Omnieducation derruba barreiras por uma educação que faça sentido para os alunos

Autor: Cláudio Hernandes e Shirlei Camargo*

Estamos presenciando um momento único na nossa sociedade. Os ambientes reais e virtuais estão se mesclando bem diante de nossos olhos. Diferente do que alguns pregavam, o mundo online não substituiu o offline, ambos acabaram se misturando. É como se estivéssemos vivenciando uma experiência real no Second Life – aquele jogo que simulava a vida real e social do ser humano através da interação entre avatares.

Por exemplo, quem não brincou de fazer seu próprio avatar há alguns meses? Ou que, em algum momento, não “modificou” seu ambiente real trocando por um cenário virtual durante uma reunião online? Real e virtual também são focos nas tecnologias de realidade aumentada com a interação de figuras virtuais tendo como fundo o ambiente real.

Nesse contexto, presenciamos o surgimento de conceitos como o phygital (junção de experiências digitais com físicas), o omnilearning (aprendizagem orgânica não linear) e o omnichannel (integração dos diferentes canais de vendas). Áreas que há alguns anos jamais imaginaríamos adentrar nesse novo mundo agora também transitam no digital como a Telemedicina e a Psicologia, por exemplo, impulsionadas obviamente pela pandemia da Covid-19.

Na Educação não seria diferente e os alunos agora têm a possibilidade de optar por assistir aulas presencialmente, ou à distância, e de forma síncrona (ao vivo) ou assíncrona (gravada). Eles ainda podem assistir às aulas do celular, televisão, computador, tablet ou sala tradicional. E interagem com outros alunos que podem estar em qualquer lugar do mundo. Podemos batizar esse fenômeno de omnieducation, pois o prefixo omni vem do latim e significa todos/tudo. Ou seja, seria o conceito de educação por todos os canais.

Omnieducation refere-se aos programas de formação educacional formal que possibilitam ao estudante escolher como ele prefere estudar e interagir. Enquanto algumas pessoas precisam ter professores e colegas próximos, compartilhando o mesmo ambiente de estudo, outras descobriram que rendem mais com o auto estudo por meio de textos, livros ou materiais de mídia. Não há metodologia certa ou errada e sim aquela que faz mais ou menos sentido para o estudante.

Esta evolução é fantástica! Alunos que preferem estar em uma sala de aula presencial podem assistir, em tempo real, a mesma aula que outros alunos assistem pela internet. Mais, esses mesmos alunos podem interagir e realizar atividades em equipes compostas de alunos presenciais e alunos online. Não importa como estar presente, se fisicamente ou virtualmente, as tecnologias de informação e comunicação permitem a interação de qualquer forma e lugar.

Assim, alunos moradores de regiões mais remotas podem obter conhecimentos sem ter que migrar para grandes capitais, podem interagir com pessoas de outros lugares, de outras culturas, de forma muito fácil e rápida. Isso significa acesso a mais oportunidades. Da mesma forma, a interação não localizada entre estudantes de diferentes contextos sócio culturais favorece a ampliação da visão seja in loco, de forma regional ou global, afinal não há restrição de espaço. A questão espacial, portanto, não é mais uma barreira.

Além do “como” também é importante o “quando” acessar as aulas nesse conceito. A possibilidade de acesso a registros escritos, de áudio e de vídeo amplia as relações assíncronas que são em tempo diferente, pois nem sempre há disponibilidade de tempo para encontros síncronos.

Contudo, possibilitar que os alunos de uma mesma turma possam escolher quando e como estudar e interagir é uma questão complexa, poucas instituições são capazes de oferecer ainda. Sobretudo porque é necessário um sólido projeto pedagógico, professores capacitados e motivados para lidar com essa metodologia e tecnologia de apoio.

Mas qual é a vantagem disso? Simples: quando o estudante consegue ver sentido no processo seu engajamento é maior e, consequentemente, seu aprendizado. Considere que, para alguns, passar horas ouvindo o professor em uma aula expositiva teórica não faz o menor sentido, enquanto que para outros pode ser uma experiência fantástica. O sentido é uma criação individual que nos auxilia a interagir com a realidade, então algo que não faz sentido é facilmente deixado de lado por nossas mentes.

A ominieducation tem se revelado uma forma de potencializar o aprendizado pela possibilidade de criação e experiências que fazem sentido e expandem o aprendizado. Da mesma forma, possibilita acesso metodológico, inclusão e necessária flexibilidade pedagógica, espacial e temporal. Exatamente as demandas dos dias atuais.

* Cláudio Hernandes é coordenador dos cursos de Processos Gerenciais e Negócio Digitais da Uninter. Shirlei Camargo é professora da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter.

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Autor: Cláudio Hernandes e Shirlei Camargo*
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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