O que você tem a ver com as ilhas de lixo que se formam nos oceanos?

Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo

A nossa forma de consumo está destruindo o planeta e seus ecossistemas. Essa é uma daquelas verdades que incomodam, mas que não podem mais ser ignoradas. A partir da década de 1990, as cadeias produtivas em todo o mundo começaram a observar mais as questões de sustentabilidade, de forma que hoje as empresas se utilizam desse termo para construir uma boa imagem perante os consumidores.

A sustentabilidade, logística reversa e integração com o ecodesign foram temas de uma conversa transmitida pelo canal do curso de Administração no Youtube. As professoras Rafaela de Almeida e Rosinda Angela da Silva receberam a professora Eliza Yukiko Sawada Timm, mestre em Gestão Ambiental pela Universidade Positivo, para pontuar as transformações que vêm ocorrendo nos hábitos de consumo e produção.

Eliza definiu o que é sustentabilidade por meio de um importante documento. “A Agenda 21 define sustentabilidade ambiental como a relação sustentável entre padrões de consumo e produção em termos energéticos, de maneira que sejam reduzidas, ao mínimo, as pressões ambientais, o esgotamento de recursos naturais e a poluição. De acordo com o documento, os governos, em conjunto com o setor privado e a sociedade, devem atuar para reduzirem, por meio da reciclagem, nos processos industriais e na produção de novos produtos ambientalmente saudáveis”.

A logística reversa é uma das formas que o governo brasileiro instituiu para se alcançar os objetivos da Agenda 21. A lei 12.305/10 estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que entende a logística reversa como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Os 3 Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar – servem como norte para as medidas de logística reversa. Além disso, o ecodesign entra como aliado do meio ambiente, pois ele incentiva uma nova ótica na hora de se fazer as embalagens, com menos química, menos embalagens para transporte dos produtos, entre outras ações.

Por mais que se tenha esse movimento de institucionalização da sustentabilidade, o descarte indevido de lixo ainda é um grande problema para nós. A grande porção de lixo do Pacífico é uma ilha com 1,6 milhão de km quadrados de lixo flutuando no mar. Eliza explicou que para se ter uma dimensão do tamanho que isso representa, para chegar nessa quilometragem seria preciso unir as regiões Sul e Sudeste do Brasil. Além disso, a professora indicou que o aumento da população é um fator que gera mais produção de bens e alimentos, além de aumentar o consumo de energia e combustível.

Para sair dessa encruzilhada fatal para o planeta, é preciso uma mudança de atitude dos consumidores e da indústria. “A gente vive em sociedade e na verdade nós precisamos desenvolver produtos, fabricar, precisamos do ciclo de produção. Nós vamos consumir, continuar produzindo, e isso é natural. Não há como viver nos primórdios, isso é impensável. Durante muito tempo a indústria não se preocupava com esse impacto. O que tem que ter é uma conscientização das pessoas e da indústria. Tem que se repensar os processos produtivos”, explica Eliza.

A professora Rosinda destacou que as indústrias têm um papel importante na conscientização da questão ambiental. “Nós temos visto, nos últimos anos, um movimento positivo de conscientização. Produção mais limpa, logística reversa, separação dos resíduos já é uma realidade nas indústrias. O efeito disso reverbera nas famílias e comunidade. Estamos sim em fase de aprendizado, quem está na linha de frente da reciclagem tem que continuar firme e forte nos representando porque o consumidor entra na zona de conforto facilmente. Seguidamente temos que ter um bate-papo para lembrar: é preciso reutilizar os produtos”, pontua Rosinda.

A obsolescência programada é uma outra complicação que interfere no aumento dos resíduos, pois atualmente, nem os bens de consumo duráveis, como aparelhos eletrônicos, duram bastante tempo. Eles são programados para ter um ciclo de vida reduzido e incentivar uma nova compra. “Plástico é prático, limpo, com uma gama de utilização enorme. Mas ambientalmente falando, ele é um vilão. A indústria tem que repensar uma forma de equilibrar esses valores. A logística, no caso da reciclagem, tem que melhorar muito. Não se pensa muito na reciclagem. É preciso pensar em como esses materiais vão voltar para a indústria”, pontua Eliza.

Apenas 1% do plástico consumido no Brasil é reciclado atualmente. Isso é bastante preocupante e demonstra que a sociedade ainda precisa melhorar suas práticas de logística reversa. O Japão pode ser considerado um exemplo de país que controla melhor seus resíduos. Os sacos de lixo devem ser padronizados, os materiais recicláveis separados completamente por tipo e os resíduos devem ser identificados. Se estiver algo irregular, o dono do lixo é notificado. Sem nome, ele nem é recolhido, comentou a professora Eliza.

“Cabem indagações: os gastos com energia são compatíveis com as suas necessidades ou há exageros? Você consome só o que precisa? Ou também compra por impulso? Você abre mão de usar o carro por alguns dias? Na verdade, não se trata de deixar de fazer as coisas, mas sim de fazer de uma maneira que melhore a qualidade de vida e respeite o meio ambiente”, Eliza deixa a reflexão no ar.

Além desses temas, a conversa ainda teve espaço para dicas de reciclagem de produtos que aparentemente não têm mais serventia, como gravatas, calças usadas, entre outros. Para saber mais sobre essa temática tão importante, você pode acessar a palestra completa clicando aqui.

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Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Lucien Wanda/Pexels e reprodução Facebook


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