O mindset do profissional contemporâneo

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

‘Mindset’, palavra que está em alta no mundo do empreendedorismo, define um conceito utilizado para descrever as diferentes “mentalidades” de um indivíduo e como elas influenciam nas escolhas pessoais e profissionais de cada um. Quando falamos de mindset, nos referimos a características da mente humana que vão determinar os nossos pensamentos, comportamentos e atitudes. Qual então seria o mindset ideal do profissional atualmente?

Para responder a esta questão, no dia 17.mai.2021 tivemos mais uma edição do programa GERIR, da Escola Politécnica da Uninter, que teve foco no tema. O programa debateu sobre “O mindset do profissional contemporâneo”, e contou com mediação do professor Everton Luiz Vieira, que recebeu como convidado o especialista em gestão de pessoas Clodoaldo Lopes do Carmo.

Clodoaldo comenta que o mindset é algo particular de cada um, pois todos nós temos experiências de vida diferentes. “Mindset é o resultado de um conjunto de crenças, valores, de todo o aprendizado que tivemos ao longo da infância, principalmente. Esse modelo mental é a lente com que eu olho o mundo, e cada um olha o mundo de um jeito, pois nossas vivências são diferentes”.

É fundamental mudar a mentalidade e quebrar as barreiras que temos na nossa mente, e que muitas vezes nos impedem de atingir o sucesso. “Se eu já colocar frases e pensamentos negativos, naturalmente vai ser preponderante esse mindset fixo negativo. Ocorrem oscilações, mas essa predominância sempre existe. Isso muitas vezes limita o nosso crescimento”, completa Clodoaldo, destacando que o cérebro acredita no que você fala pra ele.

Esse é o nosso grande problema, o cérebro não sabe discernir se aquela informação é real ou não. Logo, quando pensamos algo negativo repetidamente, somos capazes de nos autossabotar, de nos impedir de obter um resultado positivo, ou até mesmo nos impedir de tentar.

O especialista lembra de alguns pensamentos que foram transmitidos em sua infância: “Quando eu era criança, falavam que quem deixasse o chinelo virado, a mãe morreria, então a gente cresce com esse pensamento, e carrega isso até hoje. Quando alguém olha um chinelo virado, por mais que não acredite, vai lá e desvira, esse tipo de configuração está na nossa cabeça e agimos baseados nisso”, afirma.

É possível mudar o mindset

O nosso cérebro tem uma característica que se chama neuroplasticidade, que é a capacidade de se adaptar a novas situações. Hoje está comprovado cientificamente que o cérebro pode se adaptar a novas situações, é possível mudar. “É preciso enxergar e reconhecer o problema. Depois, ir atrás de informações e exercitar. Aí é o esforço. É igual dirigir, a primeira vez é difícil, tem os espelhos, trocar as marchas, as luzes, os botões… e muitos desistem, criam esse bloqueio por conta dessa crença de que não são capazes. À medida que você vai praticando, isso se torna algo automático, fica fácil. Você conseguiu mudar o seu cérebro, saindo daquele padrão de que era impossível, e isso ocorre em muitas situações da vida”, afirma Clodoaldo.

A jornada do crescimento

Existe um processo chamado de “jornada de crescimento”, um caminho pelo qual transitamos por várias etapas na direção à evolução e ao sucesso. Clodoaldo conta como funciona este processo: “A primeira etapa é a zona de conforto, que é onde estamos. O nosso cérebro é um órgão preguiçoso, ele não quer fazer muito esforço, ele sempre vai buscar essa zona de conforto. A partir disso você passa pela zona do medo, onde você se desafia a coisas novas, e surge a falta de confiança, isso faz com que você encontre desculpas e seja afetado pela opinião dos outros. Mas isso faz parte do caminho do aprendizado”, ressalta.

É muito importante não criar bloqueios na zona do medo. Sair da zona de conforto certamente é algo desafiador, portanto é importante ter um objetivo bem claro, pois o desejo é o que motiva a correr atrás e continuar firme na caminhada. “Depois do medo você entra na zona de aprendizado, onde lida com os desafios e problemas, onde você adquire novas habilidades e expande a sua zona de conforto. Ao final você chega na zona de crescimento, onde encontra o propósito, a satisfação, onde define e conquista seus objetivos”, completa.

