O desafio do ensino híbrido

Autor: Julio Cezar Bernardelli*

Recordar é viver: “é preciso aprender a aprender”. Ouvi muito essa frase quando era adolescente. Foi um período em que surgia uma nova proposta de ensino, era preciso desconstruir para reconstruir, para dar oportunidade ao novo.

Mas ainda hoje, depois de algum tempo (não tanto assim), falamos de rupturas e abertura de espaço para o novo.

A tecnologia, que aproxima, fez parceria com a educação para levar conhecimento aos alunos em lugares mais diversos. Mas essa parceria, que acontecia com uma aproximação em ritmo de flerte, precisou noivar e casar rapidamente para solidificar seus resultados, devido ao inesperado que surgiu no início do ano de 2020.

Esse casamento, entre a tecnologia e a educação, gerou um filho chamado de ensino híbrido, que é aquela criança que tem a cara de educação, mas carrega os trejeitos da tecnologia.

Não se sabe se a tecnologia moldou-se às necessidades da educação ou a educação adaptou-se à tecnologia. Mas que parece que uma nasceu para complementar a outra, isso parece.

Claro que isso não é novidade, já se fazia ensino hibrido há algum tempo, mas o que impressiona é a velocidade da mudança imposta por uma pandemia. Quem nunca quis precisou aceitar, quem era contra, precisou repensar, quem já fazia, precisou melhorar.

Seja Ensino a Distância (EaD), semipresencial ou telepresencial, para se conseguir resultados satisfatórios que corroborem a qualidade deste formato educacional, é necessário o envolvimento e comprometimento de todos os atores do processo.

Peguemos como exemplo o ensino semipresencial, em que o aluno deve ser o ator principal de seu desenvolvimento. O discente deve ler e estudar o material antes da aula presencial, para que no encontro com o docente e demais colegas possam sanar dúvidas, criar debates, trazer exemplos e enriquecer o momento através de suas experiências que são únicas e particulares devido ao trajeto de vida de cada um deles. O professor deve atuar como um mediador e instigador para reflexões e construção do conhecimento coletivo.

Mas o que se observa nessa modalidade, que agora tem seus encontros presenciais via web, são dois grupos distintos de alunos. O primeiro grupo é daqueles que não leem o conteúdo proposto, não participam dos encontros virtuais e quando aparecem nas aulas, mantém suas câmeras e microfones bloqueados não proporcionando nenhuma interação com os demais, felizmente esse grupo é composto por uma minoria. Já o segundo grupo é constituído por alunos comprometidos e que estão em busca de se tornarem bons profissionais, por isso usam de todos os canais disponíveis para buscar informações, debaterem os temas e agregarem conhecimentos aos seus estudos.

Sabemos que o padrão conhecido no ensino superior foi alterado, muitos torcem por sua volta e decidiram parar para esperar tudo se normalizar, mas quem não parou para esperar já está despontando muito à frente de quem continua aguardando a normalização do “status quo”.

Alunos e professores percebem que, se há envolvimento de ambos os lados, o ensino hibrido, as metodologias ativas, como sala de aula invertida, trazem benefícios para todos e mantém a qualidade da educação.

Estudar nos horários em que seu aprendizado é favorecido, permanecer no conforto e segurança de sua casa, ter a facilidade de contato com professores e colegas de turma por diversos canais de comunicação, receber apoio da instituição onde estuda e ter seu diploma reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) são apenas alguns dos benefícios da educação híbrida.

É normal do ser humano buscar conforto e facilidade para tudo o que faz, não seria diferente na educação. Isso tem impulsionado o ensino superior a investir cada vez mais em tecnologia e metodologias diferenciadas para atrair seu público. Essas inovações tendem a trazer profundas mudanças para a educação superior nos próximos anos, atraindo um número cada vez maior de estudantes universitários com o perfil de uma geração que adotará o ensino híbrido como a melhor ferramenta de aprendizagem. É o momento de “aprender a aprender”.

Para quem está imerso nessa modalidade de educação, por opção ou porque não teve opção, é preciso saber que a magia do conhecimento não acontece porque se tem um computador de última geração ou uma internet de fibra ótica. É preciso dedicação, comprometimento, vontade, garra, determinação, suor e, algumas vezes, um pouco de lágrimas. Mas saiba que, no fim de tudo, as lágrimas serão de alegria por ter vencido e superado a si mesmo.

* Julio Cezar Bernardelli é mestre em Tecnologia e Sociedade, graduado em Administração, especialista em Gestão e Liderança e professor da Uninter.

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Autor: Julio Cezar Bernardelli*


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