora da Semana de Gestão 2020, ressaltou a proximidade causada pela tecnologia. “Apesar das dificuldades ou imprevistos que a tecnologia as vezes causa, graças a ela temos oportunidade de ter palestrantes do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e até Portugal. A tecnologia está possibilitando e permitindo essas trocas”, comentou a coordenadora.

Os mediadores da noite foram os professores Cláudio Hernandes, que leciona no curso de Administração, e Carla Patrícia Souza, coordenadora do curso de Gestão de Recursos Humanos da Uninter. Eles receberam três convidados. A professora Erika Lotz, mentora de capital humano na ÉOS Inovação na Advocacia e autora de livros na área de gestão de pessoas e coaching, a professora Suely Schmitt, mentora de gestores e empresários, empresária e proprietária da Versa Treinamentos, e o egresso da Uninter Anderson Matos, que atua como gerente de projetos da Renault do Brasil.

Embora a pandemia tenha potencializado a prática do home office, equipes geridas virtualmente não são uma realidade apenas de agora. Conforme explica a professora Carla, “há uma pesquisa do IBGE de 2018 mostrando que 3,8 milhões de brasileiros já trabalhavam de maneira remota. Recentemente, dados da FGV mostram que 67,4% dos brasileiros com emprego formal trabalham remotamente. É um grande desafio, tanto para o gestor, como para os trabalhadores”.

Os 7 Cs da produtividade

Erika Lotz trouxe a experiência dos clientes de sua assessoria. “Pude verificar que houve incremento da produtividade pessoal e dos times. Observando os desafios do momento atual, identifiquei 7 comportamentos que fazem a diferença no trabalho remoto”, explica Erika.

1 – Clareza – Deve haver clareza em todos os aspectos. Desde o processo, entrega, até o que se espera do colaborador, quais competências são necessárias para desempenhar a função.

2 – Comunicação – Reuniões não só informativas, mas também que incentivem a participação dos colaboradores. Utilizar ferramentas como Trello e Microsoft Teams para integrar o time.

3 – Concentração – Os ambientes diferentes facilitavam a atuação das personas que desempenhamos. Agora, é necessário aprender a exercer vários papéis diferentes no mesmo ambiente. Estabelecer rotinas e prioridades, foco é essencial.

4 – Comprometimento – Entregar aquilo que foi combinado ajuda a afastar a procrastinação. Estar ocupado não é necessariamente estar produtivo. Estipular datas claras e definidas.

5 – Cultura da qualidade – Fazer o certo desde a primeira vez. Evitar o retrabalho. Agilidade não é pressa. Pensar em melhorias de processos ao invés de culpar apenas as pessoas.

6 – Cultura da aprendizagem – Nós prosperamos na mudança. Se pergunte: o que eu posso aprender? O mundo está nos desafiando a aprender novas habilidades. Vamos sair dessa pandemia cheio delas.

7 – Criatividade – Como desempenhar uma entrega com os recursos que temos a mão? Olhar o que nós temos, o que precisa ser feito e como faremos isso.

O trabalho continua, mesmo a distância

A professora Sueli Schmitt conversou com gestores de diversas áreas: fabril, saúde, educação, consórcio e distribuição de multimarcas. A palavra que mais ouviu foi ‘desapego’. “É preciso um exercício diário de desapego, porque o modelo anterior de gestão já acontecia faz tempo. Estamos passando por um processo a partir da pandemia: Pandemia – Negação – Aceitação – Adaptação – Ruptura – Inovação e, por fim, Evolução. Diante desse cenário, em que momento você está?”, perguntou Sueli.

A segunda convidada da noite explicou que os gestores tiveram que reformular suas rotinas. “O gestor teve que potencializar suas competências, o seu olhar foi ampliado e sua relação com os colaboradores aumentou em intensidade de tempo e aproximação. Nós subaproveitávamos a tecnologia que já existia nas empresas. Em alguns casos houve compra. É fundamental investir em tecnologia para uma empresa se manter ativa”, ponderou Schmitt.

Anderson Matos, antes de começar sua fala, relembrou o começo de sua carreira na Uninter no curso de Administração. “Foi uma instituição que me formou com ótimos profissionais e hoje é um prazer voltar a falar nessa casa, demonstrando a minha trajetória profissional. Graças à base que me foi dada na Uninter, hoje alço voos mais altos”.

O momento atual fez com que mudanças significativas sejam aplicadas do dia para a noite. “As empresas pararam suas operações ou diminuíram a produção. O momento de incerteza causa demissões e reajuste no tamanho das empresas. Na minha equipe, por exemplo, éramos 20 pessoas, viramos 3. O gestor que não se aproxima não consegue retirar o engajamento necessário do seu time”, explica Anderson.

O distanciamento social fez aumentarem as videoconferências, e essa forma de comunicação precisa ser observada atentamente. “O enclausuramento causa uma certa agonia nas pessoas em falar, em ir para a próxima call. Recomendo muita calma, tranquilizar os colaboradores e fazer o engajamento. Enquanto gestor eu recomendo: faça um double check se o que foi falado foi entendido, pois são muitas distrações. Há que se ter um cuidado para implementar as estratégias. O entendimento não é tão claro quanto numa reunião presencial”.

Depois da fala de Anderson, os professores mediadores e convidados responderam perguntas dos presentes e trouxeram exemplos práticos de gestão. Independentemente da gestão de times ser virtual ou presencial, o que fica é a lição de que o engajamento dos colaboradores tem que ser confirmado e traduzido em trabalho.

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Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Gerd Altmann/Pixabay


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