Os cachorros X-men e a paixão pelos gibis do “piá do Senai”
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoNascido em Telêmaco Borba, no interior do Paraná, Juliano de Mello Pedroso é um “piá do Senai” (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Lá, fez um curso técnico durante dois anos e meio e se formou em eletrotécnica. Mudou-se para Curitiba em 1994, onde finalizou o ensino médio e entrou para a engenharia.
Hoje possui mestrado em engenharia elétrica e informática industrial, e está fazendo doutorado em informática. É professor desde 1997, quando começou a dar aulas sobre montagem e manutenção de computadores, redes de computadores e elétrica básica. Tinha apenas 18 anos à época e precisava trabalhar para o seu sustento.
Em 2001 entrou no Senai como professor e coordenador em eletrônica, hardware e redes de computadores, e permaneceu até 2016. Hoje, Juliano é professor da Uninter e coordenador dos cursos de Engenharia Elétrica. Também é coordenador do laboratório de eletrônica e sistemas embarcados.
Em Telêmaco Borba está situada a fábrica da Klabin, “a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil e líder na produção de embalagens de papel”. Durante sua formação no Senai, Juliano trabalhou na empresa como aprendiz, e teve pelo menos duas oportunidades para voltar, mas optou por seguir outro caminho.
Desde que saiu de sua cidade, em 1994, o mundo se transformou. Hoje as pessoas podem fazer o curso que desejam, sem precisar se mudar para um grande centro, oportunidade que Juliano não teve. O ensino a distância trouxe a acessibilidade. “Quando trabalhei no Senai e vim para a Uninter, eu aprendi e acreditei no EAD desta forma. São dois pontos que balizam a minha fé, que é o fato das pessoas aceitarem e gostarem dos kits quando recebem em casa, e a questão da acessibilidade, de não precisar sair de perto da sua família e vir para uma cidade grande que talvez não tenha tantas oportunidades quanto na sua própria cidade”, salienta Juliano.
A paixão pelos gibis
Juliano é um grande colecionador de gibis. Começou a comprar com seis anos de idade, e já se vão quase 40 anos. Hoje tem um acervo de mais de cinco mil quadrinhos diferentes e várias coleções completas. “Os mais valiosos que eu tenho são os que comprei com minha mãe e os primeiros que minha filha, que tinha apenas três anos, me deu. Eram os gibis que meu sogro ia jogar fora, e minha filha, que já entendia que eu gostava disso, foi lá, recolheu os gibis e me deu”, conta.
Quando chegou em Curitiba, Juliano já tinha muitos gibis. Só que pela necessidade de ter um carro, acabou tendo que se desfazer de alguns de sua coleção. “Meu pai falou que iria me ajudar com a entrada, mas que eu precisaria dar um pouco de dinheiro. Então juntei alguns gibis e vendi. Quando eu melhorei de situação, fui comprando todos eles de volta. Alguns, coincidentemente, eram até os mesmos”, afirma.
O hobby dos gibis é um dos mais baratos que existem. Cada gibi novo custa entre R$ 4 e R$ 10, e existem algumas edições antigas que chegam a valer cerca de R$ 2 mil aqui no Brasil. Nos Estados Unidos, gibis raros alcançam o valor de U$ 900 mil dólares. “É algo que me remete à minha infância, às minhas origens, pra mim é uma coisa muito legal. Eu vivia escutando ‘quando você crescer você para’, e eu nunca parei”, ressalta. Além disso, Juliano também coleciona outras coisas, como por exemplo, bonecos de personagens de histórias em quadrinhos.
Dono de nove cachorros, com nomes inspirados nos mais variados personagens de X-men (série de ficção científica baseado em quadrinhos), Juliano se casou em 2009. O falecimento precoce de sua mãe, aos 52 anos, foi um momento de muita dificuldade. Em 2016, nasceu sua filha, Beatriz, despertando nele novamente a paixão pela vida.
“A Beatriz é muito parecida com minha mãe no gênio, na feição e no jeito de viver. Quando estava escolhendo o nome dela, vi no significado de Beatriz algo muito especial, ‘algo que traz a luz’. E de fato ela trouxe muita luz para minha vida e para a vida do meu pai. É uma alegria fantástica, uma das melhores coisas da vida”, descreve.
Juliano pensa no futuro e, entre os seus objetivos, um deles é criar um espaço para colocar sua coleção, algo que hoje não possui. Terminar seu doutorado é outra coisa que o motiva. Também deseja avançar na carreira Cisco, programa da área de T.I (Tecnologia da informação). “Uma certificação Cisco no seu currículo ou cartão de visita faz com que o mundo saiba que você possui conhecimento prático em redes”. Começar um canal no YouTube também está sem seus planos. Além disso, vai continuar aumentando sua coleção de gibis e bonecos.
Apaixonado pela Bíblia e pelas sagas ‘Senhor dos Anéis’ e ‘Harry Potter’, Juliano também aprecia os filmes; ‘O Conde de Monte Cristo’ é um de seus favoritos. “Eu acho que posso me definir como uma pessoa bem simples. Eu gosto de ajudar o próximo, gosto muito de ser professor, gosto de ensinar, gosto de ouvir. Adoro ser pai, gosto de cozinhar, gosto muito dos animais. Sou apaixonado pelos meus ancestrais, pela minha mãe, pelo meu pai e tenho certeza de que vou encontrá-los em vidas futuras. Acredito muito que o universo continua preparando coisas boas para nós”, conclui.
O programa Sala dos Professores do dia 06.ago.2021 recebeu Juliano, que é professor e coordenador dos cursos de Engenharia Elétrica da Uninter, e contou com a mediação do professor Guilherme Rodrigues. Você pode assistir a gravação do evento clicando aqui.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Muito legal conhecer um pouco mais da história de vida de um amigo e colega de trabalho, que venceu na vida com determinação e coragem. É um testemunho que – como sempre acontece conosco na docência – acrescenta na formação dos alunos, por meio do exemplo, aspectos que superam o aprendizado do conteúdo curricular. Afinal, a missão do professor é complementar a formação iniciada pela família e pela sociedade no intuito de preparar para a vida, e não somente para o exercício de uma atividade profissional! Parabéns, Prof. Juliano!
Grande Juliano, um cara sensacional!!!
Lendo todo esse texto, é como se eu estivesse ouvindo você falar professor Juliano.
Como eram boas as nossas conversar e trocas de experiências. Você sempre me ensinando e afiando.
Abração.