O coronavírus chegou ao Brasil, e agora?
Autor: Benisio da Silva Filho e Ivana Maria Busato*É compreensível que muito do que é apresentado na mídia sobre o coronavírus (Covid-19), de fato, merece nossa atenção. Porém, é preciso informar também que, mesmo falando de números tão altos de pessoas infectadas, não há motivo para alarmismos.
Os números altíssimos de infectados, considerando todos os países, correspondem a mais de 180 mil casos e 7.400 mortes até o momento que este texto está sendo escrito, por isso precisamos tomar os devidos cuidados. Observando essas informações, é preciso explicar algumas coisas.
A imensa maioria dos indivíduos que fazem parte desses mais de 180 mil casos estão bem de saúde. Afinal, eles já estão curados e seguindo com o curso normal de suas vidas. Eles ficaram “gripados” e há alguns poucos casos confirmados de pessoas assintomáticas, ou seja, que estiveram com o coronavírus e nem ficaram gripadas.
O número de mortes é muito baixo quando analisado o número de pessoas infectadas. Logo, temos a confirmação de que este vírus tem um baixo índice de letalidade quando comparado a outros.
Por ser uma nova cepa (uma variante dos outros coronavírus que existem) ninguém possui imunidade contra ele, daí a razão de um grande número de pessoas que vão ser infectadas e apresentar um quadro de gripe com os sintomas conhecidos: tosse, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e febre durante alguns poucos dias. Lembrando que nem todos vão apresentar todos os sintomas.
O perigo é se a pessoa que foi infectada está dentro do que chamamos grupo de risco. Esse grupo corresponde aos indivíduos com idade a partir de 65 anos e aqueles com idade diferente que apresentem alguma destas condições que debilitem o indivíduo: imunossuprimidos (que apresentem alguma condição que baixe sua imunidade, como quimioterapia por exemplo), asmáticos, pessoas com bronquite, diabetes e hipertensão. Pessoas desse grupo possuem maiores chances de desenvolver a forma mais grave dessa gripe por coronavírus,
Crianças não fazem parte do grupo de risco e esse dado recentemente confirmado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças, na sigla em inglês) dos Estados Unidos traz um pequeno alívio em período de preocupações, porém é importante informar que elas transmitem o vírus, por isso, deixá-las com seus avós causa preocupação. Elas podem até não apresentar sintomas e transmitir o vírus para os mais velhos. Escolas estão participando do trabalho de contenção paralisando suas aulas justamente por isso.
O mais importante neste momento é acompanhar os casos que estão sendo confirmados no Brasil e cuidar dos indivíduos do grupo de risco. Não há vacina específica para coronavírus e as vacinas que existem para os outros vírus não funcionam para este. Porém, devemos responder ao chamado da vacinação pois vai prevenir contra doenças muito mais graves, como sarampo, H1N1 e H3N2.
Não há remédios específicos contra o Covid-19, o tratamento é direcionado contra os sinais clínicos. Não há fórmulas milagrosas e nada que grupos secretos estão escondendo. A melhor arma neste momento é a correta informação, boas práticas de higiene, convívio e principalmente, usar as redes sociais para divulgar as informações oficiais dadas pelo Ministério da Saúde. Pior que o coronavírus é apenas o “fakevírus”, que se espalha rápido disseminando terror pelos celulares de indivíduos que não se preocupam com a saúde da população.
* Benisio Ferreira da Silva Filho, coordenador do curso de Biomedicina da Uninter; Ivana Maria Saes Busato, coordenadora dos cursos de Gestão de Saúde Pública e Gestão Hospitalar da Uninter.
Autor: Benisio da Silva Filho e Ivana Maria Busato*Créditos do Fotógrafo: CBP Photography/WikimediaCommons