O papel da maçonaria na Inconfidência Mineira
Autor: Gustavo Henrique Leal - Estagiário de JornalismoAlgumas teorias conspiratórias deduzem a participação da maçonaria na história da Inconfidência Mineira. As histórias contam sobre as possibilidades de que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, poderia ter sido um maçom e que a maçonaria teria influenciado a revolta.
Tiradentes foi um homem de origem humilde, executando diversas profissões. A mais famosa delas foi a de dentista amador, mas depois passou a ocupar um dos cargos mais simples do Império, o de alferes. Apesar da humildade e pouca instrução, Tiradentes era um republicano convicto e também um simpatizante dos ideais iluministas.
A Inconfidência Mineira foi marcada pela revolta de burgueses de Minas Gerais contra a alta taxação de impostos do governo português, que buscava pagar a dívida que a colônia tinha com o país europeu. A ideia inicial dos inconfidentes era assassinar o governador Visconde de Barbacena, nomeado pela Coroa Portuguesa, e aplicar o republicanismo na Capitania de Minas Gerais. Como Tiradentes apoiava as ideias e teria sido muito prejudicado pelos impostos, era um dos principais apoiadores da revolta.
Porém, a revolta nem chegou a acontecer. Um homem chamado Joaquim Silvério dos Reis entregou todos os planos e movimentos da revolta para a monarquia portuguesa, tendo assim todas suas dívidas quitadas. Visconde de Barbacena mandou prender os inconfidentes e, depois de um longo período de interrogações e investigações, a sentença era de pena de morte.
A Rainha Maria I interveio e perdoou todos os inconfidentes, exceto Tiradentes, morto por ser pobre e não participar da elite. Não obtendo nenhuma influência com a Coroa e sem negar as participações com a revolta, foi considerado perigoso para a Coroa e com a pena mantida.
A ligação maçônica
Tiradentes foi preso em 1789 e executado em 1792. Seguiu esquecido até a Proclamação da República em 1889, quando os republicanos queriam exaltar figuras republicanas e fizeram dele um herói, mesmo tanto tempo após sua morte. Mártir, Tiradentes ganhou obras e imagens muito parecidas com a de Jesus Cristo.
As hipóteses de que ele viria a ser um maçom começaram em 1861 porque o político e futuro grão-mestre da maçonaria Saldanha Marinho decidiu fazer uma estátua de Tiradentes na cidade mineira de Vila Rica (hoje Ouro Preto). Em seguida, Dom Pedro II mandou fazer uma estátua de Tiradentes na Praça do Rocio, no Rio de Janeiro, já que fora executado naquela região.
Apesar de se criar um mistério, a verdade é que a primeira loja maçônica no Brasil foi criada somente em 1797, na Bahia. Além de cinco anos após sua morte, também não se tem registros de viagens ou visitas de Tiradentes ao estado.
“Tiradentes era maçom? Na realidade, não”, confirma o historiador e maçom Hamilton Sampaio Junior. “Não existe nenhum documento que indique que ele pertenceu à Ordem Maçônica.”
O professor ainda complementa a respeito de documentação histórica. “Não existia nessa época maçonaria organizada. A maçonaria organizada veio no Grande Oriente do Brasil em 1822. Se não existia maçonaria no Brasil, poderiam existir lojas? Poderiam, mas não temos nenhum documento provando isso. Ele não poderia ter iniciado [na Ordem], a não ser que ele tivesse iniciado em terras lusas, que é difícil de acontecer isso. O pessoal fala essa história de que tinham lojas na Bahia, mas não tem nenhum registro de viagem [de Tiradentes] até a Bahia. E não podemos também dizer que ele não foi anunciado na Europa, mas ainda não apareceu nenhum documento dizendo que ele viajou pra Europa. Se aparecer esse documento, vamos analisar de novo toda a história”, finaliza.
Saiba mais sobre o tema no programa Universo Maçônico, na Rádio Uninter.
Autor: Gustavo Henrique Leal - Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Antônio Parreiras e reprodução
Infelizmente vc não tem acesso aos documentos maçônicos….