O território que ultrapassa os limites geográficos

 

Denise Becker – Estagiária de Jornalismo

O pensador polonês Zygmunt Bauman traz o seguinte questionamento em seu livro: “A riqueza de poucos beneficia a todos nós?” Nas palavras dele, em 1988, 20% da população mundial detinham 86% de todos os bens produzidos no mundo, ao passo que os 20% mais pobres consumiam apenas 1,3%. E completa dizendo que “a riqueza combinada das cem pessoas mais ricas do mundo é quase duas vezes maior que aquela dos 2,5 bilhões de mais pobres”.

O fato é que falar de território e de lugar é falar de desigualdade. Ao olharmos o lugar como espaço da cidade, percebe-se que a cidade é construída de maneira desigual, alguns lugares da cidade são para determinadas pessoas e, outros lugares, para outras pessoas. E como isso se dá na vida do indivíduo, do cidadão?

O Brasil é um país de dimensão continental, com 5.570 municípios, os mais diversos possíveis. Portanto, é de extrema necessidade trazer para o debate público a complexidade e a diversidade da realidade brasileira. Essa foi a proposta do curso de Serviço Social do Centro Universitário Internacional Uninter ao realizar a palestra “Os territórios que perpassam as políticas sociais”, dia 28 de março, no auditório do campus Garcez, às 19 horas.

“Para você pensar políticas sociais no Brasil, não é possível sem considerar essa diversidade, essa desigualdade socioterritorial”, diz Dirce Koga, professora da PUC-SP e referência em políticas sociais e espaços de vivência da população. Dentro do contexto político-social brasileiro, Dirce deu ênfase ao cenário local. Salientou que Curitiba é uma metrópole, maior inclusive do que muitos países, mas embora seja reconhecida pela qualidade de vida, precisa voltar as atenções para a sua diversidade e desigualdade.

“A gente sabe que no interior de Curitiba há territórios que não têm essa mesma condição”, enfatiza Dirce. Para ela, é muito importante trazer essa perspectiva para a cidade, para que ela seja reconhecida não pelas suas médias, mas pela sua diversidade e desigualdade. “Esse é o ponto de partida para se pensar políticas mais justas e que de fato considerem os territórios na sua heterogeneidade e desigualdade”, afirma.

Professor do curso de Serviço Social da Uninter, Rafael Garcia Carmona explica que essa é uma profissão interventiva que trabalha o contexto das políticas sociais e, portanto, discutir o território e a territorialidade é essencial. Compreender os elementos que compõem o território é parte da atividade profissional.

“Então, nesse sentido, proporcionar esse debate aos alunos e aos profissionais convidados significa o aprimoramento do olhar técnico, o aprimoramento do olhar sobre o território. Porque é no território que as famílias vivem, onde as situações sociais acontecem, então é fundamental você compreender essa família no contexto em que ela vive, das suas histórias e suas memórias naquele território”, diz.

A palestra organizada pela coordenação do curso de Serviço Social teve transmissão ao vivo para todos os polos da Uninter e salas extras foram preparadas no campus Garcez para o público acompanhar a transmissão, já que o auditório ficou lotado. Também foi disponibilizado uma sala com professores-tutores para atender as demandas dos alunos e profissionais de outros polos, pelo chat, durante a palestra.

A mesa do evento foi composta pelo vice-reitor da Uninter, Jorge Bernardi, o diretor da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades, Rodrigo Berté, o coordenador de Serviço Social, Dorival da Costa, a palestrante Dirce Koga, o presidente do Cogemas (Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social do Estado do Paraná) e vice-presidente do Congemas nacional, José Roberto Zanchi, a representante da FAS Renata Mareziuzek dos Santos. Também estavam na mesa Adriane Baglioli Brun, representando os professores, a Aline Brito representando os alunos de Serviço Social da Uninter.

Edição: Mauri König

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