O poder da OPEP sobre o mundo

Autor: Angela Cristina Kochinski Tripoli*

Imagine uma organização com superpoderes, algo que transcende ao entendimento da maioria das pessoas, que tem o poder de fazer o bem e o mal, manter a paz ou provocar guerras. Mais ainda, com apenas um dos seus “superpoderes”, é capaz de produzir o calor que aquece nossos lares ou o frio que nos congela e pode levar à morte. Essas organizações existem e hoje vamos falar de apenas uma delas, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, também conhecida pela sigla OPEP.

A OPEP é o que chamamos de organização transgovernamental. São entidades formadas a partir da iniciativa de Estados, detentoras de personalidade jurídica e que existem por causa da iniciativa de alguns governos. Visando um interesse comum, constituem tais organizações através de tratados e acordos internacionais e ainda definem os participantes, de acordo com regras próprias. Estimamos que hoje essas organizações somem mais de 500 entre elas as mais conhecidas como ONU, OEA e FMI. Cada uma com objetivos definidos, mas que são capazes de mudar o percurso da humanidade.

A OPEP foi constituída em 1960 pela Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait (foto) e Venezuela, todos produtores de petróleo. Posteriormente foram admitidos os Emirados Árabes e os africanos Líbia, Argélia, Nigéria, Gabão, Angola, Guiné Equatorial e Congo. Essas nações atualmente gerenciam quase 80% da produção mundial do petróleo.

Quando falamos em petróleo, também chamado de “ouro negro”, muitas vezes não quantificamos o quão ele é importante no nosso dia a dia. Por ser uma commodity internacional, os preços dessa matéria prima são definidos pela regra mais básica da economia: a oferta e a demanda. A manipulação da oferta de forma artificial gera instabilidade e caos em todo mundo.

De imediato ao falarmos de petróleo, nos lembramos da gasolina e, principalmente, o preço dela. Esse combustível é necessário para deslocamentos mais simples até para toda a logística e transporte internacional de mercadorias. E o seu preço impacta diretamente no preço de qualquer item, em qualquer lugar do mundo. Quando a OPEP regula a quantidade de petróleo a ser explorada, armazenada ou exportada, essa ação pode alterar o preço do arroz ou do feijão que chega aos nossos pratos.

Alterando-se a disponibilidade de uma determinada matéria prima (nesse caso o petróleo), altera-se o valor dos derivados e os utilitários dela. Indústrias e residências, em qualquer localidade do planeta, necessitam de energia para produzir e sobreviver, e um dos principais combustíveis usados por ambas é o petróleo.

É bom relembrar a curva histórica dos preços do barril de petróleo no mercado internacional. Entre 2012 e 2016, o valor do produto despencou dos U$ 110,00 para algo próximo a U$ 41,00. Em plena pandemia da Covid-19, setembro do ano passado, chegou a U$ 40,09 e agora oscila entre U$ 70 e U$ 73. Desde então, pouco se recuperou e a crise mundial, gerada pela pandemia do Covid-19, reteve a demanda mantendo os preços em baixa.

Parece incrível pensar nisso nos dias de hoje, mas qualquer nação, inexoravelmente depende e sofrerá as consequências das ações tomadas por algumas organizações. Sozinha, a OPEP é capaz de promover em escala mundial, a fome ou a abundancia, o calor ou o frio, a permanência ou derrocada de um determinado governo, afinal o crescimento ou recessão econômica de um país estão diretamente ligados a essa organização.

Um dos objetivos definidos no estatuto da OPEP é a “coordenação e unificação das políticas petrolíferas dos Países Membros e a determinação dos melhores meios para salvaguardar os seus interesses, individual e coletivamente”. Tal objetivo se reflete na decisão de aumentar a produção a partir deste mês para amenizar a alta do preço do produto enquanto o mundo tenta se recuperar da pandemia. Serão 400 mil barris a mais por dia até o final de 2022, segundo comunicado do grupo.

Uma nação para se considerar economicamente estável, tem que necessariamente ser autossuficiente nesse recurso natural energético precioso. Não é à toa que no atual mundo globalizado, diversas nações estão buscando e incentivando outras fontes de captação de energia, como a energia eólica, fotovoltaicas e a gerada por usinas hidrelétricas, entre outras.

São alguns exemplos que permitiram uma leve redução na dependência por petróleo, mas ainda não é suficiente. Enquanto houver alta dependência global e manipulação tendenciosa da oferta desse escasso recurso, estaremos em perigo.

* Angela Cristina Kochinski Tripoli é doutora em Administração, coordenadora dos cursos superiores tecnológicos de Comércio Exterior e de Gestão Global Trading: Negócios, Logística e Finanças Globais da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter.

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Autor: Angela Cristina Kochinski Tripoli*


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