O combate à desinformação passa pela checagem de dados
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoDisseminadas pelas redes sociais e pelos aplicativos de mensagem, as fake news, ou notícias falsas, são o foco de um grande debate no mundo atual. De acordo com Sandra Ribeiro, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o a expressão se popularizou em 2016 durante as eleições presidenciais estadunidenses, dominadas pela propagação massiva de informações falsas com o intuito de manipular e induzir eleitores.
No Brasil, o termo ganhou espaço no debate público durante as eleições presidenciais de 2018, com efeitos semelhantes àqueles observados nos EUA. Mais recentemente, o problema das fake news ganhou destaque durante a pandemia de Covid-19. Claudia Galhardi, pesquisadora da Fiocruz, conduziu um estudo junto ao núcleo de pesquisa em jornalismo e comunicação da Universidade Federal do Piauí sobre o assunto. A constatação foi de que o maior volume de notícias falsas tratava do assunto “vacina”, representando 20% do montante total de conteúdo fraudulento.
A pesquisa também apontou outros temas relacionados à Covid-19 que são alvos frequentes de manipulação. Entre eles, o tratamento precoce, as medidas preventivas contra o vírus, os métodos caseiros de prevenção e cura e dados estatísticos sobre óbitos, contágio e recuperados.
Mas se engana quem acha que o compartilhamento de mentiras é um fenômeno novo. Sandra afirma que “o termo em si pode ser novo, mas o conceito é antigo”. A desinformação influencia a sociedade humana desde os primórdios nos mais diversos âmbitos, como na política, na compreensão histórica e na vida cotidiana dos cidadãos
Ela explica que o que difere a disseminação de informações falsas no passado e no presente é o contexto de globalização. A utilização de redes sociais e mecanismos de comunicação instantâneos fortalecem o fluxo de informações entre usuários, sendo o ambiente perfeito para o compartilhamento de inverdades.
De acordo com a pesquisadora, o que estamos presenciando atualmente é o fenômeno da “infodemia”, que se refere ao alto fluxo de informações que se espalham rapidamente pelas redes, sem que haja tempo para uma reflexão ou análise crítica.
A Era da Pós-Verdade
O fenômeno comunicacional conhecido como “era da pós-verdade” refere-se à situação em que apelos emocionais e crenças pessoais se sobressaem à análise racional dos fatos. Para o jornalista Álex Grijelmo, o fenômeno se caracteriza pela popularização de crenças falsas e pela facilidade de fazer com que boatos se dispersem.
“As fake news buscam validar a opinião das pessoas, fazendo mais uso do apelo emocional”, explica Sandra. Esse processo se fortalece com o uso de veículos de informação sem credibilidade, que conseguem apoio do público nas redes sociais.
O estudo Fake News, filter bubbles, post-truth and trust, feito pelo Instituto Mundial de Pesquisa (IPSOS) em 2018, revelou que 62%¨dos entrevistados brasileiros admitem já ter acreditado em notícias falsas. Sandra busca entender como lidar com a nova realidade tecnológica e combater a desinformação. Para ela, é importante usar a tecnologia com sabedoria e estar sempre atento a informação que chega para nós. “Normalmente, as noticiais falsas chamam mais atenção do que as verdadeiras”, afirma.
Checagem de dados
O ato de checar informações é corriqueiro na vida de um jornalista. Uma boa matéria ou reportagem deve sempre se pautar pela objetividade e transparência, fazendo uso de mais de uma fonte de informação.
Por causa da infodemia de “fake news“, alguns profissionais do jornalismo têm buscado se especializar no que é conhecido atualmente como “fact checking”, uma área focada em verificar a veracidade de informações que são publicadas nas redes ou divulgadas por pessoas presentes no debate público. Esse trabalho, feito de maneira profissional, passou a ter um peso importante para o debate público.
Além disso, Sandra diz que o próprio público deve assumir a responsabilidade de investigar se as informações que recebe são verdadeiras ou falsas. “Devemos investigar se aquilo tem fundamento, não aceitar a informação que vem de primeira mão sem qualquer fonte confiável”, afirma.
O combate à desinformação foi assunto do programa Exatamente, produzido pela Escola Superior de Educação da Uninter no dia 1° de dezembro. Sandra Ribeiro conversou com Flavia Sucheck, mestre em Educação em Ciência e Matemática pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Élcio Miguel, professor da área de Exatas da Uninter.
Clique aqui para conferir a transmissão completa pelo canal de YouTube da Escola Superior de Educação.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay e reprodução
Para saber se a notícia é falsa ou não, você deve ler a notícia inteira, procurar a autoria, etc. Devemos tomar cuidado com as notícias que espalhamos porque uma notícia fake pode causar muitos problemas.
As consequências das informações falsas podem ser catastróficas, por isso temos que observar alguns detalhes antes de compartilhar alguma informação com alguém.