O desafio de lidar com nossa única certeza
Em meio às diferentes situações que enfrentamos no cotidiano, é comum ouvirmos que a única certeza que temos nessa vida é a de que iremos partir um dia. Não sabemos o dia de amanhã, como as coisas irão acontecer e se irão acontecer da forma que planejamos. Lidar com este fato ainda é um grande desafio para a maioria das pessoas.
Uma pesquisa feita pelo Studio Ideias em 2018, e publicada pela BBC Brasil, mostra que 68% dos entrevistados (brasileiros adultos) acham difícil lidar com a ideia do seu próprio falecimento. Além disso, a morte é associada a sentimentos negativos como tristeza, dor, saudade e sofrimento por mais de 50% das pessoas.
Assim como diversos outros aspectos da vida humana, o processo da morte, do luto e de temas relacionados a ele possui uma área específica de estudos. Chamada de Tanatologia, esse campo de pesquisa tem como ciência-mãe a Antropologia e não é vinculada a religiões específicas.
Nas palavras de Evaldo Assumpção, a Tanatologia “é a ciência que estuda a vida na ótica da morte”. O assunto foi tema de uma palestra ministrada na Semana Teológica, em Umuarama (PR), pela aluna do curso de Teologia da Uninter Janete Wenceslau.
Ela explica que a morte e o morrer são mais do que eventos biológicos, pois possuem também dimensões sociais, psicológicas, físicas, culturais, antropológicas, pedagógicas, religiosas e espirituais. “Para refletir sobre a morte, é necessário passar por um processo educacional para o enfrentamento das perdas, que é uma realidade da vida”, afirma Janete.
A palestra aconteceu na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, município de Pérola, diocese de Umuarama. Janete foi a única mulher em um grupo de vários homens a se apresentar da Semana Teológica, que aconteceu entre os dias 2 e 17 de fevereiro de 2019, e contou também com apresentações de temas como Introdução Bíblica, Relacionamentos, Cristologia, Mariologia e Bioética.
“Foi uma satisfação e honra muito grandes. Na palestra havia teólogos, alguns padres e pesquisadores que possuíam mestrado e doutorado, mas mesmo assim sei que não deixei a desejar”, afirma a estudante.
Com o objetivo de levar as pessoas a refletirem sobre a vida e a morte, a importância de se viver o presente e valorizarmos o que temos, além de proporcionar o autoconhecimento e a compreensão das nossas atitudes diante dos momentos de sofrimento e perda, Janete sente que cumpriu seu dever. “Os feedbacks recebidos foram muito bons e contribuíram para meu aprendizado”, diz ela.
Curso de Teologia contribui para reflexão
Segundo Janete, ser estudante de Teologia permitiu que ela pudesse abordar o tema com mais segurança e confiança, já que a Tanatologia está relacionada a diversas outras ciências. Como a Teologia se refere também as questões espirituais, o curso contribuiu para que a estudante conseguisse destacar a importância da espiritualidade no momento de se enfrentar as perdas e o processo de luto.
Cerca de 700 pessoas participaram do evento, que foi direcionado para agentes de pastoral e ministérios, campistas e membros da comunidade. Segundo ela, a oportunidade de palestrar surgiu de forma natural.
“Fui moradora do município e participante de pastorais na paróquia por 30 anos. Ainda hoje, mesmo não residindo no local, continuo participando quando solicitado. Como sou pesquisadora e professora do assunto (Tanatologia) e estudante de Teologia, meu nome foi sugerido”.
Na Uninter há um ano, Janete escolheu o curso de Teologia Católica, na modalidade a distância, pelo desejo de conhecer melhor a doutrina da igreja que frequenta, além de ter mais segurança e domínio teórico dos seus documentos. Além disso, nessa modalidade de ensino a estudante pode aproveitar seu tempo sem prejudicar outras tarefas, já que possui muitas atividades para desenvolver durante a semana.
Janete já fez um curso chamado “Tanatologia, sentido das perdas e enfrentamento das crises”, pela FAMIPAR (Faculdade Missioneira do Paraná). “Fui convidada para lecionar essa disciplina no curso de Inteligência Espiritual pelo Instituto de Inteligência Espiritual Micael, no qual estou atuando como professora. Continuo estudando e fazendo a Formação em Tanatologia pelo Viver Tanatologia”, conclui.
Autor: Valéria Alves – Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König / Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal