O perigo da falta de professores na próxima década

Autor: *Graziele Aparecida Correa Ribeiro

Nos últimos anos, tem sido observado um declínio preocupante na procura por cursos de licenciatura em diversas áreas do conhecimento. De acordo com dados do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), entre 2010 e 2021, houve uma redução significativa no número de matrículas em cursos de formação de professores no Brasil, com uma diminuição de cerca de 26% no período. Esse cenário levanta questões importantes sobre o futuro da educação e seus impactos na vida da população.  

O declínio na busca por cursos de licenciatura pode ser atribuído a uma série de fatores complexos. Entre eles, destacam-se a desvalorização da carreira docente, evidenciada pela baixa remuneração e pela falta de perspectivas de ascensão profissional para os professores. De acordo com o estudo “Profissão Docente no Brasil: tendências, cenários e desafios”, realizado pela Fundação Carlos Chagas, a média salarial dos professores no Brasil é uma das mais baixas entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).  

Além disso, a falta de reconhecimento social e financeiro dos professores e as condições precárias de trabalho enfrentadas por muitos profissionais da educação também contribuem para o desinteresse pela carreira docente. Pesquisas mostram que a sobrecarga de trabalho, a falta de infraestrutura adequada nas escolas e a violência em sala de aula são alguns dos principais desafios enfrentados pelos professores no Brasil, conforme evidenciado pelo estudo “Panorama da Violência nas Escolas Brasileiras”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

O perigo iminente de um apagão de professores na próxima década é uma realidade que não pode ser ignorada. Com a redução significativa na procura por cursos de licenciatura e a falta de políticas eficazes de incentivo à formação de professores, enfrentamos o risco de uma escassez ainda maior de profissionais qualificados na educação. Se essa tendência persistir, poderemos nos deparar com salas de aula superlotadas, uma sobrecarga de trabalho insustentável para os professores remanescentes e uma queda na qualidade da educação oferecida às futuras gerações. Além disso, o impacto desse apagão de professores será sentido de maneira desproporcional pelas comunidades mais vulneráveis, aprofundando as desigualdades educacionais e sociais. É urgente que sejam adotadas medidas concretas para reverter essa tendência e garantir um futuro promissor para a educação e para o desenvolvimento humano e social de nosso país.  

*Graziele Aparecida Correa Ribeiro é professora da área de Exatas Uninter, Licenciada em Física e Mestra em Ensino de Ciência e Tecnologia 

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Autor: *Graziele Aparecida Correa Ribeiro
Créditos do Fotógrafo: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília


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