O poder real da primeira-dama nos governos dos últimos 50 anos

Autor: Milena Silveira dos Santos*

A primeira-dama Darcy Vargas ao lado do marido, o então presidente Getúlio Vargas.

 

O papel da mulher na política cresceu de forma considerável nos últimos 50 anos. Homens e mulheres têm a oportunidade de debater abertamente suas opiniões. Mas nem sempre foi assim. No início da República, cabia à mulher o papel de primeira-dama (mulher do deputado, do prefeito, do presidente etc.), acompanhando os maridos em comícios e eventos, fazendo festas e organizando quermesses e cuidando do lar.

Três mulheres, no entanto, mudaram essa história. Darcy Vargas, esposa do ex-presidente Getúlio Vargas (1942), já participava de forma discreta com caridades e, quando chegou ao posto de primeira-dama, deu início a um trabalho social consistente, criando a LBA (Legião Brasileira de Assistência), entidade que se tornou símbolo do trabalho voluntário e durou por muitas décadas. O objetivo dessa entidade era atender às famílias dos soldados brasileiros que lutavam na Segunda Guerra Mundial.

No decorrer dos anos, as primeiras-damas se fortalecem na área assistencialista e, quando Juscelino Kubitschek assume seu papel de presidente em 1955, ao seu lado estava sua esposa Sarah Kubitschek, que também vinha com um histórico em atuar com caridade em Minas Gerais. Após seu esposo assumir a presidência, ela conseguiu inaugurar hospitais para atender a população ribeirinha no Amazonas. Além disso, ela foi citada pela Fundação Oswaldo Cruz como pioneira em iniciativas de prevenção e tratamento do câncer ginecológico no país.

Outra primeira-dama muito ativa na história foi Ruth Cardoso. Das 34 primeiras-damas, somente três tinham curso superior e Ruth Cardoso era uma delas, atuando na carreira acadêmica de forma brilhante. Ela teve um papel importante na diferenciação entre assistência social, para um trabalho efetivo da desigualdade social.

Além do assistencialismo, as primeiras-damas vêm, nos últimos anos, ganhando importância também nos bastidores políticos, influenciando nomeações, interferindo na criação de institutos e requalificando a atuação presidencial.

A própria Ruth Cardoso criou o Programa Comunidade Solidária, que mudou a atuação do governo federal em relação aos mais pobres. A atual primeira-dama, Michele Bolsonaro, também atua nos bastidores do poder, tanto do ponto de vista religioso como com o eleitorado feminino.

Nessas eleições, vamos prestar atenção não apenas nos candidatos e candidatas a cargos majoritários, mas também, no caso dos homens, nas suas mulheres. Qual é a proposta que elas têm para uma sociedade mais justa e igualitária?

* Milena Silveira dos Santos é pedagoga, especialista em Comércio Exterior e Direito Educacional. Tutora dos cursos de pós-graduação da Uninter.

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Autor: Milena Silveira dos Santos*
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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