Não tenha medo de errar

Errar é normal, faz parte do aprendizado, é algo que não pode nos afetar, deve ser tratado como aprendizado sempre, e é importante exercitar isso desde cedo. “A melhor forma de educar os filhos é passar essas mensagens positivas, passar a mensagem de capacitação, de que errar faz parte. Quando a criança desde pequena é estimulada e incentivada, a tendência é que seja mais fácil esse caminho”, conta Clodoaldo.

As mães que gostam de mimar seus filhos têm que cuidar com os exageros. Segundo o especialista, uma mãe que faz tudo pelo filho está passando uma mensagem negativa, pois torna ele dependente.

Outro fator que nos move a sair da zona de conforto é a necessidade. Muitas vezes somos obrigados a enfrentar uma situação e isso nos força a sair da zona de conforto. “É como aprender a cozinhar: quando você vai morar sozinho, você é obrigado a aprender a cozinhar, ou vai passar fome. A adversidade te força a encontrar novos caminhos e soluções. A primeira vez vai ser um desastre, o erro faz parte, é natural. Mas ao se dedicar a algo, você aprende e consegue evoluir, você faz uma nova configuração mental. A adversidade é o que te faz romper isso”.

A idade é apenas um número

Segundo o especialista, pessoas com idades mais avançadas possuem a mesma capacidade de mudança como de qualquer outra pessoa mais jovem. Um exemplo foi a necessidade de adaptação que enfrentamos com a pandemia, que atingiu a todos. “Com certeza, o processo é o mesmo, quantas pessoas tiveram que se reinventar com a pandemia? A idade cronológica é um mero detalhe. Se você busca e se esforça no sentido do aprendizado, o resultado não será diferente a não ser alcançar seu objetivo. O seu objetivo tem que ser mais forte do que sua zona de conforto, e isso independe da idade”, afirma.

O professor Everton conta uma situação que vivenciou quando buscou aprender sobre o mercado financeiro. “Muitas pessoas me passavam medo de entrar nesse ambiente, contando histórias de pessoas que não tiveram sucesso. Mas eu comecei e fui buscando adquirir conhecimento e aprendizado, e não me arrependo em nada. Tendo vontade e disposição para sair da sua zona de conforto, fica tudo mais fácil para você atingir seus objetivos. Isso ajuda muito na configuração do seu mindset para o sucesso”, completa.

Como desenvolver o mindset de crescimento?

Nesse novo mundo fluido, existe uma necessidade de se renovar a cada dia. Clodoaldo fala sobre a importância desse aprendizado contínuo: “Se eu não conseguir me adaptar a isso, não consigo resolver os problemas inerentes a essa nova condição de mundo e de mercado. Pessoas com mindset de crescimento, que têm essa perspectiva de que o erro faz parte e que o caminho de aprendizado contínuo é necessário, são os que se permitem cada vez mais evoluir. Esse é o profissional que as organizações buscam”, ressalta.

O erro é importante, e cabe a um líder desenvolver sua equipe, colocando situações para oportunizar aquele erro. Ir passo a passo, rompendo a inércia, em direção ao crescimento. À medida que você passa pelas adversidades de cada etapa, você vai naturalmente se tornando mais resistente a isso e vai facilitando para galgar os próximos degraus.

Na presença do gestor ou do líder, devemos ter essa figura com o mindset de crescimento ainda mais representada, pois é ele quem motiva e leva a equipe para este caminho. “Um gestor com o mindset fixo, ou a mente fechada, não vai dar conta de acompanhar essa nova geração, que é totalmente dinâmica. Um gestor com mindset de crescimento, ou a mentalidade aberta, ele não precisa saber todas as respostas, mas ele sabe que no momento que surge uma dificuldade, ele vai atrás, ele vai aprender, inclusive com a própria equipe, e isso vai fazer com que ele dê conta. Esse é o mindset do profissional contemporâneo”, finaliza Clodoaldo.

Você pode conferir a gravação completa do evento na página oficial da Escola Politécnica da Uninter no Facebook.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *