O que pode ser feito contra o mal das fake news
Autor: Ana Oliveira - Estudante de Jornalismo“Fake news” não é uma piada, uma obra de ficção, mas uma mentira revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade. As notícias falsas não são novidade na sociedade, mas a proporção em que passaram ser produzidas e disseminadas é o que traz preocupação aos profissionais da área da comunicação. Identificar os conteúdos verdadeiro e relevantes em meio a uma infinidade de dados na internet tem sido cada vez mais um desafio.
No artigo Fato ou ‘fake’, uma tentativa de retorno ao gatekeeper, publicado na Revista Uninter de Comunicação (RUC), a graduanda em jornalismo Aline Barbosa Oliveira e a doutora em Ciências da Comunicação Cassia Lobão Assis trazem à tona uma discussão com o objetivo de refletir sobre a estratégia de recuperação da legitimidade de grupos de comunicação.
As mesmas tecnologias que permitem acesso à informação são aquelas que servem de ponte para a transmissão em ampla escala de versões equivocadas. Segundo as autoras, “com a internet, os grandes grupos de jornalismo disputam a atenção do público com outras pessoas que também produzem informação”. Elas afirmam ainda que o jornalismo só sobrevive a partir do sentido de credibilidade percebido por parte do público que o acompanha.
“O jornalista luta para manter sua reputação, é comprometido com a verdade e trabalha com a apuração de fatos para torná-los públicos”. Vale reforçar a importância e o papel do jornalismo nos sistemas democráticos para compreender a gravidade do impacto das notícias falsas.
Diante do desafio de enfrentar as fake news, que vêm avançando de modo crescente, o jornalismo vê a possibilidade de buscar novamente a confiança do público, e assim voltar a ser a instância de mediação entre as fontes de informação e a sociedade. Num contexto em que as informações falsas causam transtornos e prejuízos, as pessoas passam a desejar que alguém de confiança cheque a validade das informações para elas. Isso pode representar o início do processo de ressignificação da teoria jornalística do gatekeeper, ou seja, o porteiro que define as informações que merecem a credibilidade do público.
A problemática atual das fake news provoca uma distorção da realidade lança os indivíduos em bolhas de desinformação. Como bem disse o escritor e filósofo italiano Umberto Eco, as redes sociais amplificaram a voz de uma “legião de imbecis” que antes falavam “em um bar, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”, mas que hoje se organizam online e têm poder de influenciar os rumos da sociedade. Estabelecer relações éticas e responsáveis com a informação é, mais do que nunca, essencial ao progresso das sociedades.
Autor: Ana Oliveira - Estudante de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay